segunda-feira, 15 de junho de 2009

Caras e Bocas X Arte Contemporânea

A telenovela Caras e Bocas, segundo seu autor Walcyr Carrasco, pretende questionar a arte contemporânea e seus "códigos fechados".

Na verdade, trata de ridicularizar qualquer código artístico que não o utilizado nela própria. Ela já fez paródia, segundo a Veja, de Vik Muniz, com o derretimento (lambança) das tais esculturas de chocolate.

Embora se pretenda inspirada num chimpanzé que pintava arte abstrata, será que a telenovela brasileira está preparada para ter seus códigos criticados? Ela, que não pratica um realismo crítico lukacsiano (de jeito nenhum!) e fornece cimento social conservador (novela sem mansão não funciona)? A novela se vende como tendo uma relaçãop privilegiada com a realidade, ou como se ela fosse o verdadeiro realismo. E tome imitação dela em teatro e cinema. É o que Zé Celso chamou "padrão classe média".

A questão é: com seus truques de folhetim (você não é minha mãe!) e melodrama, seu realismo retrógrado, a novela está em posição de criticar alguém?

Não se pode negar que a química entre a chimpanzé expressionista e o ator chimpanzé inexpressionista Marcos Pasquim é ótima (eles já fizeram amooorrr?). Aliás, o grande ator dessa novela é a chimpanzé Keith. A que ponto chegamos! Que venha a grande zoofilia global! Já pensou? "Sua mãe não é um chimpanzé!"

Fora discutir sua ética (ou ausência dela). Eu me lembro bem de que em Que rei sou eu tinha um galã de novela (Edson Celulari) disputando com um barbudinho agressivo (Cássio Gabus) o que de certa forma influenciou a disputa Collor/Lula em 1989.

4 comentários:

jamesp. disse...

Também deixaria Pollock fora dessa disputa,mas cá entre nós,Lúcio,existe muita empulhação mercantilista e o conceito de arte se dilui cada vez mais.Veja o empulhador Damien Hirsch que sua 'obra'-não dá né!!O conceito de vanguarda está se perdendo em meio a enganações,virtuosismos e outros -ismos menos cotados.Que falta faz um Duchamp!
Abração,meu caro.

Henrique Hemidio disse...

não vejo novela mas to ligado nesse lance
e pra ser sincero
essa hipocrisia (q a novela "mostra") existe sim, caro Lúcio... no entanto, para quem é dirigida essa crítica é oq me intriga.
Duchamp é famoso pq é Duchamp
Kandisnky é famoso pq é kandinsky
e eu não sou porra nenhuma, ora, pq sou eu...
discuto mto isso com uma amiga minha q faz artes plásticas

Penetralia disse...

Oi, Henrique e James, eu sempre quis unir vcs! Agora consegui! Viva!

O Hirst parece que ainda se ocupa em fazer coisas bonitas para vender. Já o Duchamp parece ser o primeiro a romper com isso. Ele se aproxima de uma arte de protesto. Tem um linque legal aqui no blog para as coisas do Damien. Vou procurar.

Acho importante passar os olhos nas novelas para poder comentar com as pessoas, afinal é o grande acontecimento cultural de Pindorama, quer a gente goste ou não.

Quanto a ser Duchamp ou Kandinsky, vc é um bom poeta Henrique, mas precisa lutar por reconhecimento. Tem um poema seu que não me saiu da cabeça e quero reproduzi-lo aqui.

Esse pessoal se consagrou com o tempo: foram pioneiros e com certeza não tinham esse prestígio de hoje quando vivos.

Já minha posição é a seguinte: e os códigos estéticos da novela, resistem a uma crítica? A arte contemporânea a gente tem de debater mesmo. Ela não é aceita facilmente.

Henrique Hemidio disse...

pois é
eu vi
emo não
um suicida... talvez