Dia 14 passado, Glauber Rocha faria setenta anos.
O último poema de Glauber, lido de joelhos no palco por sua amiga Norma Bengell:
Não morri na cruz na Sexta-feira da Paixão
e depois do terremoto segui minha volta pelo mundo
Esta é a terceira e definitiva.
Do Palácio Rio Branco raiará a luz do mundo antes do século 3.
O rei da morte será o rei da vida
e o povo pobre será o povo rico
a cruz desaparecerá e os símbolos serão infinitos.
Se o homem continuar a comer os bichos
Os bichos comerão os homens.
A mulher é a terra. O homem, o cosmos.
O homem fecunda o ventre da mulher.
Nove meses depois nascem as flores do mais sagrado fruto
da natureza.
O povo estará unido em torno do grande pajé,
espelho de Deus.
E os signos conjugados criarão o horóscopo
sem destino.
Querer é poder
e assim guiarei as dozes tribos
em direção ao inferno
E das cinzas do Inferno renascerá o Paraíso.
Do livro Glauber, Esse Vulcão, João Carlos Teixera Gomes, p.519, 1997
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