segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Camile Paglia

CAMILLE PAGLIA FALA DOS ANOS 60
Pensadora, ensaista, polêmica em tempo integral, Camille Paglia sai com novo livro nos EUA - Break, Blow, Burn (Quebrar, Estourar, Queimar), que inclui 14 palestras em 11 cidades. São 43 pequenos ensaios sobre 43 poemas de língua inglesa, começando por Shakespeare e terminando com a letra de Joni Mitchell da canção Woodstock
Publico a seguir texto transcrito do caderno MAIS, da Folha, que vem de certa maneira corroborar o que coloco em meu livro, sobre a década de 60.
lucena
lucenasp@hotmail.com
Na leitura da canção de Joni Mitchell ela fala da geração que viveu a juventude nos anos 60, e as frustrações que ficaram. Mas com uma aguda observação daquele momento. Segundo Paglia, "Minha geração me parecia tão talentosa, dotada de tamanhas promessas, parecíamos estar fazendo nada menos que uma revolução cultural. E tudo aquilo deu em desastre. Um desastre que se deve, em primeira instância, aos efeitos das drogas... acreditando ingenuamente num atalho para o paraíso... E o resultado foi que as pessoas mais convencionais, mais conformistas, acabaram tomando conta das universidades. Tomaram conta e têm a audácia de dizer
que são verdadeiros herdeiros dos anos 60, o que é uma calúnia".
"Tenho um sentimento muito forte, um sentido elegíaco dessa geração que agora se vê caricaturada, reduzida a um período exótico do passado, quando se usavam roupas coloridas e cabelo comprido, quando se tocava violão na calçada e dançava pelado no parque."
"O fato era que havia uma grande revolução artística em curso. A interação da poesia, artes visuais, música, cinema etc. na criação de um novo tipo de performance artística. Tudo isso se movendo na direção de uma verdadeira renascença norte-americana- algo que já havia se rebaixado nos anos 70 ao simbolismo da discoteca... E logo veio a Aids, que destruiu uma geração inteira de homossexuais talentosíssimos."
"Uma dimensão gigantesca desse legado foi esquecida, que foi precisamente a dimensão cultural. De um lado, a ambição de fundir todas as artes. De outro, uma visão abrangente da natureza".
Falando sobre as canções que ouvimos hoje, comenta:
"Minha geração tinha esse elo com a tradição medieval irlandesa e escocesa das baladas que chegou aos EUA no século 17, em regiões hoje associadas ao estilo "country", como Kentucky e Tennesse. E toda aquela disciplina da escrita, as lindas simetrias dessa tradição se fizeram presentes na música "folk", que também tinha um componente político forte, contra as guerras, contra a bomba atômica.
Tínhamos isso de um lado e de outro o blues, que veio nutrir o rock. O rock inglês trouxe isso de volta para nós, adolescentes da década de 50. Mas tudo isso foi varrido pelo hip hop e pelo rap."
"...O rap me parece algo importante e vital.... mas o pessoas do rap não se dá conta de que está falando para um nicho. Ainda não apareceu nenhuma canção capaz de se comunicar com o resto de nós".
Gente, é com o maior orgulho, tesão, prazer e nada de humildade que posso dizer alto e de bom tom: Camille Paglia veio confirmar toda a tese do meu livro, toda a importância que a década de 60 teve como o movimento social, cultural, artístico e político mais importante do século passado, e que deixou suas influências na formação dos intelectuais e pensadores que hoje estão por aí. Leia o livro e depois faça sua crítica. O jornaldorock.jex.com.br estará aberto a todas as posições dos leitores, sem discriminação ou distinção, sejam as críticas construtivas ou esmagadoras.
Quando tiverem o livro, escrevam.
Abraços
Lucena
Autor: luiz carlos lucena

Nenhum comentário: