Bom Despacho e a Senhora do Sol
A SENHORA DO SOL
“E viu-se um grande sinal no céu, uma mulher vestida do sol e tendo a lua debaixo dos seus pés, e na sua cabeça havia um coroa de doze estrelas, e ela estava grávida. E ela clama nas suas dores e na sua agonia de dar à luz” Apocalipse 12
Todos os mistérios contidos na Palavra de Deus chegam um tempo em que é desvendado e se tornam conhecido de todos. Há um grande mistério por trás da padroeira da cidade de Bom Despacho, e que agora tem chegado o tempo do mesmo ser revelado.
Sabemos que há vaticínio antigo que aponta que o reinado de Jesus Cristo iria se manifestar para o mundo a partir de Portugal. Encontramos tal nas cartas de frade franciscano Francisco de Paula, nas trovas do poeta judeu cristianizado Bandarra, e com mais clareza no mito messiânico do sebastianismo.
Porque o poeta judeu Bandarra fez constar em suas trovas que o Quinto Império (*) viria das entranhas de Portugal, segundo ele confiado pelo Calvário à nação lusitana? Quem seria a Ilha do Encoberto de que falou Bandarra? Teria sido o Brasil, como muitos chegaram a afirmar? E quem seria o Encoberto? Ora, uma vez que a cultura popular de Portugal tomou a profecia de Bandarra sobre o Encoberto e dela criou o mito de Dom Sebastião, o jovem rei português morto em batalha no Marrocos com então vinte e cinco anos, no ano de 1578, não teria morrido, mas teria partido para a Ilha do Encoberto para um dia voltar, e restabelecer as glórias de Portugal, ora, no mito do sebastianismo estaria a prefiguração do Messias, que iria nascer da raiz de Portugal e restabelecer as glórias de Deus, usurpadas pelos homens? Nas palavras de Jesus, iria restabelecer o Paraíso de Deus? O jovem rei de Portugal teria se tornado arquétipo dos príncipes que segundo o profeta Isaías iria reinar para a própria justiça (**)?
Bandarra. Dom Sebastião. Vejamos agora o que frade franciscano Francisco de Paula vaticinou sobre tão grande acontecimento, que todas as indicações é que chegou o tempo de ser removido o véu que impede o seu conhecimento. Carta que frade franciscano Francisco de Paula, nascido em Paola, em 1416, e falecido na França, em 1507, escreveu ao seu amigo português e filósofo Simão Ximenes, entre 1445 e 1462: "Vossa santa geração será maravilhosa sobre a Terra, entre a qual haverá um de vossos descendentes que será como o Sol entre as estrelas... Reformará a Igreja de Deus. Fará o domínio do mundo temporal e espiritual e regerá a igreja de Deus... Purificará a humanidade, convertendo todos à lei de Deus; será fundador do Reino Universal de Deus na Terra ou da Nova Religião, em que todos adorarão o verdadeiro Deus... Será funda-dor de uma religião como nunca houve"
Podemos detectar uma dialeticidade que faz com que o reino universal de Deus venha se gestando profeticamente para nascer a partir das entranhas de Portugal? Francisco de Paula, Bandarra, a construção do mito de Dom Sebastião e por último a sua consumação teria se dado em Padre Viera. Nascido em Portugal e que muito cedo veio para o Brasil, Padre Vieira se tornou no homem que revitalizou e mais difundiu o mito do Rei Encoberto, crendo piamente que o Quinto Império Judaico-Cristão iria se estabelecer para o mundo em terras de Portugal; que a unção do novo Davi iria recair sobre um governante português, a quem procurou ansiosamente para ungi-lo, como Samuel procurou ansiosamente a quem ungir para ocupar o trono de Israel no lugar de Samuel.
O que tanto inspirava Padre Vieira na sua convicção de que o Quinto Império Judaico-Cristão iria se estabelecer em terras portuguesas? Quem lhe deu a convicção que o rei messiânico, Novo Davi, que instaura na terra o reinado de Deus, estava se gestando nas entranhas de Portugal?
E a verdade é que agora chegou o momento do segundo capítulo de toda nossa odisséia, na busca do Rei Encoberto.
Façamos a pergunta: haveria alguma ligação da narração destes fatos acerca do Messias que nasceria da raiz de Portugal com o fato da Padroeira de Bom Despacho ser oriunda de Portugal? Em Portugal ela era conhecida como a Senhora do Sol...
Porque Senhora do Sol? E porque ela imigrou de Portugal para o Brasil? Seria porque muitos místicos têm defendido que todas as profecias referentes ao Quinto Império Judaico-Cristão o seu lugar de nascimento esteja reservado ao Brasil, daí a Senhora do Sol ter imigrado para o Brasil para aqui dar à luz ao seu filho, àquele que muitos dirão foi o aparecimento, enfim, do Encoberto?
Desde frade Francisco de Paula, foram verdadeiras as profecias que passaram a direcionar o nascimento do reinado messiânico de Jesus Cristo para o caldo cultural de Portugal? Haveria um plano divino por detrás de tudo isto, inclusive na vinda da Padroeira de Bom Despacho, e que agora teria chegado o tempo do seu desfecho?
A verdade é que nos últimos dias o Espírito Santo começou a direcionar um dos filhos de Bom Despacho para contato com Adamir Gerson, que teve encontro teofânico no ano de 1978, então um jovem com vinte e cinco anos, quatrocentos anos depois da morte do jovem rei Dom Sebastião; e, a partir de então, a Divindade passou a construir nele o Quinto Império, realmente Judaico-Cristão. Tem sido muito profícuo a troca de informações entre os dois acerca do nascimento do reinado de Jesus Cristo, que vai pôr um fim ao reinado humano, de inteira opressão sobre os mais fracos. Lúcio Espírito Santo Junior seria, então, o momento em que a Divindade vem cumprir todas as profecias concernentes, de modo tudo estar preparado para acontecer para o mundo a partir de Bom Despacho? Lúcio Espírito Santo Junior, com a unção de profeta de Deus, então passaria a acordar todo o povo de Bom Despacho, dessa forma o reinado do Quinto Império Judaico-Cristão começando a nascer para o mundo? Lembrando que o nome daquele que teve o seu encontro teofânico em 78, Gerson, é um nome judeu carregado de significado profético, ao passo que o seu sobrenome, Soares de Melo, inteiramente português.
Estamos nos reunindo na rua.... número... todos os sábados e domingos, no horário das... A esperança messiânica de Padre Vieira não foi em vão. Tudo começa a se concretizar agora. E quem impedirá a mulher gloriosa de Apocalipse 12, que sabemos é Maria, a mãe de Jesus, de dar à luz ao seu filho espiritual, que há governar as nações com vara de ferro? Quem impedirá a Mulher Vestida do Sol de dar à luz ao filho varão, com ele passando a governar a terra com justiça e equidade?
Que os filhos de Deus presentes em Bom Despacho que se levantem, porque os filhos do dragão irão se levantar (Apocalipse 12.7). Certamente que os olhares do Brasil e de Portugal, e os olhares da terra inteira, impressionados com as expectativas em torno do ano de 2012, vão estar voltados para Bom Despacho. Porque de Bom Despacho está saindo para o Brasil e o mundo um novo caminho, que há de guiar todos para a verdadeira paz e a verdadeira justiça. Ora vem Senhor Jesus.
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* O Quinto Império Judaico-Cristão é o vaticinado pelo profeta Daniel, como aparece em Daniel 2.14: E nos dias daqueles reis o Deus do céu estabelecerá um reino que jamais será arruinado. E o próprio reino não passará a qualquer outro povo. Esmiuçará e porá termo a todos estes reinos, e ele mesmo ficará estabelecido por tempos indefinidos (...).
* Eis que um rei reinará para a própria justiça; e quanto à príncipes para o próprio juízo. E cada um deles terá de mostrar ser como abrigo contra o vento e como esconderijo contra o temporal, como correntes de água numa terra árida, como a sombra de um pesado rochedo numa terra esgotada.
Postado por PCelestial às 07:28
Um observatório da imprensa para a cidade de Bom Despacho e os arquivos do blog Penetrália
domingo, 26 de fevereiro de 2012
sábado, 18 de fevereiro de 2012
O homem e o cavalo: 90 anos da Semana de Arte Moderna
Aos 90 anos da Semana de Arte Moderna, nada como desfazer um equívoco. O intelectual tem de ir onde o erro está: O Homem e o Cavalo, peça de Oswald de Andrade, não é uma peça “stalinista” como dizem os colonizados Sábato Magaldi e Iná Camargo Costa. A peça é surrealista, mas se coloca em relação com o mundo real, por isso a “Voz de Stálin”. Há também uma passagem onde é citado Eisenstein, grande inspirador de Glauber Rocha. Ou seja, o Cinema Novo é a Semana de Arte Moderna novamente, principalmente no cinema e no teatro, artes nas quais o modernismo não esteve presente em 1922. Novamente, A Semana de 22 devorou e o foi devorada pelo Brasil. Nos anos 80, 90 e 2000, a idéia que circula na TV e na universidade colonizadas é que o Modernismo e o Cinema Novo devem ser celebrados, mas são meras cópias malfeitas das vanguardas européias. Parcialmente vencedores, os modernistas e cinemanovistas foram em parte domesticados e aceitos, mas para isso, tiveram de passar a ser vistos como continuidade do processo de colonização, não como teoria e prática da descolonização.
O PT reaproveita alguns elementos do Modernismo, em outros rompe totalmente. Dilma Rousseff é a Tarsila do Amaral da política brasileira e Lula é o seu Abaporu que não aparece no Fantástico. Dilma no poder é o começo do matriarcado de Pindorama. A bolsa-família é idéia de Oswald de Andrade de um teto mínimo e um teto máximo para a humanidade, idéia provavelmente que ele antropofagizou nos utopistas. Apesar desses avanços pontuais, o Brasil permanece um grilo de oito milhões de km2, comandado por elites vegetais e predatórias, a favor de um código florestal escrito por madeireiras.
No centro da política nacional está Lula, que percebeu que o povo não identifica no marxismo-leninismo a teoria do proletariado e sim uma teoria importada, exploração disseminada por pequeno-burgueses, enquanto vê no cristianismo como algo seu, algo proletário. A partir desse atraso cultural que nem a Semana de Arte Moderna nem o Cinema Novo puderam transcender, Lula, originário de um setor operário privilegiado em relação aos demais, construiu e está alimentado o seu messianismo pequeno-burguês, assim como o culto de sua personalidade. O seu messianismo anti-povo tende, no entanto, a se esgotar ao mostrar suas limitações ao passar do tempo: seu cinismo, seu individualismo, sua política de classe média.
É preciso ouvir o que a ciência, na figura de historiadores como Grover Furr, diz sobre Marx, Lênin, Stálin. Vai ser preciso ensinar novamente que a teoria de Marx e Lênin é a teoria do proletariado, que a Semana de Arte Moderna é o começo da descolonização brasileira para valer, o que Cinema Novo é o cinema revolucionário antes da revolução. “O ouvido é o único sentido nos resta”, aconselha São Pedro em O Homem e o Cavalo. Resta a esquerda brasileira querer ouvir.
Na peça Homem e o Cavalo, a voz de Stálin, ainda polêmica como nunca, se faz ouvir: “O socialismo é o poder dos sovietes mais a eletrificação”. Isso vale ainda para hoje: o socialismo será o povo brasileiro no poder, afirmando valores nacionais e populares, modernizando e eletrizando o País com a tecnologia para todos.
O PT reaproveita alguns elementos do Modernismo, em outros rompe totalmente. Dilma Rousseff é a Tarsila do Amaral da política brasileira e Lula é o seu Abaporu que não aparece no Fantástico. Dilma no poder é o começo do matriarcado de Pindorama. A bolsa-família é idéia de Oswald de Andrade de um teto mínimo e um teto máximo para a humanidade, idéia provavelmente que ele antropofagizou nos utopistas. Apesar desses avanços pontuais, o Brasil permanece um grilo de oito milhões de km2, comandado por elites vegetais e predatórias, a favor de um código florestal escrito por madeireiras.
No centro da política nacional está Lula, que percebeu que o povo não identifica no marxismo-leninismo a teoria do proletariado e sim uma teoria importada, exploração disseminada por pequeno-burgueses, enquanto vê no cristianismo como algo seu, algo proletário. A partir desse atraso cultural que nem a Semana de Arte Moderna nem o Cinema Novo puderam transcender, Lula, originário de um setor operário privilegiado em relação aos demais, construiu e está alimentado o seu messianismo pequeno-burguês, assim como o culto de sua personalidade. O seu messianismo anti-povo tende, no entanto, a se esgotar ao mostrar suas limitações ao passar do tempo: seu cinismo, seu individualismo, sua política de classe média.
É preciso ouvir o que a ciência, na figura de historiadores como Grover Furr, diz sobre Marx, Lênin, Stálin. Vai ser preciso ensinar novamente que a teoria de Marx e Lênin é a teoria do proletariado, que a Semana de Arte Moderna é o começo da descolonização brasileira para valer, o que Cinema Novo é o cinema revolucionário antes da revolução. “O ouvido é o único sentido nos resta”, aconselha São Pedro em O Homem e o Cavalo. Resta a esquerda brasileira querer ouvir.
Na peça Homem e o Cavalo, a voz de Stálin, ainda polêmica como nunca, se faz ouvir: “O socialismo é o poder dos sovietes mais a eletrificação”. Isso vale ainda para hoje: o socialismo será o povo brasileiro no poder, afirmando valores nacionais e populares, modernizando e eletrizando o País com a tecnologia para todos.
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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
Engels, o cristianismo e o justo juiz
, o Cristianismo e o Justo Juiz
ENGELS, O CRISTIANISMO E O JUSTO JUIZ
A história do cristianismo primitivo oferece curiosos pontos de contato com o movimento operário moderno. Como este, o cristianismo era, na origem, o movimento dos oprimidos: apareceu primeiro como a religião dos escravos e dos libertos, dos pobres e dos homens privados de direitos, dos povos subjugados ou dispersos por Roma. Os dois, o cristianismo como o socialismo operário, pregam uma libertação próxima da servidão e da miséria; o cristianismo transpõe essa libertação para o Além, numa vida depois da morte, no céu; o socialismo coloca-a no mundo, numa transformação da sociedade. Os dois são perseguidos e encurralados, os seus aderentes são proscritos e submetidos a leis de exceção, uns como inimigos do gênero humano, os outros como inimigos do governo, da religião, da família, da ordem social. E, apesar de todas as perseguições, e mesmo diretamente servidos por elas, um e outro abrem caminho vitoriosamente. Três séculos depois do seu nascimento, o cristianismo é reconhecido como a religião do Estado e do Império romano: em menos de sessenta anos, o socialismo conquistou uma posição tal que o seu triunfo definitivo está absolutamente assegurado.
Para o leitor companheiro compreender a essência do assunto, vou transcrever Apocalipse 6.9-11, e depois comento, com Engels emergindo como profeta do Senhor.
"E quando abriu o quinto selo vi por baixo do altar as almas dos que tinham sido mortos por causa da Palavra de Deus e por causa da obra de testemunho que costumavam ter. E gritaram com voz alta, dizendo: 'Até quando, Soberano Senhor, santo e verdadeiro, abster-te-ás de julgar e vingar o nosso sangue dos que moram na terra?' E a cada um deles foi dada uma comprida veste branca; e foi-lhes dito que descansassem mais um pouco, até que se completasse também o número dos seus co-escravos e dos seus co-irmãos, que estavam para ser mortos assim como eles também tinham sido".
Quem são estes que João viu por debaixo do altar clamando vingança pelo seu sangue dos que moram na terra? Indiscutivelmente que se trata dos cristãos que eram perseguidos todos os dias pelos pagãos e pelos romanos e levados para as suas arenas para serem mortos.
Mas, a pergunta de suma importância é esta: Quem são estes co-escravos e co-irmãos que haveriam de ser mortos como foram aqueles cristãos? Gerson tem dito, desde o ano de 78 quando teve o seu encontro teofânico que estes co-escravos e co-irmãos dos cristãos primitivos foram os marxistas. O martírio cristão e socialista são da mesma essência.
