Leio sobre Nietzsche, num artigo de Júlio Daio Borges, não no Digestivo, mas na Revista Discutindo Filosofia.
Começou, quem sabe devido à contraposição do meu artigo do Honneth com a entrevista do Pondé, uma cruzada contra o politicamente correto de Júlio Daio Borges e de Samir Thomaz.
O artigo de Júlio sobre Nietzsche nada trouxe de novo para mim, é um artigo de divulgaçao. O que me espanta é ele pensar que Nietzsche começou Teologia por influência paterna (o pai dele morreu quando ele tinha nove anos) e que imagine que foi Nietzsche quem inventou essa coisa de criticar a pessoa não por seus argumentos, mas por sua personalidade, ou seja, os argumentos ad hominem.
Nietzsche, ora, não inventou isso, que deve ser antigo, mas deu cidadania ao argumento psicológico: se a pessoa diz isso, tem relação com quem ela é. A genealogia pergunta não tanto "o quê" e sim "quem". Logo a seguir, Júlio dá o exemplo de Paulo Francis, que para ele é sinônimo de "nossos polemistas". Ora, bolas. Júlio parece só ter lido o Paulo Francis do final da vida, o Francis insultoso da época do Dicionário da Corte, que é um livro interessante, pois Daniel Piza realmente escolheu o melhor de sua produção nos anos de 1980/90.
A relação entre Francis e Nietzsche existe e creio que vem via H. L. Mencken. Mas não sei se Júlio dá conta de fazer um artigo estabelecendo essa relação: não me parece ter treino ou competência filosófica para tanto.
E vale a pena ressaltar -- lendo o artigo de Samir Thomaz sobre o charme da esquerda --que existem países que são ditadura desde 1945 e ninguém reclama, como por exemplo a Birmânia. Por que? Porque são ditaduras favoráveis ao Ocidente. Já as ditaduras do proletariado que restaram, que são Cuba e Coréia do Norte, são muito atacadas, pois são um desafio à política externa dos EUA e da Europa.
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