quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Caetano Veloso X Marcos Bagno? Perine!

O debate tá pegando fogo na Caros Amigos desse mês. Comprem a revista para conferir todo o resto. O artigo do Caetano tá no www.obraemprogresso.com.br, na íntegra, da mesma forma que saiu na revista. Eu, pessoalmente, adotaria uma posição intermediária: nem Pasquale nem Bagno: MARCELO PERINE! Como disse meu irmão Vinícius, Perine é pioneiro e Bagno deve muito a ele, mas não sei dizer se existe reconhecimento por parte do linguista filho de militante do PC do B. O certo é que Perine não tem coluna em revista de grande circulação e é grande linguista mineiro e pioneiro da área.


CAETANAS BOBAGENS

por MARCOS BAGNO

Caetano Veloso é um dos mais brilhantes letristas, compositores e cantores da nossa música popular. Mas ele não se satisfaz com isso. Também quer ser sociólogo, antropólogo, filósofo, historiador, ensaísta, cineasta, teólogo, crítico literário...

Recentemente, decidiu falar de lingüística. Com a petulância dos mal-informados e a arrogância das celebridades, acredita que por ter lido Saussure em meados do século passado está autorizado a dissertar sobre e, principalmente, contra os lingüistas profissionais.

Vá estudar, Caetano: a ciência da linguagem já passou por muitas revoluções epistemológicas desde 1916. Ou não se meta a falar do que não sabe, dizendo que sabe. Não tenho como debater todas as bobagens que ele escreveu e que as caetanetes se apressaram, gotejantes, em elogiar. Me restrinjo à defesa que ele faz dos falsos gramáticos que invadiram a mídia brasileira na última década e meia.

LINGÜISTAS, POPULISTAS, PRECIOSISTAS

por CAETANO VELOSO

Nunca escrevi que lingüistas não amam a língua portuguesa – e que quando falei em demagogia eu me referia a determinados argumentos que vi publicados, não a todos os lingüistas.

Não preciso ser especialista na disciplina para me manifestar. O que escrevi foi: “Sou apaixonado pela língua portuguesa e por gramática (ao contrário de lingüistas e demagogos em geral, acho o sucesso público de figuras como o professor Pasquale um bom sintoma).”

Já li e ouvi de diversos demagogos (alguns eram lingüistas) reações enraivadas à presença pública de Pasquale e outros gramáticos que dão dicas em revistas ou na TV. Diferentemente deles, acho um bom sinal que tal fenômeno tenha surgido e crescido. Não há nenhum charme de falar sobre o que não sei. Sei muito bem de tudo isso.

Quanto à lingüística propriamente dita, li Saussure (aquelas aulas) no início dos anos 70. Li somente porque os poetas concretos falavam dele, Lévi-Strauss (cujo Tristes Trópicos me apaixonou em 1968) falava dele, todos falavam de Jacobson, que falava dele. Fiquei maravilhado com a afirmação de que a língua é viva e mutante na práxis dos falantes: a língua é falada, a escrita seria apenas uma notação convencionada a posteriori, como as pautas musicais.

Toda a fúria de MARCOS BAGNO e a reprodução completa do texto de CAETANO VELOSO estão na edição de Outubro da Caros Amigos. Já nas bancas!

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