Mas, lendo atentamente o que Engels escreveu a mais de cem anos não podemos realmente chegar a esta conclusão? De que os co-escravos e co-irmãos daqueles cristãos que foram proscritos e submetidos a leis de exceção – Paulo diz que eles eram tidos como a escória de todas as coisas – são realmente o povo marxista? Que realmente foram mortos COMO AQUELES FORAM?
Engels
A história do cristianismo primitivo oferece curiosos pontos de contato com o movimento operário moderno. Como este, o cristianismo era, na origem, o movimento dos oprimidos: apareceu primeiro como a religião dos escravos e dos libertos, dos pobres e dos homens privados de direitos, dos povos subjugados ou dispersos por Roma.
Os dois, o cristianismo como o socialismo operário, pregam uma libertação próxima da servidão e da miséria; o cristianismo transpõe essa libertação para o Além, numa vida depois da morte, no céu; o socialismo coloca-a no mundo, numa transformação da sociedade.
Como analisar essa distinção entre cristianismo e socialismo se os dois no seu nascimento são, essencialmente, o mesmo? Com a diferença notada por Engels que o socialismo, ao contrário do cristianismo que transpôs a libertação terrena para o Além, numa vida depois da morte, no céu, o socialismo trabalhou a libertação no mundo, numa transformação da sociedade?
Em Primeiro, à consciência tanto o cristianismo como o socialismo tratam-se do mesmo fenômeno. É o mesmo fenômeno? Sim, é o mesmo fenômeno, só que portando uma distinção fundamental não apreendida pela consciência (porque a consciência finita só o iria apreender quando o Espírito adentrasse o patamar sintético da reconciliação). Que distinção fundamental é esta? A SEXUAL! O cristianismo é um ser espiritual, ao passo que o socialismo, um ser material. Macho e fêmea. Conhecer esta distinção sexual, jamais percebida por Engels ou por qualquer teólogo ou filósofo (com certeza Paulo teve um esboço desta sexualidade, a partir do que aparece em ICoríntios 13.9-10) é ter um conhecimento real tanto do cristianismo como do socialismo. Assim como conhecemos o valor da libertação material do socialismo conhecendo o desvalor da opressão material do capitalismo, socialismo e cristianismo só são realmente conhecidos em suas essências íntimas quando se penetra na sua sexualidade (*)
E esta sexualidade foi construída em verdade naquilo que podemos chamar acertadamente de “Ovário da História” e “Testículo da História”. No Ovário da História foi construída a feminilidade do Cristianismo, ao passo que no Testículo da História, a masculinidade do Socialismo. E o Espírito, quando adentrasse seu terceiro momento, o Sintético, então iria cruzar estes dois seres sexuais, reconciliando-os em si; e seria então, e somente então, que o nascimento da vida estaria se dando. (A vida é aquilo que os cristãos chamam de Reino de Deus e os marxistas de Comunismo).
Em Segundo, os cristãos transpuseram a libertação para o outro mundo, depois da morte, no céu? É preciso dizer que o cristianismo também foi uma práxis modificadora da sociedade, não do seu fundamento material, mas do seu fundamento espiritual. Com certeza, portador também de uma sociologia, mas de uma sociologia espiritual, com Paulo, observando a distinção sexual, não perdendo em nada para Marx (Paulo parte dos fundamentos remotos do paganismo para chegar ao cristianismo, ao passo que Marx parte dos fundamentos remotos do capitalismo para chegar ao socialismo). Bem, a verdade é que os cristãos passaram a voltar-se com esperança para o céu porque justamente a sua libertação era parcial (ICoríntios 13.9). O seu ser espiritual fora apaziguado, mas o seu ser material continuou irriquieto, fazendo deles seres anfíbios, livres em Jesus, mas escravos de Roma e dos senhores donos de escravos e donos de propriedades. De modo que sem nenhuma perspectiva terrena à vista passaram então a buscar a complementação de sua libertação no outro mundo, após a morte, pois deveras aqui não a enxergavam (a boa psicologia nos diz que eles simplesmente queriam estar ao lado de seu mestre Jesus que então se achava no céu, assim pensavam).
Mas, enquanto os cristãos passavam a buscar a complementação de sua libertação na outra vida, no céu, Deus a buscava aqui mesmo, na terra, na sociedade (e isto é de fundamental importância). De modo que quando os cristãos foram reconhecidos religião do Estado isto já foi Deus se posicionando para construir o outro lado sexual, aquilo que iria complementar a salvação dos cristãos (ICoríntios 13.10). De fato, caminhando na estrada do Espiritualismo Histórico agora os cristãos iriam caminhar na estrada do Materialismo Histórico. Em termos de Hegel o Espírito se deslocou da tese para a antítese, para, na sua interioridade, tomar consciência de si. É verdade, transformando o sistema escravagista em sistema feudal, e este em sistema capitalista, então iria chegar o momento do surgimento do socialismo, aquilo que forma um par sexual com o cristianismo.
Quer dizer, assim como o cristianismo se manifestou na plenitude dos tempos, diz a Bíblia, mas hoje conhecendo a distinção sexual da História (dualidade do conceito) dizemos que se manifestou na Plenitude dos Tempos ESPIRITUAIS, plenitude que se formou no ventre do Espiritualismo Histórico como a sua flor mais pura: MONOTEÍSMO PRIMITIVO – totemismo – animismo – politeísmo – JUDAÍSMO –CRISTIANISMO (Jesus é a sua flor mais pura) – de igual modo o socialismo iria se manifestar na Plenitude dos Tempos MATERIAIS,plenitude que iria se formar no ventre do Materialismo Histórico como a sua flor mais pura: COMUNA PRIMITIVA – escravatura – feudalismo – capitalismo – SOCIALISMO – COMUNISMO (Che Guevara é a sua flor mais pura).
Ora, sendo assim, então temos de enaltecer Engels por ter tido um juízo tão positivo assim com o cristianismo, o colocando como semelhante ao socialismo nos seus fundamentos, embora não impedindo de dizer que Engels não teve uma visão exata do fenômeno cristianismo (e por extensão do fenômeno socialismo) justamente porque tal visão clara só iria se manifestar no terceiro momento do Espírito, quando ele, pelo seu vetor maior, o Filho do homem vindo com poder e grande glória, iria fazer a revelação da sexualidade. Bem, se é assim, então cabe a nós imprimir esta sexualidade tanto nos cristãos como nos marxistas, desabrochando neles a paixão pelo outro, como a metade que lhe está faltando. Com certeza será esta paixão que trará o casamento dos casamentos, o Casamento do Cordeiro (Apocalipse 19.8), Daquele que colocou a sua sexualidade espiritual em Paulo, no caminho de Damasco, e a sua sexualidade material em Marx, no episódio em que a justiça prussiana condenou como ladrão aos camponeses pobres que haviam retirado lenha das florestas para se aquecerem contra o rigor do inverno.
Que Ortega, que Fellows, que Arias, que Vinicius, que Franchesco, que Ferdinand, que Rita, que Ribamar, que Mônica, que jr.18Volts, que Robsom Lemes, que Isabela, que Robson, que Arlênio, que Thiago Luis, que Bernardo Furigo, que Silva, que Revolution, que todos os companheiros desta comuna medite sobre isto. Meditem que PSC, Gustavo e Dionata já meditaram e viram que não existe outro caminho senão este. Graça e Paz.
O Asterisco (O Aparecimento do Justo Juiz)
Na postagem acima PSC colocou em parêntese um asterisco. E agora vai falar sobre ele.
De fato, a manifestação na História da sexualidade vai reparar uma grande injustiça que seria cometida justamente por tal ter sido emitido em um tempo em que se vivia a indistinção sexual (correto dizer reprodução assexuada, que no campo da biologia pode ter antecedido a reprodução sexuada).
Bem, que grande injustiça esta que seria cometida – mas que agora a mesma será reparada?
Ora, em Mateus 25.31-46 encontramos a descrição do juízo do Justo Juiz, quando diz para uns, à sua direita: vinde benditos de meu Pai, e possuí por herança o reino vos preparado desde a fundação do mundo, e diz para outros, à sua esquerda: afastai-vos de mim, vós os que tende sido amaldiçoados, para o fogo eterno, preparado para o Diabo e seus anjos.
Ora, como tal juízo foi concebido quando se vivia a indistinção sexual, isto leva a que o Justo Juiz se dirija aos marxistas e à Teologia da Libertação e lhes diga: Vinde benditos de meu Pai, e possuí por herança o reino vos preparado desde a fundação do mundo. Pois fiquei com fome, e vós me deste algo para comer; fiquei com sede, e vós me deste algo para beber. Eu era estranho, e vós me recebestes hospitaleiramente; estava nu, e vós me vestistes. Fiquei doente, e vós cuidastes de mim. Eu estava na prisão, e vós me visitastes. Em seguida ele dá um giro de 180 graus e se dirija aos evangélicos e aos carismáticos e lhes diga: afastai-vos de mim, vós os que tende sido amaldiçoados, para o fogo eterno, preparado para o Diabo e seus anjos. Pois fiquei com fome, mas vós não me destes algo para comer, fiquei com sede, mas vós não me destes nada para beber. Eu era estranho, mas vós não me recebestes hospitaleiramente; estava nu, mas vós não me vestistes; doente e na prisão, mas vós não cuidastes de mim.
Por que esse juízo? Em primeiro, este povo a que o Justo Juiz se dirige é o mesmo povo de Isaías 65, que traria os frutos do Reino não obstante não invocar o nome de Deus e não dobrar seu joelho diante de Deus, e é o mesmo povo de Mateus 21.43, que diz Jesus produziria os frutos do Reino. Em segundo, que se entende claro que esta fome a que se refere é fome de pão.
Mas, é verdade, o juízo foi concebido não na presença do Justo Juiz, que se achava distante, na escatologia, e certamente que quando chegasse o seu tempo tal seria uma questão para ele resolver. E por certo que ele iria perceber a injustiça e cuidar em repará-la.
Como assim?
Eis a chegada da hora. E eis que se estabelece o momento do juízo. E eis o Justo Juiz sentado em seu trono, e ao seu lado seu assistente, e ao seu lado a Arca do Pacto com seus dois querubins. E à direita do Justo Juiz uma fileira dupla de marxistas e Teologia da Libertação, e à sua esquerda, uma fileira dupla de evangélicos e de carismáticos.
É o momento mais aguardado da História, o Dia do Juízo. A um sinal do Justo Juiz então seu assistente vai e abre a tampa da Arca, cuidando para não agredir seus dois querubins, e começa a trazer para fora seus objetos. E os coloca na presença do Justo Juiz. As duas tábuas da lei e junto a uma, o vaso de ouro contendo o maná e junto à outra, o bastão de Arão que havia florescido. E todos ficam olhando para seus objetos, com os que estão nas duas filas não tendo a menor certeza: é para nós que tudo será dado!
Então o Justo Juiz se levanta do seu trono e toma em sua mão direita o vaso de ouro com o maná e na sua mão esquerda o bastão florescido de Arão (mas seu assistente toma nas mãos as duas tábuas). E com o vaso de ouro com o maná em sua mão direita e com o bastão florescido de Arão em sua mão esquerda começa a olhar para os que estão diante de si. E olha para a fileira dos que estão à sua direita e olha para a fileira dos que estão à sua esquerda, olhando para uns e para outros. E se dirige para a fileira onde estão os marxistas e a Teologia da Libertação. E, ajudado pelo seu assistente, então toma o vaso de ouro com o maná na sua mão direita e os coloca na mão dos marxistas e da Teologia da Libertação, permanecendo na outra mão o bastão de Arão que havia florescido. E diz para eles: vós sois os reis que haveriam de reinar os mil anos e a eternidade sem fim com o Cristo. Entrem no gozo de seu amo. E quando os marxistas e a Teologia da Libertação recebem em suas mãos o vaso de ouro com o maná, o assistente com as duas tábuas nas mãos, como um fotógrafo que chama os noivos para a fotografia, chama-os para receber o vaso de ouro com o maná com os olhos em juramento para as duas tábuas, olhando para elas.
E quando estas coisas acontecem, os que estão na fileira à sua esquerda são acometidos de desânimo. E custam a crer no que estão vendo. Tinham a certeza que seriam para eles que o Justo Juiz iria se dirigir. E quando o Justo Juiz dá um giro de 180 graus, com o bastão florescido de Arão na sua mão esquerda, acompanhado pelo assistente com as duas tábuas nas mãos, abertas em leque, então os que foram colocados à sua esquerda vendo o Justo Juiz vindo em sua direção começam a raciocinar entre si: vai nos amaldiçoar! Por certo que vai rebentar o bastão nas nossas cabeças, e as cabeças que escaparem do bastão serão alcançadas pelas duas tábuas nas mãos do assistente!
E então o Justo Juiz coloca na mão dos evangélicos e dos carismáticos o bastão de Arão que havia florescido, lhes dizendo: Vós sois os sacerdotes do Deus Altíssimo que haveriam de reinar os mil anos e a eternidade sem fim com o Cristo. Entrem no gozo de seu amo. E imediatamente o assistente exibe em leque as duas tábuas e pedindo para que eles recebam em suas mãos o bastão de Arão que havia florescido olhando para as duas tábuas.
E quando o Justo Juiz volta para o trono e se senta então as escamas nos seus olhos caem e se reconhece osso do mesmo osso e carne da mesma carne, um só espírito. E começam a se confraternizar entre si e a dançar e a pular, um pegado na mão do outro, assim como o rei Davi entrou dançando e pulando quando fazia a Arca do Pacto subir até Jerusalém. E no meio da festa então o Justo Juiz fez um sinal e todos pararam. E entrou o assistente levando pela mão um casal de velhinhos. E eles entravam bem devagar, encurvados. Então o Justo Juiz se levantou do trono e os beijou ternamente, dizendo para todos que estavam presentes: são meus pais. Ela é a minha mãe e ele é o meu pai. E quando ele dizia isto eis que todos lhes reconheceram; e começaram a dizer entre si: mas não é esta que na sua mocidade nos espancou e nos fez dobrar o joelho para deuses pagãos? E enquanto uns diziam isto, outros diziam, sobre o velhinho que os olhava como que assustado: mas não é este que na sua mocidade nos colocou para trabalhar como escravos? E quando o Justo Juiz viu que murmuravam entre si, então lhes disse: Meus filhos, o que eles fizeram não farão mais. Tudo o que eles querem e precisam é que vós, agora, no seu vigor juvenil, os deixe acabar seus dias em paz. E quando o Justo Juiz disse isto pouco a pouco o murmúrio entre eles foi diminuindo, diminuindo, até que cessou, com cada qual indo cuidar das responsabilidades que lhes foram conferidas.
Façamos a pergunta: por que o Justo Juiz tanto premiou uns como outros? Porque na verdade os conceitos possuem dois lados (por causa da distinção sexual). Por exemplo, o conceito de fome tanto se refere à fome material como à fome espiritual (como diz Leonardo Boff, temos sede de pão, mas também de transcendência). Todo o trabalho dos marxistas e da Teologia da Libertação foi para dar o pão material para os necessitados, mas todo o trabalho dos evangélicos e dos carismáticos é para dar o pão espiritual. O trabalho dos marxistas e da Teologia da Libertação para acabar no Brasil e na América Latina com toda a exploração material, de modo a todos terem empregos dignos, salários dignos, moradias dignas, assistência médico-hospitalar, estudo, escola, era na verdade complementar ao trabalho dos evangélicos e carismáticos, lutando para as pessoas abandonarem os vícios, as bebedeiras, o desamor familiar, ter o respeito ao corpo que ama e gera a vida, e, sobretudo, o amor a Deus e ao sagrado, que se revela no amor ao próximo e ao necessitado.
E tem chegado o tempo de uma práxis completa, concatenada (ICor.13.10). E será ela que porá fim definitivo ao domínio do Mal. Será ela que realmente trará o cumprimento luminoso para Miquéias 4.4, como segue: E REALMENTE SENTAR-SE-ÃO, CADA UM DEBAIXO DA SUA VIDEIRA E DEBAIXO DA SUA FIGUEIRA, E NÃO HAVERÁ QUEM OS FAÇA TREMER. Os cristãos e os marxistas, que nas suas caminhadas conheceram a glória e a desonra, agora reunidos em corpo único, hermético, fechado, sem espaço para o Mal, nunca mais saberão o que é decadência, com o seu domínio não passando jamais a outro domínio, assim como são as imagens de Daniel 2.44..
