Poucos dariam crédito a realeza de nossa Graceland do Itapemirim ao definir a existência de três malucos e uma baterista (lê direito mané: UMA!) que andam berrando o libidinoso refrão “Quero fazê amor” na língua pátria de Iggy Pop, nos inferninhos astrais da capital mineira. Mas é possível que seja o mais notório dos Carlos desse país a justificativa mais elegante para explicar o nascimento dos The Dead Lovers Twisted Hearts.
Mais até do que outros pedaços sagrados da música popular, como Dylan e os Ramones ou mesmo a jovem guarda representada por Franz Ferdinand e Yeah Yeah Yeahs-influências óbvias e assumidas, sem maiores dramas, é a biografia (a autorizada, aquela escrita nas canções) de Roberto Carlos que pauta os Dead Lovers. Personagens universais disfarçados de ficção (“Huckleberry Finn”), desilusões mascaradas em porres (“Hey Babe Have You Ever Been In Hell?”) e claro, ingenuidades que revelam sacanagem pura e simples mesmo, como na suprema “All Night Long”. No caso desses caras (e uma baterista!), a idéia do “simples e direto” é mais do que musical, é assumidamente um estilo de vida.
Estilo! Algo que a banda tem de sobra e está em falta no mercado. Já estava na hora de apresentar: Ivan (voz e guitarra base), Velvs (baixo e piano), Guto (guitarra solo), e elevando o coeficiente cool nas alturas, a baterista Pati,não parecem se importar muito em reinventar a roda já bastante gasta do roque, e sim caírem na estrada com o melhor combustível possível: diversão babe!
Se for para subir no palco que seja turbinado da melhor forma possível, com músicas altamente dançáveis, refrões instantâneos, folks tocados com energia punk e punks vestidos de folks ancestrais. Definitivamente o show do Dead Lovers – e as sempre lotadas noites no bar A Obra são um termômetro exato – é uma das coisas mais bacanas de Belo Horizonte nos últimos anos. Cumprem com louvor as promessas gravadas e lançadas em 2006 na demo “What Is It For?”, também disponíveis nos endereços Trama Virtual (www.tramavirtual.com) e My Space.
Faça as contas: um nome divertido, gente fina elegante e sincera, UMA baterista, canções aderentes e um show concorridíssimo. Desmentindo o dito: acredite no hype. Ou siga os The Dead Lovers Twisted Hearts, menos acadêmicos, em “All Night Long”: it ain..t over till is done!
Ah,faltou falar do nome da banda: é o título de uma canção do trovador indie norte americano Daniel Johnston, mais um daqueles biscoitos finos não consumidos pela massa. Um sujeito que gravava canções bonitas da maneira mais torta possível.Bingo!
Thiago Pereira
http://www.myspace.com/thedeadloverstwistedheart
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