Caetano está com um novo disco e um blog em www.obraemprogresso.com.br
que traz a polêmica Caetano X Fidel. A história é assim: Fidel criticou a Caetano e a uma blogueira cubana num prefácio para um livro lançado recentemente. No blog a história está toda explicada.
Que Fidel resolva debater com Caetano e uma blogueira é ótimo. Um dia, quem sabe, ele terá um blog e virá até ao penetrália, quem sabe? Será um hombre nuevo, o hombre nuevo que meu amigo Laerte Braga espera.
Nem o governo Bush nem o Fidel são 100% em termos de direitos humanos. Caetano também não é cem por cento humanista, pois tem leituras de Nietzsche e Heidegger e vai no sentido contrário daquele humanismo tradicional, desconstruindo-o.
Ele repetiu uma afirmação ao estilo de Glauber quando disse que a CIA introduziu a idéia de que nosso racismo cordial é pior do que o apartheid. Então já pensou em como deve ser quente a agenda da CIA para a Venezuela, Equador e Bolívia? Caetano falou essa da CIA numa entrevista na Áustria. Caetas mistura muitas coisas. Sou a favor da política de cotas somente a curto prazo e quem me convenceu foi o depoimento de uma estudante de Filosofia. Ela, como negra, deu grande contribuição ao curso com suas críticas e vou transcrever o depoimento dela, que achei na Fundação Palmares, por aqui. Não sei o que as cotas têm a ver com a mística do rap. Acho que o discurso do hip hop e do rap têm todo sentido aqui, ou seja, o protesto. Isso foi bem antropofagizado por gente como Mv Bill. É algo orgânico e não vontade de ser americano. E outra: é preciso esclarecer que o papo de black power chegou via tropicália, na bagagem de Gilberto Gil. Caetas não compra, mas abriu para quem quiser devorar o discurso do rap. Ele força um pouco a barra repassando para os mais novos um certo discurso que foi feito contra ele na época da Jovem Guarda. Muita gente também não queria comprar as versões estilo baby talking que se fazia então. Até Adorno falou contra o baby talking a propósito da audição regressiva...
O apartheid força o sentimento de identidade: estão todos juntos no gueto. Já aqui no Brasil, fazendo uma pesquisa num bairro que foi supostamente um quilombo aqui em Bom Despacho, todos dizem: "sou moreno". É o discurso do conformismo e da indiferenciação. Na minha boca era algo muito positivo e eu não comprava o discurso afro-americano, afro-descendente. Cheguei a criticar duramente o Ric Aleixo, do blog Jaguardarte, por causa disso e ele teve a honestidade de publicar a carta em sua coluna Blequitude do jornal O Tempo. A coluna, na verdade, me influenciou: tinha ótimos comentários sobre Oswald de Andrade, tendo acompanhado o lançamento de uns recitais dele pela Funarte, disco que hoje eu gostaria MUITO de ter. E sobravam toques sobre gente bacana lá, tais como Jards Macalé. Desculpe, Ric, pela rudeza de imitar Glauber e te "patrulhar". Foi um transbordamento de amor e inveja criativa. Quero você sempre tangendo sua LIRA. Mas eu uso afro-descendente e usei para definir a origem da cidade: Bom Despacho Afro-descendente foi um artigo que publiquei na imprensa aqui. Foi melhor do que escrever BOM DESPACHO NEGRA. BOM DESPACHO PRETA. Já pensaram. Certos termos são moda, mas tem seu uso.
Caetano mistura as coisas e é natural que um dos lados reaja negativamente ou se aborreça, pois ele não fecha com um lado, não compra o "pacote".
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