Até aqui são as palavras do peregrino Gerson (Êxodo 2.22), nascido na cidade de Estrela do Norte (Isaías 41.15; Apocalipse 2.26-28)), no ano em que George Riffert diz no seu livro A Grande Pirâmide (Record) estudiosos da Grande Pirâmide do Egito vaticinaram seria o ano da Câmara do Rei, o ano do Messias, este ano pode muito bem indicar o ano do nascimento de uma Nova Humanidade, de uma nova ordem social, justa, fraterna, sob os cuidados diretos de Jesus Cristo Rei de reis e Senhor de senhores, como consta (mas que ele reparte com aquele que no ano de 53 deixou as glórias da Medicina e a sua pátria e a sua família para que um dia a América Latina e o mundo pudessem ser lugar sem as enfermidades sociais, Che Guevara, um irmão, que o seu irmão, a partir de onde parou, nas leituras metafísicas, que diz que Jesus se deixou morrer para que pudesse se levantar em novo corpo, corpo de glória, incorruptível, atraindo a si todos os homens, iria dar recomeço, não mais com o fuzil na mão, é verdade, porque fez a parte que lhe cabia na obra, a parte que coube a Moisés na preparação da graça, mas agora brandindo a Palavra de Deus, que é viva e exerce poder, e é mais afiada do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até a divisão da alma e do espírito, e das juntas e da sua medula, e é capaz de discernir os pensamentos e as intenções do coração) – é verdade, o seu nascimento físico se deu mesmo naquele ano de 53, mas o seu nascimento espiritual se deu no ano de 78, quando então aquele jovem de 25 anos, um operário que carregava o estudo de seus pais, um sabia ler e escrever e a outra lia e escrevia com a maior das dificuldades, foi informado na presença da Divindade que tinha chegado o tempo da restauração de todas as coisas e o tempo de ser dado a cada um segundo as suas obras, e foi neste ano de 78 porque a mesma Divindade disse pela boca de um dos seus anjos que o mundo iria sofrer divisão no ano de 77, depois de 77 o domínio de Deus, antes de 78 o domínio dos homen.
Findam aqui as palavras de Gerson, escolhido e preparado para a boa obra desde o ventre (Isaías 49), já tendo sido feito menção do seu nome desde o ventre (porque Ciro era Deus fazendo uma obra em terra estrangeira, peregrinando em terra estrangeira); e a incorruptibilidade que recebeu do Incorruptível a repartindo com todos que estiveram com ele neste inicio de caminhada milenial, mas os tímidos, e os medrosos, e os que não têm fé, e os que são repugnantes nas suas concupiscências, e os que se escondem no silêncio de Martin Luther King, e os que confiam na sua sabedoria, por certo que receberão Daquele que é e que era e que havia de vir a recompensa que lhes é devida.
Profeta Isaías e Caetano Veloso
“Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o domínio principesco virá a estar sobre seu ombro.. E será chamado pelo nome de Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz. (...) Menino Deus; Quando a flor do teu sexo; Abrir as pétalas para o universo; então por um lapso se encontrará nexo; Ligando os breus, dando sentido aos mundos; E aos corações, sentimentos profundos; No dia de terna alegria do Menino Deus”
DE TODOS OS LUGARES, VINHAM AOS MILHARES, E EM POUCO TEMPO ERAM MILHÕES, INVADINDO RUAS, CAMPOS E CIDADES ESPALHANDO AMOR AOS CORAÇÕES, Roberto e Erasmo
ENGELS, O CRISTIANISMO E O JUSTO JUIZ
A história do cristianismo primitivo oferece curiosos pontos de contato com o movimento operário moderno. Como este, o cristianismo era, na origem, o movimento dos oprimidos: apareceu primeiro como a religião dos escravos e dos libertos, dos pobres e dos homens privados de direitos, dos povos subjugados ou dispersos por Roma. Os dois, o cristianismo como o socialismo operário, pregam uma libertação próxima da servidão e da miséria; o cristianismo transpõe essa libertação para o Além, numa vida depois da morte, no céu; o socialismo coloca-a no mundo, numa transformação da sociedade. Os dois são perseguidos e encurralados, os seus aderentes são proscritos e submetidos a leis de exceção, uns como inimigos do gênero humano, os outros como inimigos do governo, da religião, da família, da ordem social. E, apesar de todas as perseguições, e mesmo diretamente servidos por elas, um e outro abrem caminho vitoriosamente. Três séculos depois do seu nascimento, o cristianismo é reconhecido como a religião do Estado e do Império romano: em menos de sessenta anos, o socialismo conquistou uma posição tal que o seu triunfo definitivo está absolutamente assegurado.
Para o leitor companheiro compreender a essência do assunto, vou transcrever Apocalipse 6.9-11, e depois comento, com Engels emergindo como profeta do Senhor.
"E quando abriu o quinto selo vi por baixo do altar as almas dos que tinham sido mortos por causa da Palavra de Deus e por causa da obra de testemunho que costumavam ter. E gritaram com voz alta, dizendo: 'Até quando, Soberano Senhor, santo e verdadeiro, abster-te-ás de julgar e vingar o nosso sangue dos que moram na terra?' E a cada um deles foi dada uma comprida veste branca; e foi-lhes dito que descansassem mais um pouco, até que se completasse também o número dos seus co-escravos e dos seus co-irmãos, que estavam para ser mortos assim como eles também tinham sido".
Quem são estes que João viu por debaixo do altar clamando vingança pelo seu sangue dos que moram na terra? Indiscutivelmente que se trata dos cristãos que eram perseguidos todos os dias pelos pagãos e pelos romanos e levados para as suas arenas para serem mortos.
Mas, a pergunta de suma importância é esta: Quem são estes co-escravos e co-irmãos que haveriam de ser mortos como foram aqueles cristãos? Gerson tem dito, desde o ano de 78 quando teve o seu encontro teofânico que estes co-escravos e co-irmãos dos cristãos primitivos foram os marxistas. O martírio cristão e socialista são da mesma essência.
Mas, lendo atentamente o que Engels escreveu a mais de cem anos não podemos realmente chegar a esta conclusão? De que os co-escravos e co-irmãos daqueles cristãos que foram proscritos e submetidos a leis de exceção – Paulo diz que eles eram tidos como a escória de todas as coisas – são realmente o povo marxista? Que realmente foram mortos COMO AQUELES FORAM?
Engels
A história do cristianismo primitivo oferece curiosos pontos de contato com o movimento operário moderno. Como este, o cristianismo era, na origem, o movimento dos oprimidos: apareceu primeiro como a religião dos escravos e dos libertos, dos pobres e dos homens privados de direitos, dos povos subjugados ou dispersos por Roma.
Os dois, o cristianismo como o socialismo operário, pregam uma libertação próxima da servidão e da miséria; o cristianismo transpõe essa libertação para o Além, numa vida depois da morte, no céu; o socialismo coloca-a no mundo, numa transformação da sociedade.
Como analisar essa distinção entre cristianismo e socialismo se os dois no seu nascimento são, essencialmente, o mesmo? Com a diferença notada por Engels que o socialismo, ao contrário do cristianismo que transpôs a libertação terrena para o Além, numa vida depois da morte, no céu, o socialismo trabalhou a libertação no mundo, numa transformação da sociedade?
Em Primeiro, à consciência tanto o cristianismo como o socialismo tratam-se do mesmo fenômeno. É o mesmo fenômeno? Sim, é o mesmo fenômeno, só que portando uma distinção fundamental não apreendida pela consciência (porque a consciência finita só o iria apreender quando o Espírito adentrasse o patamar sintético da reconciliação). Que distinção fundamental é esta? A SEXUAL! O cristianismo é um ser espiritual, ao passo que o socialismo, um ser material. Macho e fêmea. Conhecer esta distinção sexual, jamais percebida por Engels ou por qualquer teólogo ou filósofo (com certeza Paulo teve um esboço desta sexualidade, a partir do que aparece em ICoríntios 13.9-10) é ter um conhecimento real tanto do cristianismo como do socialismo. Assim como conhecemos o valor da libertação material do socialismo conhecendo o desvalor da opressão material do capitalismo, socialismo e cristianismo só são realmente conhecidos em suas essências íntimas quando se penetra na sua sexualidade (*)
E esta sexualidade foi construída em verdade naquilo que podemos chamar acertadamente de “Ovário da História” e “Testículo da História”. No Ovário da História foi construída a feminilidade do Cristianismo, ao passo que no Testículo da História, a masculinidade do Socialismo. E o Espírito, quando adentrasse seu terceiro momento, o Sintético, então iria cruzar estes dois seres sexuais, reconciliando-os em si; e seria então, e somente então, que o nascimento da vida estaria se dando. (A vida é aquilo que os cristãos chamam de Reino de Deus e os marxistas de Comunismo).
Em Segundo, os cristãos transpuseram a libertação para o outro mundo, depois da morte, no céu? É preciso dizer que o cristianismo também foi uma práxis modificadora da sociedade, não do seu fundamento material, mas do seu fundamento espiritual. Com certeza, portador também de uma sociologia, mas de uma sociologia espiritual, com Paulo, observando a distinção sexual, não perdendo em nada para Marx (Paulo parte dos fundamentos remotos do paganismo para chegar ao cristianismo, ao passo que Marx parte dos fundamentos remotos do capitalismo para chegar ao socialismo). Bem, a verdade é que os cristãos passaram a voltar-se com esperança para o céu porque justamente a sua libertação era parcial (ICoríntios 13.9). O seu ser espiritual fora apaziguado, mas o seu ser material continuou irriquieto, fazendo deles seres anfíbios, livres em Jesus, mas escravos de Roma e dos senhores donos de escravos e donos de propriedades. De modo que sem nenhuma perspectiva terrena à vista passaram então a buscar a complementação de sua libertação no outro mundo, após a morte, pois deveras aqui não a enxergavam (a boa psicologia nos diz que eles simplesmente queriam estar ao lado de seu mestre Jesus que então se achava no céu, assim pensavam).
Mas, enquanto os cristãos passavam a buscar a complementação de sua libertação na outra vida, no céu, Deus a buscava aqui mesmo, na terra, na sociedade (e isto é de fundamental importância). De modo que quando os cristãos foram reconhecidos religião do Estado isto já foi Deus se posicionando para construir o outro lado sexual, aquilo que iria complementar a salvação dos cristãos (ICoríntios 13.10). De fato, caminhando na estrada do Espiritualismo Histórico agora os cristãos iriam caminhar na estrada do Materialismo Histórico. Em termos de Hegel o Espírito se deslocou da tese para a antítese, para, na sua interioridade, tomar consciência de si. É verdade, transformando o sistema escravagista em sistema feudal, e este em sistema capitalista, então iria chegar o momento do surgimento do socialismo, aquilo que forma um par sexual com o cristianismo.
Quer dizer, assim como o cristianismo se manifestou na plenitude dos tempos, diz a Bíblia, mas hoje conhecendo a distinção sexual da História (dualidade do conceito) dizemos que se manifestou na Plenitude dos Tempos ESPIRITUAIS, plenitude que se formou no ventre do Espiritualismo Histórico como a sua flor mais pura: MONOTEÍSMO PRIMITIVO – totemismo – animismo – politeísmo – JUDAÍSMO –CRISTIANISMO (Jesus é a sua flor mais pura) – de igual modo o socialismo iria se manifestar na Plenitude dos Tempos MATERIAIS,plenitude que iria se formar no ventre do Materialismo Histórico como a sua flor mais pura: COMUNA PRIMITIVA – escravatura – feudalismo – capitalismo – SOCIALISMO – COMUNISMO (Che Guevara é a sua flor mais pura).
Ora, sendo assim, então temos de enaltecer Engels por ter tido um juízo tão positivo assim com o cristianismo, o colocando como semelhante ao socialismo nos seus fundamentos, embora não impedindo de dizer que Engels não teve uma visão exata do fenômeno cristianismo (e por extensão do fenômeno socialismo) justamente porque tal visão clara só iria se manifestar no terceiro momento do Espírito, quando ele, pelo seu vetor maior, o Filho do homem vindo com poder e grande glória, iria fazer a revelação da sexualidade. Bem, se é assim, então cabe a nós imprimir esta sexualidade tanto nos cristãos como nos marxistas, desabrochando neles a paixão pelo outro, como a metade que lhe está faltando. Com certeza será esta paixão que trará o casamento dos casamentos, o Casamento do Cordeiro (Apocalipse 19.8), Daquele que colocou a sua sexualidade espiritual em Paulo, no caminho de Damasco, e a sua sexualidade material em Marx, no episódio em que a justiça prussiana condenou como ladrão aos camponeses pobres que haviam retirado lenha das florestas para se aquecerem contra o rigor do inverno.
Que Ortega, que Fellows, que Arias, que Vinicius, que Franchesco, que Ferdinand, que Rita, que Ribamar, que Mônica, que jr.18Volts, que Robsom Lemes, que Isabela, que Robson, que Arlênio, que Thiago Luis, que Bernardo Furigo, que Silva, que Revolution, que todos os companheiros desta comuna medite sobre isto. Meditem que PSC, Gustavo e Dionata já meditaram e viram que não existe outro caminho senão este. Graça e Paz.
O Asterisco (O Aparecimento do Justo Juiz)
Na postagem acima PSC colocou em parêntese um asterisco. E agora vai falar sobre ele.
De fato, a manifestação na História da sexualidade vai reparar uma grande injustiça que seria cometida justamente por tal ter sido emitido em um tempo em que se vivia a indistinção sexual (correto dizer reprodução assexuada, que no campo da biologia pode ter antecedido a reprodução sexuada).
Bem, que grande injustiça esta que seria cometida – mas que agora a mesma será reparada?
Ora, em Mateus 25.31-46 encontramos a descrição do juízo do Justo Juiz, quando diz para uns, à sua direita: vinde benditos de meu Pai, e possuí por herança o reino vos preparado desde a fundação do mundo, e diz para outros, à sua esquerda: afastai-vos de mim, vós os que tende sido amaldiçoados, para o fogo eterno, preparado para o Diabo e seus anjos.
Ora, como tal juízo foi concebido quando se vivia a indistinção sexual, isto leva a que o Justo Juiz se dirija aos marxistas e à Teologia da Libertação e lhes diga: Vinde benditos de meu Pai, e possuí por herança o reino vos preparado desde a fundação do mundo. Pois fiquei com fome, e vós me deste algo para comer; fiquei com sede, e vós me deste algo para beber. Eu era estranho, e vós me recebestes hospitaleiramente; estava nu, e vós me vestistes. Fiquei doente, e vós cuidastes de mim. Eu estava na prisão, e vós me visitastes. Em seguida ele dá um giro de 180 graus e se dirija aos evangélicos e aos carismáticos e lhes diga: afastai-vos de mim, vós os que tende sido amaldiçoados, para o fogo eterno, preparado para o Diabo e seus anjos. Pois fiquei com fome, mas vós não me destes algo para comer, fiquei com sede, mas vós não me destes nada para beber. Eu era estranho, mas vós não me recebestes hospitaleiramente; estava nu, mas vós não me vestistes; doente e na prisão, mas vós não cuidastes de mim.
Por que esse juízo? Em primeiro, este povo a que o Justo Juiz se dirige é o mesmo povo de Isaías 65, que traria os frutos do Reino não obstante não invocar o nome de Deus e não dobrar seu joelho diante de Deus, e é o mesmo povo de Mateus 21.43, que diz Jesus produziria os frutos do Reino. Em segundo, que se entende claro que esta fome a que se refere é fome de pão.
Mas, é verdade, o juízo foi concebido não na presença do Justo Juiz, que se achava distante, na escatologia, e certamente que quando chegasse o seu tempo tal seria uma questão para ele resolver. E por certo que ele iria perceber a injustiça e cuidar em repará-la.
