segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Refutação de Alberto Caieiro

Cito alguns trechos de um artigo de Octavio Paz:

"A história de um homem pode se reduzir à de seus encontros".

(...).

"Não menos decisivos são os encontros imaginários. Um dia nos encontramos frente a um quadro de Vermeer e vemos -- transformado em luz, ar e e em uma mulher que escreve e olha por uma janela -- o tempo em pessoa."

"Quem já não se sentiu -- só ou acompanhado, diante do mar ou em um vale, irmão do felino ou do polvo, do inseto e da rã? Quem já não se sentiu -- diante do espelho ou de um teatro, em uma praça ou em um aeroporto -- o expulso do cosmos, o judeu errante, o estranho ou, como diziam os agnósticos, o alógeno? Encontros com uma canção, uma paisagem, um quadro, mas, sobretudo, encontros com um livro e com um autor."

"Sim, escrevo versos, e a pedra não escreve versos.
Sim, faço ideias sobre o mundo, e a planta nenhumas.
Mas é que as pedras não são poetas, são pedras.
E as plantas são plantas plantas só, e não pensadores.
Tanto posso dizer que sou superior a elas por isto, como que sou inferior.
Mas não digo isso: digo da pedra, "é uma pedra", digo da planta, "é uma planta",
Digo de mim, "sou eu".
E não digo mais nada. O que há a dizer?

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