Conheci os poemas da Micheliny, se não me engano, no Suplemento Literário de Minas Gerais. Gostei demais. Agora encontrei o blog dela, graças ao blog do Wilson Nanini. Aí vai um "novilho dela, retirado do Ovelha Pop:
O Espelho de Borges
Em uma jaula de vidro
repousa um homem
que não vê,
mas é visto.
O observam
as coisas inanimadas,
as trevas
a os móbiles
de onde pendem
transluminosas
palavras.
O trem
envolto na bruma azul
do calendário
confunde-se com o homem,
seu sono de mármore,
seu hálito.
Confunde-se com o homem
até a palavra em negro
Fevereiro
o musgo dos números
a pedra dos domingos
em vermelho.
Confunde-se com o homem
tudo o que não vê,
mas o cerca,
o que de fora da moldura
respira e observa.
(Micheliny Verunschk, in: Geografia Íntima do Deserto, Landy, 2003)
ovelhapop.blogspot.com
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