Como assim?
Eis a chegada da hora. E eis que se estabelece o momento do juízo. E eis o Justo Juiz sentado em seu trono, e ao seu lado seu assistente, e ao seu lado a Arca do Pacto com seus dois querubins. E à direita do Justo Juiz uma fileira dupla de marxistas e Teologia da Libertação, e à sua esquerda, uma fileira dupla de evangélicos e de carismáticos.
É o momento mais aguardado da História, o Dia do Juízo. A um sinal do Justo Juiz então seu assistente vai e abre a tampa da Arca, cuidando para não agredir seus dois querubins, e começa a trazer para fora seus objetos. E os coloca na presença do Justo Juiz. As duas tábuas da lei e junto a uma, o vaso de ouro contendo o maná e junto à outra, o bastão de Arão que havia florescido. E todos ficam olhando para seus objetos, com os que estão nas duas filas não tendo a menor certeza: é para nós que tudo será dado!
Então o Justo Juiz se levanta do seu trono e toma em sua mão direita o vaso de ouro com o maná e na sua mão esquerda o bastão florescido de Arão (mas seu assistente toma nas mãos as duas tábuas). E com o vaso de ouro com o maná em sua mão direita e com o bastão florescido de Arão em sua mão esquerda começa a olhar para os que estão diante de si. E olha para a fileira dos que estão à sua direita e olha para a fileira dos que estão à sua esquerda, olhando para uns e para outros. E se dirige para a fileira onde estão os marxistas e a Teologia da Libertação. E, ajudado pelo seu assistente, então toma o vaso de ouro com o maná na sua mão direita e os coloca na mão dos marxistas e da Teologia da Libertação, permanecendo na outra mão o bastão de Arão que havia florescido. E diz para eles: vós sois os reis que haveriam de reinar os mil anos e a eternidade sem fim com o Cristo. Entrem no gozo de seu amo. E quando os marxistas e a Teologia da Libertação recebem em suas mãos o vaso de ouro com o maná, o assistente com as duas tábuas nas mãos, como um fotógrafo que chama os noivos para a fotografia, chama-os para receber o vaso de ouro com o maná com os olhos em juramento para as duas tábuas, olhando para elas.
E quando estas coisas acontecem, os que estão na fileira à sua esquerda são acometidos de desânimo. E custam a crer no que estão vendo. Tinham a certeza que seriam para eles que o Justo Juiz iria se dirigir. E quando o Justo Juiz dá um giro de 180 graus, com o bastão florescido de Arão na sua mão esquerda, acompanhado pelo assistente com as duas tábuas nas mãos, abertas em leque, então os que foram colocados à sua esquerda vendo o Justo Juiz vindo em sua direção começam a raciocinar entre si: vai nos amaldiçoar! Por certo que vai rebentar o bastão nas nossas cabeças, e as cabeças que escaparem do bastão serão alcançadas pelas duas tábuas nas mãos do assistente!
E então o Justo Juiz coloca na mão dos evangélicos e dos carismáticos o bastão de Arão que havia florescido, lhes dizendo: Vós sois os sacerdotes do Deus Altíssimo que haveriam de reinar os mil anos e a eternidade sem fim com o Cristo. Entrem no gozo de seu amo. E imediatamente o assistente exibe em leque as duas tábuas e pedindo para que eles recebam em suas mãos o bastão de Arão que havia florescido olhando para as duas tábuas.
E quando o Justo Juiz volta para o trono e se senta então as escamas nos seus olhos caem e se reconhece osso do mesmo osso e carne da mesma carne, um só espírito. E começam a se confraternizar entre si e a dançar e a pular, um pegado na mão do outro, assim como o rei Davi entrou dançando e pulando quando fazia a Arca do Pacto subir até Jerusalém. E no meio da festa então o Justo Juiz fez um sinal e todos pararam. E entrou o assistente levando pela mão um casal de velhinhos. E eles entravam bem devagar, encurvados. Então o Justo Juiz se levantou do trono e os beijou ternamente, dizendo para todos que estavam presentes: são meus pais. Ela é a minha mãe e ele é o meu pai. E quando ele dizia isto eis que todos lhes reconheceram; e começaram a dizer entre si: mas não é esta que na sua mocidade nos espancou e nos fez dobrar o joelho para deuses pagãos? E enquanto uns diziam isto, outros diziam, sobre o velhinho que os olhava como que assustado: mas não é este que na sua mocidade nos colocou para trabalhar como escravos? E quando o Justo Juiz viu que murmuravam entre si, então lhes disse: Meus filhos, o que eles fizeram não farão mais. Tudo o que eles querem e precisam é que vós, agora, no seu vigor juvenil, os deixe acabar seus dias em paz. E quando o Justo Juiz disse isto pouco a pouco o murmúrio entre eles foi diminuindo, diminuindo, até que cessou, com cada qual indo cuidar das responsabilidades que lhes foram conferidas.
Façamos a pergunta: por que o Justo Juiz tanto premiou uns como outros? Porque na verdade os conceitos possuem dois lados (por causa da distinção sexual). Por exemplo, o conceito de fome tanto se refere à fome material como à fome espiritual (como diz Leonardo Boff, temos sede de pão, mas também de transcendência). Todo o trabalho dos marxistas e da Teologia da Libertação foi para dar o pão material para os necessitados, mas todo o trabalho dos evangélicos e dos carismáticos é para dar o pão espiritual. O trabalho dos marxistas e da Teologia da Libertação para acabar no Brasil e na América Latina com toda a exploração material, de modo a todos terem empregos dignos, salários dignos, moradias dignas, assistência médico-hospitalar, estudo, escola, era na verdade complementar ao trabalho dos evangélicos e carismáticos, lutando para as pessoas abandonarem os vícios, as bebedeiras, o desamor familiar, ter o respeito ao corpo que ama e gera a vida, e, sobretudo, o amor a Deus e ao sagrado, que se revela no amor ao próximo e ao necessitado.
E tem chegado o tempo de uma práxis completa, concatenada (ICor.13.10). E será ela que porá fim definitivo ao domínio do Mal. Será ela que realmente trará o cumprimento luminoso para Miquéias 4.4, como segue: E REALMENTE SENTAR-SE-ÃO, CADA UM DEBAIXO DA SUA VIDEIRA E DEBAIXO DA SUA FIGUEIRA, E NÃO HAVERÁ QUEM OS FAÇA TREMER. Os cristãos e os marxistas, que nas suas caminhadas conheceram a glória e a desonra, agora reunidos em corpo único, hermético, fechado, sem espaço para o Mal, nunca mais saberão o que é decadência, com o seu domínio não passando jamais a outro domínio, assim como são as imagens de Daniel 2.44..
Até aqui são as palavras do peregrino Gerson (Êxodo 2.22), nascido na cidade de Estrela do Norte (Isaías 41.15; Apocalipse 2.26-28)), no ano em que George Riffert diz no seu livro A Grande Pirâmide (Record) estudiosos da Grande Pirâmide do Egito vaticinaram seria o ano da Câmara do Rei, o ano do Messias, este ano pode muito bem indicar o ano do nascimento de uma Nova Humanidade, de uma nova ordem social, justa, fraterna, sob os cuidados diretos de Jesus Cristo Rei de reis e Senhor de senhores, como consta (mas que ele reparte com aquele que no ano de 53 deixou as glórias da Medicina e a sua pátria e a sua família para que um dia a América Latina e o mundo pudessem ser lugar sem as enfermidades sociais, Che Guevara, um irmão, que o seu irmão, a partir de onde parou, nas leituras metafísicas, que diz que Jesus se deixou morrer para que pudesse se levantar em novo corpo, corpo de glória, incorruptível, atraindo a si todos os homens, iria dar recomeço, não mais com o fuzil na mão, é verdade, porque fez a parte que lhe cabia na obra, a parte que coube a Moisés na preparação da graça, mas agora brandindo a Palavra de Deus, que é viva e exerce poder, e é mais afiada do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até a divisão da alma e do espírito, e das juntas e da sua medula, e é capaz de discernir os pensamentos e as intenções do coração) – é verdade, o seu nascimento físico se deu mesmo naquele ano de 53, mas o seu nascimento espiritual se deu no ano de 78, quando então aquele jovem de 25 anos, um operário que carregava o estudo de seus pais, um sabia ler e escrever e a outra lia e escrevia com a maior das dificuldades, foi informado na presença da Divindade que tinha chegado o tempo da restauração de todas as coisas e o tempo de ser dado a cada um segundo as suas obras, e foi neste ano de 78 porque a mesma Divindade disse pela boca de um dos seus anjos que o mundo iria sofrer divisão no ano de 77, depois de 77 o domínio de Deus, antes de 78 o domínio dos homen.
Findam aqui as palavras de Gerson, escolhido e preparado para a boa obra desde o ventre (Isaías 49), já tendo sido feito menção do seu nome desde o ventre (porque Ciro era Deus fazendo uma obra em terra estrangeira, peregrinando em terra estrangeira); e a incorruptibilidade que recebeu do Incorruptível a repartindo com todos que estiveram com ele neste inicio de caminhada milenial, mas os tímidos, e os medrosos, e os que não têm fé, e os que são repugnantes nas suas concupiscências, e os que se escondem no silêncio de Martin Luther King, e os que confiam na sua sabedoria, por certo que receberão Daquele que é e que era e que havia de vir a recompensa que lhes é devida.
Profeta Isaías e Caetano Veloso
“Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o domínio principesco virá a estar sobre seu ombro.. E será chamado pelo nome de Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz. (...) Menino Deus; Quando a flor do teu sexo; Abrir as pétalas para o universo; então por um lapso se encontrará nexo; Ligando os breus, dando sentido aos mundos; E aos corações, sentimentos profundos; No dia de terna alegria do Menino Deus”
DE TODOS OS LUGARES, VINHAM AOS MILHARES, E EM POUCO TEMPO ERAM MILHÕES, INVADINDO RUAS, CAMPOS E CIDADES ESPALHANDO AMOR AOS CORAÇÕES, Roberto e Erasmo
terça-feira, 14 de fevereiro de 2012
Alguns motivos e marteladas no dedo para não seguir Nietzsche
O livro Por que não somos nietzscheanos, da editora Ensaio (1993), está hoje fora de catálogo, mas precisa urgente ser relançado. Verifiquei recentemente que os nietzschianos acadêmicos não enfrentam, realmente, as críticas presentes nesse livro composto por vários autores: Luc Ferry, Alain Renaut, Vincent Descombes, Phillipe Raynaud, André Comte-Sponville, André Taguieff, Robert Legros.
O foco, como não poderia deixar de ser, é o nietzscheanismo francês: é uma antologia que ataca Nietzsche, mas visa principalmente Deleuze e Foucault. Para tanto, mais de um desses autores refuta a combinação Marx, Nietzsche e Freud. Nietzsche e Marx, combinados, são associados ao Gulag e a Auschwitz pelo exaltado André Comte-Sponville, que é ao mesmo tempo o mais próximo de Nietzsche e o seu crítico mais apaixonado e virulento, produzindo aquele que é, de longe, o melhor texto da coletânea, o mais divertido e completo. André vai o fundo de Nietzsche, ao que há mais profundamente nietzschiano e ali planta a sua bomba e seu riso. Ele vai além de colocar Nietzsche contra Nietzsche, aliás, todos vão. O objetivo é impugnar a leitura libertária que Foucault faz de Nietzsche: Nietzsche deveria ter uma leitura conservadora, somente. No entanto, raramente se ataca Foucault de frente.
Alain Boyer, no primeiro ensaio, define que os pensadores que definem o século XXI são Nietzsche e Frege. Os problemas do século giram em torno da democracia, do mercado e da ciência. Embora nada saiba sobre mercado, Nietzsche pensou radicalmente sobre esses dois últimos. Boyer só está de acordo com o Nietzsche de A Gaia Ciência, o da fase iluminista. Mesmo assim, ele avisa que ali também há passagens onde há ignorância. Para Boyer, não há sentido em falar, como alguns nietzschianos falam, que Nietzsche recusaria uma avaliação porque a relacionava à dialética. Pelo contrário: ele é um obcecado com avaliação, hierarquia, ele é sempre um professor avaliando tudo, uma eterna obsessão anti-igualitária que perpassaria toda a obra. Ele propõe não interpretar Nietzsche e sim tomá-lo ao pé da letra. No fundo, essa interpretação tem a finalidade de impugnar Foucault e sua leitura de Nietzsche. Para Boyer, Nietzsche tenta substituir o imperativo categórico pelo imperativo da natureza, ponto que será retomado por outros autores da coletânea como Comte-Sponville.
Para Sponville, Nietzsche seria um quase-materialista, mas seu materialismo é um materialismo grosseiro e bárbaro e não um fisicalista usando linguagem figurada, nem Nietzsche aceitaria o materialismo enquanto método. A forma como Nietzsche toma todos os movimentos e fenômenos e se vale da analogia como o homem também é refutada aqui. Ela seria parte de seus truques para desvalorizar o conhecimento objetivo, a razão e a ciência, parte de seu projeto de mudar todos os valores: analisar um animal enquanto mamífero não seria, de forma alguma, a mesma coisa que atribuir, antropomorficamente, agir como um hindu que atribui um tsunami à ira de uma deusa. Nietzsche, para diminuir a ciência, age dessa forma. O quase-materialismo de Nietzsche decorre do fato de que, se ele aceitasse totalmente o materialismo, teria que aceitar o conhecimento objetivo.
No decorrer da coletânea, a fase iluminista é sempre valorizada em oposição à fase inicial e final. Não se pensa aqui nenhuma virada retórica em Nietzsche; ele seria um vitalista monista, mas que não pode evitar que questões metafísicas envolvem a temática da vida, da maneira como ela a aborda. Boyer cita que a interpretação conservadora de Nietzsche deve ser levada a sério: para ele, Nietzsche é imoralista, elitista imbecil, sua moral é inútil e não permite combater Le Pen, por exemplo. Nietzsche é um pensador da aristocracia e da tradição, mas não um tradicionalista e aristocrático, pelo menos, não totalmente.
Sponville coloca sempre Nietzsche x Spinoza. Vida, para Nietzsche, seria equivalente a ser. No entanto, para o materialista, a vida é somente um acidente e não há essência. Mais uma de suas artimanhas é desvendada. Alguém como Nietzsche fala mal, ao mesmo tempo, dos judeus e dos antissemitas. Nietzsche seria um antissemita com ódio de si mesmo, seus inimigos seriam antes tirados de si mesmo do que realmente existentes. Quando ele, que vivia boa parte do ano inválido, doente, fala dos fracos, está fazendo introspecção, o nosso filósofo para todos os gostos –e desgostos. Os autores –um nietzschiano os consideraria um só corpo com muitos membros ou tentáculos -- recusam também o ponto de vista marxista e se colocam mais próximos da democracia liberal. Eles se movem pelo desgosto com o Nietzsche que inspirou o pensamento 68 e que, naquele ano de 1993, estão providencialmente derrotados.
Na metafísica de Nietzsche, a subjetividade é absoluta. É uma subjetividade do corpo, dos instintos e da vontade de potência. Nietzsche teria, a propósito de tudo, duas opiniões. O processo é o seguinte: alguém refuta uma frase de Nietzsche. No entanto, aí chega um nietzscheano, e eles existem às pencas, e diz que Nietzsche diz o oposto, fazendo a delícia do comentador e o tormento dos que não seguem Nietzsche, que é o caso dos autores dessa coletânea, que pensam Nietzsche, mas que não se pretendem nietzschianosSponville bate com força: Nietzsche é defensor da besta loura germânica, do sofista e do esteta; do sofista como falastrão que engana, da besta loura como apologia do racismo germânico e do esteta como cínico e entediado admirador da arte. Ele próprio seria um tipo mais refinado de sofista: Nietzsche, o Cálicles de nosso tempo. Ele seria alguém que, ao se colocar no lugar da não-verdade, mesmo assim quer criticar a todos. Ele é o sabichão que sabe “a verdade da não-verdade”, que fala que não há fatos, só interpretações. Mas e essa frase, é fato, ou interpretação?
O motivo-guia para entender o sofista refinado que seria Nietzsche seria que a verdade para Nietzsche só é verdade se ela tem valor para a vida. O vitalismo comanda. Conhecer é avaliar, só avalia bem quem avalia em função dos desejos. Dogmatismo e sofística se casam. Ele é além do verdadeiro e do falso. Nietzsche produz, na França, a filosofia tagarela de Bataille, Blanchot, Derrida, etc, ou seja, blá blá blá sofístico. O que resta? Restam avaliações subjetivas de um criador de valor. O nietzschianismo é uma monadologia sem Deus, sem mônadas. Se não há verdade, como saber se Dreyfus era culpado, se os nazistas incendiaram o parlamento? Nietzsche quis livrar-se da lógica, da moral. Para o esteta, a estética ocupa o lugar delas.
Em estética, Nietzsche opõe estetismo a moralismo, preferindo sempre uma bela mentira a uma verdade feia. Para Nietzsche, a arte é que faz um mundo, o mais profundo é a aparência. Se Boyer e Comte-Sponville atacam Nietzsche e sua interpretação libertária, Vincent Descombes se prolonga ao descascar Deleuze e Foucault, que tacha de irresponsáveis, tolerantes com as frases estúpidas de Nietzsche, contraditórios ao repor uma dialética onde há uma filosofia alérgica à dialética. Ele observa, argutamente, que o Marx de Foucalt é o Marx do revisionismo, do relatório Kruschev, é o Marx anti-Lênin. Descombes não considera que Nietzsche pense bem a vida em sociedade. Para ele, esses conceitos nos levariam a pensar que a domesticação do cavalo foi um dos momentos mais importantes da história, dentre bobagens.
Descombes não concorda, no entanto, com a filosofia de Habermas, que opõe os nietzschianos ao seu projeto de modernidade. Isso seria confundir Nietzsche com um reacionário qualquer. E esse é o ponto de Luc Ferry e Alain Renaut: Nietzsche é moderno, mas ao mesmo tempo é anti-moderno. Robert Legros considera que Nietzsche tenta abolir tanto a metafísica platônica quanto o materialismo, mas que a simples inversão do platonismo não contemplaria a concepção de Nietzsche. Ele não acredita no sensível tal como Platão o define. Invertendo o platonismo ainda não se seria nietzschiano.
Para Philippe Raynaud, autor de Nietzsche educador e crítico da modernidade, traçando um paralelo revelador entre Weber e Nietzsche. É o texto mais misericordioso com Nietzsche, mas mesmo assim observa que Weber se inspira em Nietzsche em alguns conceitos como o de carisma e desencantamento do mundo, assim como sua oposição à filosofia da história, mas mesmo assim não leva até o fim a crítica de Nietzsche à ciência e à razão. Weber privilegia o Nietzsche da fase iluminista, mas mesmo assim Legros observa que Nietzsche faz a apologia da loucura como importante para destruir a tradição, mas apologia da loucura, bem entendido. A fase racionalista estaria inserida numa moldura irracionalista.
Robert Legros fala da metafísica nietzschiana da vida. Ela acabaria repondo a dualidade entre humanidade e natureza. Nietzsche (como sempre) fala muito em sujeito soberano, em espírito livre, mas também tem uma posição oposta e busca dissolver o eu. A natureza pensa ao se conservar, enquanto o homem não é de fato um sujeito e sim um corpo pensante. O homem não pensa: é pensado por seu corpo. Se o belo é o que faz crescer a vida, então o belo talvez fosse natural. Pensando assim, Nietzsche ora pensa num dualismo radical, ora tenta superar a metafísica. A forma como Nietzsche opõe o senhor e o escravo opõe o pensamento como processo e o processo sem sujeito. Está de volta, novamente, a velha metafísica que se queria afastar no berro e na base da martelada.
O texto mais frágil da coletânea é o de Taguieff, que encontra influências de Nietzsche na Action Française (movimento nacionalista de direita francês) dos anos 30, o que não deixa de ser comprometedor, pois aí Nietzsche é posto ao lado de nacionalistas, monarquistas e católicos. É evidente que Nietzsche urraria para não ser misturado com eles. Ele observa que a transmutação de todos os valores é algo indesejável, pois nem todos os valores precisam ser mudados. A metáfora alquímica traz, inclusive, a idéia de ascetismo, parte da metafísica que deveria ter sido abandonada. Como Taguieff deixa subentendido, Nietzsche sonhava em ser adotado como ideólogo pelo estado imperialista alemão, bastando para isso que o Reich abandonasse o evangelho dos humildes. Nietzsche sonharia em fazer sucesso como o sucesso do imperialismo e teria se preparado para isso, o que explicaria seu sucesso no momento atual. Mesmo que ele se disfarce em máscaras e metáforas para evitar os conceitos, fica claro que Nietzsche não pretendia mudar o sistema econômico –do qual não entende patavina – e sim somente os valores, o que desde sempre naufragaria em besteira.
O foco, como não poderia deixar de ser, é o nietzscheanismo francês: é uma antologia que ataca Nietzsche, mas visa principalmente Deleuze e Foucault. Para tanto, mais de um desses autores refuta a combinação Marx, Nietzsche e Freud. Nietzsche e Marx, combinados, são associados ao Gulag e a Auschwitz pelo exaltado André Comte-Sponville, que é ao mesmo tempo o mais próximo de Nietzsche e o seu crítico mais apaixonado e virulento, produzindo aquele que é, de longe, o melhor texto da coletânea, o mais divertido e completo. André vai o fundo de Nietzsche, ao que há mais profundamente nietzschiano e ali planta a sua bomba e seu riso. Ele vai além de colocar Nietzsche contra Nietzsche, aliás, todos vão. O objetivo é impugnar a leitura libertária que Foucault faz de Nietzsche: Nietzsche deveria ter uma leitura conservadora, somente. No entanto, raramente se ataca Foucault de frente.
Alain Boyer, no primeiro ensaio, define que os pensadores que definem o século XXI são Nietzsche e Frege. Os problemas do século giram em torno da democracia, do mercado e da ciência. Embora nada saiba sobre mercado, Nietzsche pensou radicalmente sobre esses dois últimos. Boyer só está de acordo com o Nietzsche de A Gaia Ciência, o da fase iluminista. Mesmo assim, ele avisa que ali também há passagens onde há ignorância. Para Boyer, não há sentido em falar, como alguns nietzschianos falam, que Nietzsche recusaria uma avaliação porque a relacionava à dialética. Pelo contrário: ele é um obcecado com avaliação, hierarquia, ele é sempre um professor avaliando tudo, uma eterna obsessão anti-igualitária que perpassaria toda a obra. Ele propõe não interpretar Nietzsche e sim tomá-lo ao pé da letra. No fundo, essa interpretação tem a finalidade de impugnar Foucault e sua leitura de Nietzsche. Para Boyer, Nietzsche tenta substituir o imperativo categórico pelo imperativo da natureza, ponto que será retomado por outros autores da coletânea como Comte-Sponville.
Para Sponville, Nietzsche seria um quase-materialista, mas seu materialismo é um materialismo grosseiro e bárbaro e não um fisicalista usando linguagem figurada, nem Nietzsche aceitaria o materialismo enquanto método. A forma como Nietzsche toma todos os movimentos e fenômenos e se vale da analogia como o homem também é refutada aqui. Ela seria parte de seus truques para desvalorizar o conhecimento objetivo, a razão e a ciência, parte de seu projeto de mudar todos os valores: analisar um animal enquanto mamífero não seria, de forma alguma, a mesma coisa que atribuir, antropomorficamente, agir como um hindu que atribui um tsunami à ira de uma deusa. Nietzsche, para diminuir a ciência, age dessa forma. O quase-materialismo de Nietzsche decorre do fato de que, se ele aceitasse totalmente o materialismo, teria que aceitar o conhecimento objetivo.
No decorrer da coletânea, a fase iluminista é sempre valorizada em oposição à fase inicial e final. Não se pensa aqui nenhuma virada retórica em Nietzsche; ele seria um vitalista monista, mas que não pode evitar que questões metafísicas envolvem a temática da vida, da maneira como ela a aborda. Boyer cita que a interpretação conservadora de Nietzsche deve ser levada a sério: para ele, Nietzsche é imoralista, elitista imbecil, sua moral é inútil e não permite combater Le Pen, por exemplo. Nietzsche é um pensador da aristocracia e da tradição, mas não um tradicionalista e aristocrático, pelo menos, não totalmente.
Sponville coloca sempre Nietzsche x Spinoza. Vida, para Nietzsche, seria equivalente a ser. No entanto, para o materialista, a vida é somente um acidente e não há essência. Mais uma de suas artimanhas é desvendada. Alguém como Nietzsche fala mal, ao mesmo tempo, dos judeus e dos antissemitas. Nietzsche seria um antissemita com ódio de si mesmo, seus inimigos seriam antes tirados de si mesmo do que realmente existentes. Quando ele, que vivia boa parte do ano inválido, doente, fala dos fracos, está fazendo introspecção, o nosso filósofo para todos os gostos –e desgostos. Os autores –um nietzschiano os consideraria um só corpo com muitos membros ou tentáculos -- recusam também o ponto de vista marxista e se colocam mais próximos da democracia liberal. Eles se movem pelo desgosto com o Nietzsche que inspirou o pensamento 68 e que, naquele ano de 1993, estão providencialmente derrotados.
Na metafísica de Nietzsche, a subjetividade é absoluta. É uma subjetividade do corpo, dos instintos e da vontade de potência. Nietzsche teria, a propósito de tudo, duas opiniões. O processo é o seguinte: alguém refuta uma frase de Nietzsche. No entanto, aí chega um nietzscheano, e eles existem às pencas, e diz que Nietzsche diz o oposto, fazendo a delícia do comentador e o tormento dos que não seguem Nietzsche, que é o caso dos autores dessa coletânea, que pensam Nietzsche, mas que não se pretendem nietzschianosSponville bate com força: Nietzsche é defensor da besta loura germânica, do sofista e do esteta; do sofista como falastrão que engana, da besta loura como apologia do racismo germânico e do esteta como cínico e entediado admirador da arte. Ele próprio seria um tipo mais refinado de sofista: Nietzsche, o Cálicles de nosso tempo. Ele seria alguém que, ao se colocar no lugar da não-verdade, mesmo assim quer criticar a todos. Ele é o sabichão que sabe “a verdade da não-verdade”, que fala que não há fatos, só interpretações. Mas e essa frase, é fato, ou interpretação?
O motivo-guia para entender o sofista refinado que seria Nietzsche seria que a verdade para Nietzsche só é verdade se ela tem valor para a vida. O vitalismo comanda. Conhecer é avaliar, só avalia bem quem avalia em função dos desejos. Dogmatismo e sofística se casam. Ele é além do verdadeiro e do falso. Nietzsche produz, na França, a filosofia tagarela de Bataille, Blanchot, Derrida, etc, ou seja, blá blá blá sofístico. O que resta? Restam avaliações subjetivas de um criador de valor. O nietzschianismo é uma monadologia sem Deus, sem mônadas. Se não há verdade, como saber se Dreyfus era culpado, se os nazistas incendiaram o parlamento? Nietzsche quis livrar-se da lógica, da moral. Para o esteta, a estética ocupa o lugar delas.
Em estética, Nietzsche opõe estetismo a moralismo, preferindo sempre uma bela mentira a uma verdade feia. Para Nietzsche, a arte é que faz um mundo, o mais profundo é a aparência. Se Boyer e Comte-Sponville atacam Nietzsche e sua interpretação libertária, Vincent Descombes se prolonga ao descascar Deleuze e Foucault, que tacha de irresponsáveis, tolerantes com as frases estúpidas de Nietzsche, contraditórios ao repor uma dialética onde há uma filosofia alérgica à dialética. Ele observa, argutamente, que o Marx de Foucalt é o Marx do revisionismo, do relatório Kruschev, é o Marx anti-Lênin. Descombes não considera que Nietzsche pense bem a vida em sociedade. Para ele, esses conceitos nos levariam a pensar que a domesticação do cavalo foi um dos momentos mais importantes da história, dentre bobagens.
Descombes não concorda, no entanto, com a filosofia de Habermas, que opõe os nietzschianos ao seu projeto de modernidade. Isso seria confundir Nietzsche com um reacionário qualquer. E esse é o ponto de Luc Ferry e Alain Renaut: Nietzsche é moderno, mas ao mesmo tempo é anti-moderno. Robert Legros considera que Nietzsche tenta abolir tanto a metafísica platônica quanto o materialismo, mas que a simples inversão do platonismo não contemplaria a concepção de Nietzsche. Ele não acredita no sensível tal como Platão o define. Invertendo o platonismo ainda não se seria nietzschiano.
Para Philippe Raynaud, autor de Nietzsche educador e crítico da modernidade, traçando um paralelo revelador entre Weber e Nietzsche. É o texto mais misericordioso com Nietzsche, mas mesmo assim observa que Weber se inspira em Nietzsche em alguns conceitos como o de carisma e desencantamento do mundo, assim como sua oposição à filosofia da história, mas mesmo assim não leva até o fim a crítica de Nietzsche à ciência e à razão. Weber privilegia o Nietzsche da fase iluminista, mas mesmo assim Legros observa que Nietzsche faz a apologia da loucura como importante para destruir a tradição, mas apologia da loucura, bem entendido. A fase racionalista estaria inserida numa moldura irracionalista.
Robert Legros fala da metafísica nietzschiana da vida. Ela acabaria repondo a dualidade entre humanidade e natureza. Nietzsche (como sempre) fala muito em sujeito soberano, em espírito livre, mas também tem uma posição oposta e busca dissolver o eu. A natureza pensa ao se conservar, enquanto o homem não é de fato um sujeito e sim um corpo pensante. O homem não pensa: é pensado por seu corpo. Se o belo é o que faz crescer a vida, então o belo talvez fosse natural. Pensando assim, Nietzsche ora pensa num dualismo radical, ora tenta superar a metafísica. A forma como Nietzsche opõe o senhor e o escravo opõe o pensamento como processo e o processo sem sujeito. Está de volta, novamente, a velha metafísica que se queria afastar no berro e na base da martelada.
O texto mais frágil da coletânea é o de Taguieff, que encontra influências de Nietzsche na Action Française (movimento nacionalista de direita francês) dos anos 30, o que não deixa de ser comprometedor, pois aí Nietzsche é posto ao lado de nacionalistas, monarquistas e católicos. É evidente que Nietzsche urraria para não ser misturado com eles. Ele observa que a transmutação de todos os valores é algo indesejável, pois nem todos os valores precisam ser mudados. A metáfora alquímica traz, inclusive, a idéia de ascetismo, parte da metafísica que deveria ter sido abandonada. Como Taguieff deixa subentendido, Nietzsche sonhava em ser adotado como ideólogo pelo estado imperialista alemão, bastando para isso que o Reich abandonasse o evangelho dos humildes. Nietzsche sonharia em fazer sucesso como o sucesso do imperialismo e teria se preparado para isso, o que explicaria seu sucesso no momento atual. Mesmo que ele se disfarce em máscaras e metáforas para evitar os conceitos, fica claro que Nietzsche não pretendia mudar o sistema econômico –do qual não entende patavina – e sim somente os valores, o que desde sempre naufragaria em besteira.
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Nietzche,
Porque não somos nietzscheanos
Uma carta de Gerson Soares de Melo
2012: O ANO DA RESSURREIÇÃO DAS ESQUERDAS
Materialista quer dizer que o mundo se apresenta como matéria em movimento, não quer dizer, por exemplo, que Marx ou os marxistas proclamem que Deus não existe. Sobre Deus, não há qualquer conclusão científica. O que foi afirmado por Feuerbach e que Marx encampou foi que a religião organizada, em nosso mundo, é a transferência das potencialidades do homem para uma outra esfera, a dos sacerdotes que são os intermediários de Deus. Analisando Deus da forma como é representada pelas igrejas, o marxismo aponta que a religião foi criada pelos homens e que sua criação passou, depois, a governá-los com regras e preceitos para atingir a salvação.
Seria preciso, então, negar uma determinada concepção de religião, aquela que ajuda a esconder a opressão e a exploração do homem pelo homem. A partir dessa crítica negativa, muitos entenderam que o marxismo proclama que “Deus não existe” ou que pretende sumariamente abolir as religiões ou, ainda, que seria legítimo fazer uma leitura da arte enquanto “sexo sublimado”. No entanto, os marxistas têm evoluído no sentido de criticar a visão positivista (predominante no tempo de Marx) e que privilegia a ciência em prol das outras formas de conhecimento organizado que são a arte e a religião, evoluindo no sentido de respeitar o valor e o direito de existir dessas outras formas de conhecimento.
O escrito acima, retirado do trabalho Marx Hoje: Alguns Conceitos Introdutórios, escrito pelo jovem filósofo brasileiro Lúcio Junior, ora, se sua essência estivesse presente na mente de todos os marxistas com certeza, absoluta certeza, não somente o socialismo não teria caído como ele teria se espalhado para toda a terra. A terra inteira teria se convertido no paraíso socialista.
Por que a essência desta visão de Lúcio Junior, sem a pretensão, é ela a única visão que teria evitado a derrocada do Marxismo. A rigor, foi percepção de que ela não esteve na mente dos marxistas – como deveria estar – que fez com que os primeiros luminares da Escola de Frankfurt, em especial Horkheimer, fizessem o diagnóstico de que à revolução estava posto a decisão fundamental: ou se livrar de uma visão atéia do mundo ou acabar se apartando das massas (certamente que a Escola de Frankfurt, ao menos no início, partiu não de uma visão filosófica, mas pragmática. Ao invés de lutar para limpar da mente das massas algo que não tinha como sair, estava enraizado no profundo de sua alma, então fazer uso deste algo de modo a despertar na mente popular que ele está de acordo com o ideal revolucionário, e não com o ideal dos opressores).
Mas, se os marxistas não tiveram essa visão lúcida assim como aparece no escrito de Lúcio Junior, a verdade é que tem chegado o tempo de também tê-la. A rigor, será neste preciso momento que então os marxistas começarão a sair do profundo coma em que se encontram desde o final da década de 80 para reviver os dias de glória, quando eram um só com as massas populares. Se o vaticínio dos primeiros luminares da Escola de Frankfurt se concretizou, a revolução acabou se apartando das massas populares que hoje estão na mão e no domínio dos escribas do imperialismo (e dos seus bugios, lembrando Brizola), a verdade é que a essência do escrito de Lúcio Junior abre espaço para que seja novamente reatada a união em corpo único da revolução com as massas populares.
Mas é preciso esclarecer: não foi por acaso ou acidente que os marxistas no início tomaram e assumiram uma postura que custou caro à revolução. Ter enveredado por um caminho que rejeitava e excluía por completo todo e qualquer conhecimento oriundo da religião e todo e qualquer conhecimento fundado na metafísica, tratou-se de uma necessidade. Primeiro, o conhecimento passa pela via do imperfeito para chegar ao perfeito. Do acidente para chegar à essência. É o seu devir dialético. Segundo, esta visão dos marxistas, contrários à religião e à metafísica, antes de estar neles esteve antes em Deus. Deus tinha um juízo para proferir contra todo o universo da religião, incluso o Deus de sua metafísica. No seu juízo Deus os iria rejeitar por completo, no conjunto de sua obra, como está ali no profeta Sofonias, tanto os sacerdotes do Deus Altíssimo como os sacerdotes dos deuses pagãos iriam sentir e conhecer contra si toda a ira divina. E é certo, muito certo, que toda a preparação para o cumprimento da escatologia conforme se acha no profeta Sofonias começou mesmo a se formar com Feuerbach. Começando por Feuerbach, passando por Marx, a ira divina então iria ser derramado justamente com a revolução. Os sacerdotes do Altíssimo, bem como os sacerdotes de deuses pagãos, com todo o conjunto de sua obra, os príncipes, o rei, os que usavam vestuário estrangeiro (burguesia), os que pesavam a prata (comerciantes), os poderosos (governantes desta escuridão), iriam clamar amargamente e nem a sua prata e nem o seu ouro os iria livrar da ira divina (Sofonias 1.1-18).
Mas, é preciso este esclarecimento: os vaticínios do profeta Sofonias foram originariamente endereçados à Judá. Foram proferidos cerca de quarenta anos antes da destruição de Judá por parte do rei caldeu Nabucodonozor. Sofonias está profetizando sobre a destruição de Judá, é verdade, mas o seu vaticínio, abarcando e transcendendo a questão de Judá, convertido em escatologia, acaba por alcançar, também, a destruição da Cristandade por parte da revolução. A ira que Deus derramou contra a impenitente e rebelde Judá por intermédio de Nabucodonozor e os caldeus, a quem chama de Meu Servo, é também a ira que Deus vai derramar contra a Cristandade por intermédio de Lênin e dos revolucionários. Destarte, a ação de Nabucodonozor contra Judá iria ser repetida passo a passo pela revolução, mesmo porque a Cristandade repetia passo a passo a já julgada infiel e rebelde, Judá.
No entanto Sofonias profetizando a destruição de Judá-Cristandade não realizava toda a escatologia, senão que parte dela. A escatologia iria ter duas seções, dois momentos distintos. De fato, se encontramos o profeta Sofonias vaticinando escatologicamente contra a Cristandade, por outro encontramos o profeta Isaías também de posse de um vaticínio escatológico. De modo que não somente Sofonias vaticina sobre o Grande Dia de Deus, mas também há vaticínio do profeta Isaías sobre este grande dia.
No entanto o objeto de Isaías por certo que não é o mesmo de Sofonias. Se Sofonias pode ver a destruição da Cristandade por parte da revolução prefigurada na destruição de Judá, por Nabucodonozor, ora, a escatologia de Isaías é concebida a partir da conquista de Babilônia por Ciro. Assim como uma Nova Judá iria se manifestar, a Cristandade, de igual modo uma Nova Babilônia iria se manifestar; e, se uma nova ação caldéia iria se manifestar, o que se deu com a revolução, de igual modo uma nova ação de Ciro iria se manifestar. De fato, tal está profetizado no livro do Apocalipse sobre o aparecimento DOS REIS DO NASCENTE DO SOL (Apocalipse 16..12), que são forças que revivem as forças de medos e persas que conquistou Babilônia e libertaram o povo de Deus no seu meio com os cativos voltando novamente para Judá. E agora estas novas forças dos reis do nascente do sol irão libertar a inteira humanidade do domínio do imperialismo e o seu, conseqüente, retorno para o paraíso de Deus.
E é certo, muito certo, que assim como a ação de Deus no fundamento tipológico se deslocou de Nabucodonozor para Ciro, no fundamento escatológico tem chegado o momento do Dia de Deus se deslocar da ação da Revolução contra a Cristandade e o conjunto de sua obra para a ação da conquista de Babilônia, a Grande, aquela que todas as nações caíram vítimas por causa do vinho da ira de sua fornicação, e os reis da terra cometeram fornicação com ela, e os comerciantes viajantes da terra ficaram ricos devido ao poder de sua impudente luxúria, Apocalipse18.
E é certo que o pensamento de Lúcio Junior, separando o trigo do joio, pondo dum lado Deus e de outro as religiões organizadas que passaram a se utilizar do seu nome para seus próprios propósitos (Isaías 4.1), abre caminho para o cumprimento da escatologia do profeta Isaías. Para a mudança de estação no operar dialético da revolução, pois que ela se desloca de uma situação que reviveu os dramáticos acontecimentos da destruição de Judá para a nova situação em que ela revive os acontecimentos da conquista de Babilônia por parte de Ciro à frente de medos e persas. E será agora, e somente agora, que podemos dizer tem chegado o momento em que os marxistas começarão a se levantar do coma profundo que estão desde o final da década de 80. Pois ao surgir no horizonte possibilidade concreta da união dos marxistas com os cristãos, ora, podemos dizer com certeza que é a revolução ressuscitando, se Levantando dentre os mortos. Pois se ela perdeu a força do apoio dos camponeses e dos operários das cidades, por conta do já falado vaticínio dos primeiros luminares da Escola de Frankfurt, em conexão com a criação de leis trabalhistas e de melhoria da vida de um modo geral, que abrandou o fervor revolucionário, agora a revolução vai buscar as forças que perdeu justamente nos cristãos. Os sindicatos de ontem, onde ali se discutia os passos da revolução, serão agora as igrejas espalhadas por toda a periferia das cidades. Porque são os dois lados que estão sofrendo profunda mudança – não somente a revolução está se deslocando da escatologia do profeta Sofonias para a escatologia do profeta Isaías como a Cristandade está se deslocando do castigo de Nabucodonozor para a libertação de Ciro –, ora, nas igrejas, onde se discutia os modos para agradar a Deus, e como encontrar o caminho da vida eterna, agora se discute abertamente (Mateus 7.22) o modo de superar o moribundo sistema capitalista e instaurar no lugar o sistema socialista. Porque então nas igrejas se descobre que esta é a vontade de Deus.
Pois é, o escrito de Lúcio Junior abre as possibilidades para a formação desta nova confederação de povos, cristãos e marxistas, que se unirão para libertar a inteira humanidade do domínio nefasto do imperialismo, desde o pólo norte ao pólo sul, desde o Congo à Bolívia, desde os Estados Unidos á Rússia, pois o imperialismo sobrevive do escravizar, os que estão pertos e os que estão longe.
Destarte, nesta virada de estação, os marxistas voltando o seu olhar para o início do primeiro século, compreendendo na essência o que foi de fato o movimento trazido por Jesus, a salvação absoluta do gênero humano, que se concretizaria no devir histórico, no absoluto total da História, o seu tempo teológico e o seu tempo antropológico, do qual o Marxismo foi parte sim, a sua libertação material, a libertação do Egito, ao passo que o Cristianismo foi a sua libertação espiritual, a libertação de Sodoma, sim, o reconhecimento de que o corpo do Cristianismo é parte do corpo do Socialismo, carne e unha, um só espírito, que no sangue dos jovens cristãos e de seus pais derramados nos coliseus de Roma e no sangue dos jovens marxistas e de seus líderes derramados nos porões das ditaduras é que se gestava o reino da liberdade concreta, em que cada um tem segundo as suas necessidades, ora, é neste preciso momento que a pedra que foi rolada sobre a sepultura da revolução para que ele nunca mais se levantasse estará sendo rolada. E a revolução estará se levantando novamente, em vestes novas, imperecível, revivendo todas as suas glórias do passado, agora numa proporção muito mais gloriosa, pois, deveras, as glórias da segunda casa da revolução – Deus dizendo para Marx: senta-te à minha direita, até que meu filho Jesus ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés – serão muito maiores do que as glórias da primeira casa da revolução.
Ora, esta mudança de estação implica que os marxistas terão de abandonar a antiga crítica à religião e à metafísica, assim como ela começou a ganhar forma em Feuerbach, a fim de ganhar o favor dos cristãos e, assim, se levantar do coma profundo em que se acha? Que isto nunca aconteça!
Os marxistas devem continuar com o seu juízo negativo sobre religião e metafísica, primeiro, como já dito, provém de Deus que não os concebeu gratuitamente, mas por necessidade. Está escrito ali no livro do profeta Sofonias: e vou causar aflição à humanidade, e hão de andar como cegos; porque foi contra Javé que eles pecaram. E está reafirmado em uma das cartas paulinas: o nome de Deus está sendo blasfemado entre as nações por causa de vós. A crítica à religião por parte dos marxistas tem de continuar. Não deve cessar enquanto existir a Cristandade, até que no seu lugar se manifeste a religião genuína de Jesus Cristo, decodificada no profeta Isaías: Ouvi a Palavra de Javé, ditadores de Sodoma. Daí ouvidos à lei de nosso Deus, povo de Gomorra. “De que me serve a multidão dos vossos sacrifícios?”, diz Javé. “Já estou farto dos holocaustos de carneiros e da gordura de animais bem cevados; e não me agrado do sangue de novilhos, e de cordeiros, e de cabritos. Quando estais entrando para ver a minha face, quem é que requereu isso da minha mão, pisar meus pátios? Parai de trazer mais ofertas de cereais sem valor algum. Incenso – é algo detestável para mim. Lua nova e sábado, a convocação de um congresso – não posso tolerar o uso de poder mágico junto com a assembléia solene. Minha alma tem odiado as vossas luas novas e as vossas épocas festivas. Tornaram-se para mim um fardo; fiquei cansado de suportá-las. E quando estendeis as palmas de vossas mãos, oculto de vós os meus olhos. Embora façais muitas orações, não escuto; as vossas próprias mãos se encheram de derramamento de sangue. Lavai-vos; limpai-vos; removei a ruindade das vossas ações de diante dos meus olhos; cessai de fazer o mal. Aprendei a fazer o bem; buscai a justiça; endireitai o opressor; fazei julgamento para o menino órfão de pai; pleiteai a causa da viúva” (Isaías 1).
É verdade, não devem cessar a sua crítica á metafísica, pois esta é a condição para que o Deus que era, e que é, cedam o lugar para o Deus que vem! Destarte, o povo marxista deve tomar para si as lições de Apocalipse 14, mantendo a sua castidade e não se poluindo com “mulheres”, mas cuidando para estar junto com o Cordeiro no Monte Sião, cantando com ele o cântico como que novo e o seguindo para onde quer que vá. Devem cuidar para serem os primeiros que receberão das mãos do Cordeiro O SEU NOVO NOME (Apocalipse 3..12).
O que os marxistas não fizeram, mas agora terão de fazer, é ter interesse pela Palavra de Deus. É ler a Bíblia com o mesmo interesse que liam O Capital. É ler a Bíblia com o mesmo interesse que a lê um professor de Teologia. Devem se interessar sobremaneira pela Palavra de Deus; e, na medida em que forem penetrando nos seus mistérios mais profundos, mais e mais a Cristandade estará passando, porque mais e mais estará aflorando a verdadeira religião de Cristo. Cada vez que lerem um livro e dominar os seus mistérios, mais e mais os pecados da cristandade, que se mostram como escarlate, serão tornados brancos como a neve. Embora sejam vermelhos como pano carmesin, tornar-se-ão como a lã.
Socialismo Celestial versus Escola de Frankfurt
Ora, sabemos que no final da década de vinte e início da década de trinta luminares da Escola de Frankfurt, conscientes de que a religião e a crença em Deus era algo enraizado na mente popular, unido não por laço acidental, mas essencial, não tiveram dificuldade em divisar num horizonte próximo a revolução se afastando das massas até a ruptura final.
Levantaram o sinal de aviso, tocaram a buzina, mas não foram ouvidos pelos condutores da revolução e da construção do socialismo real.
E não podiam mesmo ter dado ouvido à Escola de Frankfurt. Porque a sua proposta era tão somente que os marxistas se reconciliassem com a Cristandade. Tanto é que seus luminares voltaram a freqüentar os bancos religiosos da Cristandade, e os mais afoitos, como Roger Garaudy, os bancos religiosos do Islã.
Mas agora a proposta é diferente. Os marxistas deverão retornar à Cristandade sim, sentar no banco religioso da Cristandade sim, mas com a missão de expurgar para fora dela tudo o que é praticado para manter as massas alienada das condições terrenas, que são as suas condições próprias. Deverão ser a voz dos profetas no meio do povo religioso de Deus. Ensinando-os, os instruindo, no próprio caminho de Deus. Pois que os marxistas são depositários de um espírito privilegiado, em condições de compreender os desígnios e a vontade de Deus tais como são em si, sem a interferência e a mediação do poder da ideologia, a tal ponto que a Palavra de Deus em suas bocas chegará ao coração dos necessitados como água límpida, e não mais como água poluída, como assim veio a estar nas mãos da Cristandade.
Então para tudo há um tempo debaixo dos céus. E o tempo do final da década de 20 não foi o tempo da revolução, abandonar as armas da crítica religiosa, mas era um tempo em que a ira de Deus ainda estava acesa. Era um tempo em que Deus estava apenas começando a enviar o seu anjo que haveria de guardar a revolução pela estrada e introduzi-la no lugar que preparou, o socialismo. Era um tempo em que Deus estava apenas fortalecendo a mão do homem que iria erigir o socialismo real, Stálin, o enviando na frente como o seu anjo, como o seu Josué (Êxodo 23.20).. E eles não deveriam ter acordo com os habitantes da Cristandade. Não deveriam temer os seus latifundiários amorreus, os seus banqueiros hititas, os seus comerciantes perizeus, os seus chefes militares cananeus, os seus magistrados heveus, e os seus sacerdotes jebuseus, pois Deus certamente os eliminaria do seu meio. E destroçaria as suas colunas sagradas. Servindo unicamente a Javé, e não mais à casta dos opressores, como ocorria quando estavam no Egito.
É tempo novo, tempo da revolução se levantar dentre os mortos, todos estes que riram na queda do socialismo, e se entregaram aos prazeres enganosos do capitalismo. Que seja o ano de 2012 o ano da batalha do Armagedom, quando os marxistas levantando-se em vestes novas, com a força dos cristãos do seu lado, possa então dar o golpe de misericórdia ao capitalismo que agoniza, construindo no lugar uma nova ordem social quando plenamente efetivada as coisas velhas não serão mais lembradas e nem mais subirão ao coração. Certamente que neste ano de 2012 a força avassaladora de Javé (Isaías 2.10) estará levantando por dentro a revolução, para novas e grandes giestas.
Materialista quer dizer que o mundo se apresenta como matéria em movimento, não quer dizer, por exemplo, que Marx ou os marxistas proclamem que Deus não existe. Sobre Deus, não há qualquer conclusão científica. O que foi afirmado por Feuerbach e que Marx encampou foi que a religião organizada, em nosso mundo, é a transferência das potencialidades do homem para uma outra esfera, a dos sacerdotes que são os intermediários de Deus. Analisando Deus da forma como é representada pelas igrejas, o marxismo aponta que a religião foi criada pelos homens e que sua criação passou, depois, a governá-los com regras e preceitos para atingir a salvação.
Seria preciso, então, negar uma determinada concepção de religião, aquela que ajuda a esconder a opressão e a exploração do homem pelo homem. A partir dessa crítica negativa, muitos entenderam que o marxismo proclama que “Deus não existe” ou que pretende sumariamente abolir as religiões ou, ainda, que seria legítimo fazer uma leitura da arte enquanto “sexo sublimado”. No entanto, os marxistas têm evoluído no sentido de criticar a visão positivista (predominante no tempo de Marx) e que privilegia a ciência em prol das outras formas de conhecimento organizado que são a arte e a religião, evoluindo no sentido de respeitar o valor e o direito de existir dessas outras formas de conhecimento.
O escrito acima, retirado do trabalho Marx Hoje: Alguns Conceitos Introdutórios, escrito pelo jovem filósofo brasileiro Lúcio Junior, ora, se sua essência estivesse presente na mente de todos os marxistas com certeza, absoluta certeza, não somente o socialismo não teria caído como ele teria se espalhado para toda a terra. A terra inteira teria se convertido no paraíso socialista.
Por que a essência desta visão de Lúcio Junior, sem a pretensão, é ela a única visão que teria evitado a derrocada do Marxismo. A rigor, foi percepção de que ela não esteve na mente dos marxistas – como deveria estar – que fez com que os primeiros luminares da Escola de Frankfurt, em especial Horkheimer, fizessem o diagnóstico de que à revolução estava posto a decisão fundamental: ou se livrar de uma visão atéia do mundo ou acabar se apartando das massas (certamente que a Escola de Frankfurt, ao menos no início, partiu não de uma visão filosófica, mas pragmática. Ao invés de lutar para limpar da mente das massas algo que não tinha como sair, estava enraizado no profundo de sua alma, então fazer uso deste algo de modo a despertar na mente popular que ele está de acordo com o ideal revolucionário, e não com o ideal dos opressores).
Mas, se os marxistas não tiveram essa visão lúcida assim como aparece no escrito de Lúcio Junior, a verdade é que tem chegado o tempo de também tê-la. A rigor, será neste preciso momento que então os marxistas começarão a sair do profundo coma em que se encontram desde o final da década de 80 para reviver os dias de glória, quando eram um só com as massas populares. Se o vaticínio dos primeiros luminares da Escola de Frankfurt se concretizou, a revolução acabou se apartando das massas populares que hoje estão na mão e no domínio dos escribas do imperialismo (e dos seus bugios, lembrando Brizola), a verdade é que a essência do escrito de Lúcio Junior abre espaço para que seja novamente reatada a união em corpo único da revolução com as massas populares.
Mas é preciso esclarecer: não foi por acaso ou acidente que os marxistas no início tomaram e assumiram uma postura que custou caro à revolução. Ter enveredado por um caminho que rejeitava e excluía por completo todo e qualquer conhecimento oriundo da religião e todo e qualquer conhecimento fundado na metafísica, tratou-se de uma necessidade. Primeiro, o conhecimento passa pela via do imperfeito para chegar ao perfeito. Do acidente para chegar à essência. É o seu devir dialético. Segundo, esta visão dos marxistas, contrários à religião e à metafísica, antes de estar neles esteve antes em Deus. Deus tinha um juízo para proferir contra todo o universo da religião, incluso o Deus de sua metafísica. No seu juízo Deus os iria rejeitar por completo, no conjunto de sua obra, como está ali no profeta Sofonias, tanto os sacerdotes do Deus Altíssimo como os sacerdotes dos deuses pagãos iriam sentir e conhecer contra si toda a ira divina. E é certo, muito certo, que toda a preparação para o cumprimento da escatologia conforme se acha no profeta Sofonias começou mesmo a se formar com Feuerbach. Começando por Feuerbach, passando por Marx, a ira divina então iria ser derramado justamente com a revolução. Os sacerdotes do Altíssimo, bem como os sacerdotes de deuses pagãos, com todo o conjunto de sua obra, os príncipes, o rei, os que usavam vestuário estrangeiro (burguesia), os que pesavam a prata (comerciantes), os poderosos (governantes desta escuridão), iriam clamar amargamente e nem a sua prata e nem o seu ouro os iria livrar da ira divina (Sofonias 1.1-18).
Mas, é preciso este esclarecimento: os vaticínios do profeta Sofonias foram originariamente endereçados à Judá. Foram proferidos cerca de quarenta anos antes da destruição de Judá por parte do rei caldeu Nabucodonozor. Sofonias está profetizando sobre a destruição de Judá, é verdade, mas o seu vaticínio, abarcando e transcendendo a questão de Judá, convertido em escatologia, acaba por alcançar, também, a destruição da Cristandade por parte da revolução. A ira que Deus derramou contra a impenitente e rebelde Judá por intermédio de Nabucodonozor e os caldeus, a quem chama de Meu Servo, é também a ira que Deus vai derramar contra a Cristandade por intermédio de Lênin e dos revolucionários. Destarte, a ação de Nabucodonozor contra Judá iria ser repetida passo a passo pela revolução, mesmo porque a Cristandade repetia passo a passo a já julgada infiel e rebelde, Judá.
No entanto Sofonias profetizando a destruição de Judá-Cristandade não realizava toda a escatologia, senão que parte dela. A escatologia iria ter duas seções, dois momentos distintos. De fato, se encontramos o profeta Sofonias vaticinando escatologicamente contra a Cristandade, por outro encontramos o profeta Isaías também de posse de um vaticínio escatológico. De modo que não somente Sofonias vaticina sobre o Grande Dia de Deus, mas também há vaticínio do profeta Isaías sobre este grande dia.
No entanto o objeto de Isaías por certo que não é o mesmo de Sofonias. Se Sofonias pode ver a destruição da Cristandade por parte da revolução prefigurada na destruição de Judá, por Nabucodonozor, ora, a escatologia de Isaías é concebida a partir da conquista de Babilônia por Ciro. Assim como uma Nova Judá iria se manifestar, a Cristandade, de igual modo uma Nova Babilônia iria se manifestar; e, se uma nova ação caldéia iria se manifestar, o que se deu com a revolução, de igual modo uma nova ação de Ciro iria se manifestar. De fato, tal está profetizado no livro do Apocalipse sobre o aparecimento DOS REIS DO NASCENTE DO SOL (Apocalipse 16..12), que são forças que revivem as forças de medos e persas que conquistou Babilônia e libertaram o povo de Deus no seu meio com os cativos voltando novamente para Judá. E agora estas novas forças dos reis do nascente do sol irão libertar a inteira humanidade do domínio do imperialismo e o seu, conseqüente, retorno para o paraíso de Deus.
E é certo, muito certo, que assim como a ação de Deus no fundamento tipológico se deslocou de Nabucodonozor para Ciro, no fundamento escatológico tem chegado o momento do Dia de Deus se deslocar da ação da Revolução contra a Cristandade e o conjunto de sua obra para a ação da conquista de Babilônia, a Grande, aquela que todas as nações caíram vítimas por causa do vinho da ira de sua fornicação, e os reis da terra cometeram fornicação com ela, e os comerciantes viajantes da terra ficaram ricos devido ao poder de sua impudente luxúria, Apocalipse18.
E é certo que o pensamento de Lúcio Junior, separando o trigo do joio, pondo dum lado Deus e de outro as religiões organizadas que passaram a se utilizar do seu nome para seus próprios propósitos (Isaías 4.1), abre caminho para o cumprimento da escatologia do profeta Isaías. Para a mudança de estação no operar dialético da revolução, pois que ela se desloca de uma situação que reviveu os dramáticos acontecimentos da destruição de Judá para a nova situação em que ela revive os acontecimentos da conquista de Babilônia por parte de Ciro à frente de medos e persas. E será agora, e somente agora, que podemos dizer tem chegado o momento em que os marxistas começarão a se levantar do coma profundo que estão desde o final da década de 80. Pois ao surgir no horizonte possibilidade concreta da união dos marxistas com os cristãos, ora, podemos dizer com certeza que é a revolução ressuscitando, se Levantando dentre os mortos. Pois se ela perdeu a força do apoio dos camponeses e dos operários das cidades, por conta do já falado vaticínio dos primeiros luminares da Escola de Frankfurt, em conexão com a criação de leis trabalhistas e de melhoria da vida de um modo geral, que abrandou o fervor revolucionário, agora a revolução vai buscar as forças que perdeu justamente nos cristãos. Os sindicatos de ontem, onde ali se discutia os passos da revolução, serão agora as igrejas espalhadas por toda a periferia das cidades. Porque são os dois lados que estão sofrendo profunda mudança – não somente a revolução está se deslocando da escatologia do profeta Sofonias para a escatologia do profeta Isaías como a Cristandade está se deslocando do castigo de Nabucodonozor para a libertação de Ciro –, ora, nas igrejas, onde se discutia os modos para agradar a Deus, e como encontrar o caminho da vida eterna, agora se discute abertamente (Mateus 7.22) o modo de superar o moribundo sistema capitalista e instaurar no lugar o sistema socialista. Porque então nas igrejas se descobre que esta é a vontade de Deus.
Pois é, o escrito de Lúcio Junior abre as possibilidades para a formação desta nova confederação de povos, cristãos e marxistas, que se unirão para libertar a inteira humanidade do domínio nefasto do imperialismo, desde o pólo norte ao pólo sul, desde o Congo à Bolívia, desde os Estados Unidos á Rússia, pois o imperialismo sobrevive do escravizar, os que estão pertos e os que estão longe.
Destarte, nesta virada de estação, os marxistas voltando o seu olhar para o início do primeiro século, compreendendo na essência o que foi de fato o movimento trazido por Jesus, a salvação absoluta do gênero humano, que se concretizaria no devir histórico, no absoluto total da História, o seu tempo teológico e o seu tempo antropológico, do qual o Marxismo foi parte sim, a sua libertação material, a libertação do Egito, ao passo que o Cristianismo foi a sua libertação espiritual, a libertação de Sodoma, sim, o reconhecimento de que o corpo do Cristianismo é parte do corpo do Socialismo, carne e unha, um só espírito, que no sangue dos jovens cristãos e de seus pais derramados nos coliseus de Roma e no sangue dos jovens marxistas e de seus líderes derramados nos porões das ditaduras é que se gestava o reino da liberdade concreta, em que cada um tem segundo as suas necessidades, ora, é neste preciso momento que a pedra que foi rolada sobre a sepultura da revolução para que ele nunca mais se levantasse estará sendo rolada. E a revolução estará se levantando novamente, em vestes novas, imperecível, revivendo todas as suas glórias do passado, agora numa proporção muito mais gloriosa, pois, deveras, as glórias da segunda casa da revolução – Deus dizendo para Marx: senta-te à minha direita, até que meu filho Jesus ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés – serão muito maiores do que as glórias da primeira casa da revolução.
Ora, esta mudança de estação implica que os marxistas terão de abandonar a antiga crítica à religião e à metafísica, assim como ela começou a ganhar forma em Feuerbach, a fim de ganhar o favor dos cristãos e, assim, se levantar do coma profundo em que se acha? Que isto nunca aconteça!
Os marxistas devem continuar com o seu juízo negativo sobre religião e metafísica, primeiro, como já dito, provém de Deus que não os concebeu gratuitamente, mas por necessidade. Está escrito ali no livro do profeta Sofonias: e vou causar aflição à humanidade, e hão de andar como cegos; porque foi contra Javé que eles pecaram. E está reafirmado em uma das cartas paulinas: o nome de Deus está sendo blasfemado entre as nações por causa de vós. A crítica à religião por parte dos marxistas tem de continuar. Não deve cessar enquanto existir a Cristandade, até que no seu lugar se manifeste a religião genuína de Jesus Cristo, decodificada no profeta Isaías: Ouvi a Palavra de Javé, ditadores de Sodoma. Daí ouvidos à lei de nosso Deus, povo de Gomorra. “De que me serve a multidão dos vossos sacrifícios?”, diz Javé. “Já estou farto dos holocaustos de carneiros e da gordura de animais bem cevados; e não me agrado do sangue de novilhos, e de cordeiros, e de cabritos. Quando estais entrando para ver a minha face, quem é que requereu isso da minha mão, pisar meus pátios? Parai de trazer mais ofertas de cereais sem valor algum. Incenso – é algo detestável para mim. Lua nova e sábado, a convocação de um congresso – não posso tolerar o uso de poder mágico junto com a assembléia solene. Minha alma tem odiado as vossas luas novas e as vossas épocas festivas. Tornaram-se para mim um fardo; fiquei cansado de suportá-las. E quando estendeis as palmas de vossas mãos, oculto de vós os meus olhos. Embora façais muitas orações, não escuto; as vossas próprias mãos se encheram de derramamento de sangue. Lavai-vos; limpai-vos; removei a ruindade das vossas ações de diante dos meus olhos; cessai de fazer o mal. Aprendei a fazer o bem; buscai a justiça; endireitai o opressor; fazei julgamento para o menino órfão de pai; pleiteai a causa da viúva” (Isaías 1).
É verdade, não devem cessar a sua crítica á metafísica, pois esta é a condição para que o Deus que era, e que é, cedam o lugar para o Deus que vem! Destarte, o povo marxista deve tomar para si as lições de Apocalipse 14, mantendo a sua castidade e não se poluindo com “mulheres”, mas cuidando para estar junto com o Cordeiro no Monte Sião, cantando com ele o cântico como que novo e o seguindo para onde quer que vá. Devem cuidar para serem os primeiros que receberão das mãos do Cordeiro O SEU NOVO NOME (Apocalipse 3..12).
O que os marxistas não fizeram, mas agora terão de fazer, é ter interesse pela Palavra de Deus. É ler a Bíblia com o mesmo interesse que liam O Capital. É ler a Bíblia com o mesmo interesse que a lê um professor de Teologia. Devem se interessar sobremaneira pela Palavra de Deus; e, na medida em que forem penetrando nos seus mistérios mais profundos, mais e mais a Cristandade estará passando, porque mais e mais estará aflorando a verdadeira religião de Cristo. Cada vez que lerem um livro e dominar os seus mistérios, mais e mais os pecados da cristandade, que se mostram como escarlate, serão tornados brancos como a neve. Embora sejam vermelhos como pano carmesin, tornar-se-ão como a lã.
Socialismo Celestial versus Escola de Frankfurt
Ora, sabemos que no final da década de vinte e início da década de trinta luminares da Escola de Frankfurt, conscientes de que a religião e a crença em Deus era algo enraizado na mente popular, unido não por laço acidental, mas essencial, não tiveram dificuldade em divisar num horizonte próximo a revolução se afastando das massas até a ruptura final.
Levantaram o sinal de aviso, tocaram a buzina, mas não foram ouvidos pelos condutores da revolução e da construção do socialismo real.
E não podiam mesmo ter dado ouvido à Escola de Frankfurt. Porque a sua proposta era tão somente que os marxistas se reconciliassem com a Cristandade. Tanto é que seus luminares voltaram a freqüentar os bancos religiosos da Cristandade, e os mais afoitos, como Roger Garaudy, os bancos religiosos do Islã.
Mas agora a proposta é diferente. Os marxistas deverão retornar à Cristandade sim, sentar no banco religioso da Cristandade sim, mas com a missão de expurgar para fora dela tudo o que é praticado para manter as massas alienada das condições terrenas, que são as suas condições próprias. Deverão ser a voz dos profetas no meio do povo religioso de Deus. Ensinando-os, os instruindo, no próprio caminho de Deus. Pois que os marxistas são depositários de um espírito privilegiado, em condições de compreender os desígnios e a vontade de Deus tais como são em si, sem a interferência e a mediação do poder da ideologia, a tal ponto que a Palavra de Deus em suas bocas chegará ao coração dos necessitados como água límpida, e não mais como água poluída, como assim veio a estar nas mãos da Cristandade.
Então para tudo há um tempo debaixo dos céus. E o tempo do final da década de 20 não foi o tempo da revolução, abandonar as armas da crítica religiosa, mas era um tempo em que a ira de Deus ainda estava acesa. Era um tempo em que Deus estava apenas começando a enviar o seu anjo que haveria de guardar a revolução pela estrada e introduzi-la no lugar que preparou, o socialismo. Era um tempo em que Deus estava apenas fortalecendo a mão do homem que iria erigir o socialismo real, Stálin, o enviando na frente como o seu anjo, como o seu Josué (Êxodo 23.20).. E eles não deveriam ter acordo com os habitantes da Cristandade. Não deveriam temer os seus latifundiários amorreus, os seus banqueiros hititas, os seus comerciantes perizeus, os seus chefes militares cananeus, os seus magistrados heveus, e os seus sacerdotes jebuseus, pois Deus certamente os eliminaria do seu meio. E destroçaria as suas colunas sagradas. Servindo unicamente a Javé, e não mais à casta dos opressores, como ocorria quando estavam no Egito.
É tempo novo, tempo da revolução se levantar dentre os mortos, todos estes que riram na queda do socialismo, e se entregaram aos prazeres enganosos do capitalismo. Que seja o ano de 2012 o ano da batalha do Armagedom, quando os marxistas levantando-se em vestes novas, com a força dos cristãos do seu lado, possa então dar o golpe de misericórdia ao capitalismo que agoniza, construindo no lugar uma nova ordem social quando plenamente efetivada as coisas velhas não serão mais lembradas e nem mais subirão ao coração. Certamente que neste ano de 2012 a força avassaladora de Javé (Isaías 2.10) estará levantando por dentro a revolução, para novas e grandes giestas.
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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012
Sartre e Dostoiévski: Deus, um delírio
Sartre e Dostoiésvki: Deus, um Delírio?
A escrita desse texto me foi motivada por uma questão da UFMG em 2007, sobre moral e religião e a frase “se Deus não existisse, tudo seria permitido”, que está nos Irmãos Karamázov, do Dostoiévski. Ela está também na obra de Jean Paul Sartre, na palestra O Existencialismo é um Humanismo.
Não encontrei essa frase literalmente em Dostoiévski, mas esse tema é recorrente na palestra acima citada e publicada em Os Pensadores. Essa frase era uma censura recorrente na crítica cristã ao existencialista, conforme ele mesmo disse:
“e do lado cristão, censuram-nos por negarmos a realidade e o lado sério dos empreendimentos humanos, valores inscritos na eternidade, só nos resta a estrita gratuidade, podendo assim cada qual fazer o que apetecer, e não podendo, pois, do seu ponto de vista, condenar os pontos de vista e os atos dos outros” (SARTRE, 1978, p. 3).
Para o existencialismo ateu, tal como preconizado por Heidegger e os existencialistas franceses, não há nenhuma natureza humana, visto que não há Deus para a conceber. Existe também o existencialismo cristão de Jaspers e de Gabriel Marcel. Sartre diz que seu existencialismo é mais coerente: não há mais nada no céu inteligível, o homem será antes de mais nada o que tiver projetado ser.
Para Sartre, que nesse ensaio se coloca como continuador de Descartes e Kant (de Descartes, na filosofia do sujeito, do eu penso logo existo) e o imperativo categórico (não fazer aos outros o que você não quer que seja feita com você). Para Sartre, o indivíduo que mente está atribuindo um valor universal à mentira. Nossos atos têm de poder ser universalizados. Quando agimos de determinado modo, ligamos a nós mesmos toda a humanidade. Para Sartre, tudo se passa como se, para todo homem, toda a humanidade tivesse os olhos postos no que ele faz e se regulasse pelo que ele faz.
Na palestra, Sartre comentou que já foi tentado, nos anos 1880, fazer uma moral laica, atéia. E o problema é que os valores da moral que permitem organizar a sociedade precisavam ser fundados num “céu inteligível”, ou seja, numa essência ou natureza humana. Para Sartre, existe o bem a priori, não existe uma consciência perfeita e infinita para pensar o bem. O homem, ser que não possui essa essência pronta, precisa se fazer, está livre, ou melhor, condenado a ser livre. Não sei bem a quem Sartre está se referindo, mas tenho certeza que também Nietzsche começou a procura de uma filosofia sem Deus. Por volta de 1888, ocorreu o éfondrement (afundamento) e ele deixou de produzir filosofia.
Dostoiévski era um escritor russo eslavófilo, ou seja, era contrário às influências estrangeiras na Rússia. No entanto, não percebemos essa posição no decorrer do romance, que narra as diferentes posições religiosas e culturais da Rússia no final do século XIX através dos quatro filhos de um empresário fanfarrão sem auto-estima, Fiódor Pávlovitch, “um velho palhaço”. Os filhos são oriundos de dois casamentos diferentes e foram criados de maneira diferente. Mítia (Dmitri) possui uma formação liberal ocidental que conflita com a de Aliéksei, criado por criados místicos e que deseja se tornar monge. Mítia tem uma visão de mundo parecida com de Ivã. Esses dois últimos fazem parte da juventude russa que, no final do século XIX, reunia-se em bares para discutir liberalismo, socialismo e se Deus existe.
Conta-se, então, de Ivã, um episódio onde a frase atribuída a Dostoievski não apareceu literalmente, mas provavelmente foi retirada dessa passagem:
“Há cinco dias, numa reunião em que se achavam sobretudo senhoras, declarou ele solenemente, no curso duma discussão, que nada no mundo obrigava as pessoas a amar seus semelhantes, que não existia nenhuma lei natural ordenando ao homem que amasse a humanidade; que se o amor havia reinado até o presente sobre a terra, era isto devido não à lei natural, de sorte que se destruía no homem a fé em sua imortalidade, não somente o amor secará nele, mas também a força de continuar a vida no mundo. Mais ainda, não haverá então nada de imoral, tudo será autorizado, até mesmo a antropofagia. Não é tudo: terminou afirmando que para cada indivíduo – nós agora, por exemplo – que não acredita nem em Deus, nem em sua imortalidade, a lei moral da natureza devia imediatamente tornar-se o inverso absoluto da precedente lei religiosa; que o egoísmo, mesmo levado até a perversidade, devia não somente ser autorizado, mas ser reconhecido como a saída necessária, a mais razoável e quase a mais nobre (Dostoiévski, 1973, p. 57).
Mais adiante, no romance, essas idéias de Ivã foram respondidas: mesmo sem Deus, bastaria seguir uma ética da virtude e tudo estaria normatizado e regrado. Com “ética da virtude”, parece-me que a referência era a uma ética com a de Aristóteles, baseada na harmonia, no equilíbrio, na justiça e nas virtudes (bondade, verdade, honestidade, etc.).
E o "estado da arte" hoje em dia, ou seja, responderemos, com a tecnologia, se Deus existe ou não? Ainda não avançamos nada nesse sentido. No entanto, cada grupamento humano se apóia em seu Deus, especialmente em situações de conflito: no início da invasão do Afeganistão, em 2001, tanto Bush quanto Bin Laden fizeram proclamações falando em Deus. Deus fica sendo, então, argumento ideológico que dá suporte a um projeto de poder.
A escrita desse texto me foi motivada por uma questão da UFMG em 2007, sobre moral e religião e a frase “se Deus não existisse, tudo seria permitido”, que está nos Irmãos Karamázov, do Dostoiévski. Ela está também na obra de Jean Paul Sartre, na palestra O Existencialismo é um Humanismo.
Não encontrei essa frase literalmente em Dostoiévski, mas esse tema é recorrente na palestra acima citada e publicada em Os Pensadores. Essa frase era uma censura recorrente na crítica cristã ao existencialista, conforme ele mesmo disse:
“e do lado cristão, censuram-nos por negarmos a realidade e o lado sério dos empreendimentos humanos, valores inscritos na eternidade, só nos resta a estrita gratuidade, podendo assim cada qual fazer o que apetecer, e não podendo, pois, do seu ponto de vista, condenar os pontos de vista e os atos dos outros” (SARTRE, 1978, p. 3).
Para o existencialismo ateu, tal como preconizado por Heidegger e os existencialistas franceses, não há nenhuma natureza humana, visto que não há Deus para a conceber. Existe também o existencialismo cristão de Jaspers e de Gabriel Marcel. Sartre diz que seu existencialismo é mais coerente: não há mais nada no céu inteligível, o homem será antes de mais nada o que tiver projetado ser.
Para Sartre, que nesse ensaio se coloca como continuador de Descartes e Kant (de Descartes, na filosofia do sujeito, do eu penso logo existo) e o imperativo categórico (não fazer aos outros o que você não quer que seja feita com você). Para Sartre, o indivíduo que mente está atribuindo um valor universal à mentira. Nossos atos têm de poder ser universalizados. Quando agimos de determinado modo, ligamos a nós mesmos toda a humanidade. Para Sartre, tudo se passa como se, para todo homem, toda a humanidade tivesse os olhos postos no que ele faz e se regulasse pelo que ele faz.
Na palestra, Sartre comentou que já foi tentado, nos anos 1880, fazer uma moral laica, atéia. E o problema é que os valores da moral que permitem organizar a sociedade precisavam ser fundados num “céu inteligível”, ou seja, numa essência ou natureza humana. Para Sartre, existe o bem a priori, não existe uma consciência perfeita e infinita para pensar o bem. O homem, ser que não possui essa essência pronta, precisa se fazer, está livre, ou melhor, condenado a ser livre. Não sei bem a quem Sartre está se referindo, mas tenho certeza que também Nietzsche começou a procura de uma filosofia sem Deus. Por volta de 1888, ocorreu o éfondrement (afundamento) e ele deixou de produzir filosofia.
Dostoiévski era um escritor russo eslavófilo, ou seja, era contrário às influências estrangeiras na Rússia. No entanto, não percebemos essa posição no decorrer do romance, que narra as diferentes posições religiosas e culturais da Rússia no final do século XIX através dos quatro filhos de um empresário fanfarrão sem auto-estima, Fiódor Pávlovitch, “um velho palhaço”. Os filhos são oriundos de dois casamentos diferentes e foram criados de maneira diferente. Mítia (Dmitri) possui uma formação liberal ocidental que conflita com a de Aliéksei, criado por criados místicos e que deseja se tornar monge. Mítia tem uma visão de mundo parecida com de Ivã. Esses dois últimos fazem parte da juventude russa que, no final do século XIX, reunia-se em bares para discutir liberalismo, socialismo e se Deus existe.
Conta-se, então, de Ivã, um episódio onde a frase atribuída a Dostoievski não apareceu literalmente, mas provavelmente foi retirada dessa passagem:
“Há cinco dias, numa reunião em que se achavam sobretudo senhoras, declarou ele solenemente, no curso duma discussão, que nada no mundo obrigava as pessoas a amar seus semelhantes, que não existia nenhuma lei natural ordenando ao homem que amasse a humanidade; que se o amor havia reinado até o presente sobre a terra, era isto devido não à lei natural, de sorte que se destruía no homem a fé em sua imortalidade, não somente o amor secará nele, mas também a força de continuar a vida no mundo. Mais ainda, não haverá então nada de imoral, tudo será autorizado, até mesmo a antropofagia. Não é tudo: terminou afirmando que para cada indivíduo – nós agora, por exemplo – que não acredita nem em Deus, nem em sua imortalidade, a lei moral da natureza devia imediatamente tornar-se o inverso absoluto da precedente lei religiosa; que o egoísmo, mesmo levado até a perversidade, devia não somente ser autorizado, mas ser reconhecido como a saída necessária, a mais razoável e quase a mais nobre (Dostoiévski, 1973, p. 57).
Mais adiante, no romance, essas idéias de Ivã foram respondidas: mesmo sem Deus, bastaria seguir uma ética da virtude e tudo estaria normatizado e regrado. Com “ética da virtude”, parece-me que a referência era a uma ética com a de Aristóteles, baseada na harmonia, no equilíbrio, na justiça e nas virtudes (bondade, verdade, honestidade, etc.).
E o "estado da arte" hoje em dia, ou seja, responderemos, com a tecnologia, se Deus existe ou não? Ainda não avançamos nada nesse sentido. No entanto, cada grupamento humano se apóia em seu Deus, especialmente em situações de conflito: no início da invasão do Afeganistão, em 2001, tanto Bush quanto Bin Laden fizeram proclamações falando em Deus. Deus fica sendo, então, argumento ideológico que dá suporte a um projeto de poder.
A Natureza do Preconceito
A Natureza do Preconceito (capítulo 3 do texto de Norberto Bobbio chamado O Elogio da Serenidade): biografia e comentários
Lúcio Emílio do Espírito Santo Júnior
1. Biografia
Filósofo, escritor e senador vitalício italiano nascido na cidade industrial de Turim, norte da Itália, considerado um dos filósofos mais importantes do século 20 e chamado pelo presidente italiano, Carlo Azeglio Ciampi, de mestre da liberdade. Filho de Luigi, um médico cirurgião, e de Rosa Cavilia, foi educado (1919-1927) no Ginnasio e depois no Liceo Massimo d'Azeglio, em Turim. Estudou Giurisprudenza na Università di Torino (1927-1931), formando-se em Filosofia e Direito. Estagiou em Marburg Alemanha (1933) e voltando a Turim, especializou-se (1932-1933) em filosofia defendendo a tese Husserl e a Fenomenologia e, no ano seguinte, obteve a livre docência em filosofia do direito. Chegou a ser detido, por sua oposição ao regime fascista (1935), acusado de integrar o grupo Giustizia e Libertà, período em que começou a escrever suas primeiras obras filoasóficas. Ensinou na Facoltà di Giurisprudenza na Università di Camerino (1937-1938) e, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) atuou no movimento de resistência antifascista e integrou o Partido de Ação, grupo de radicais de esquerda que mais tarde ajudaram a moldar a política pós-guerra. Neste período foi professor na Università di Siena (1939-1942) e, em seguida, ensinou na Università di Padova e casou-se com Valeria Cova (1943). Alternando períodos entre Turim e Pádua, voltou definitivamente para a sua terra natal (1948) para assumir a cadeira de Filosofia do Direito na universidade local, lá permanecendo por quase duas décadas e meia. Com uma larga produção bibliográfica mudou-se (1972) para a recém fundada Facoltà di Scienze Politiche di Torino, onde continuou sua intensa atividade intelectual. Iniciou em seu país (1975) um debate sobre socialismo, democracia, marxismo e comunismo, que influenciou as novas gerações de toda Europa. Foi nomeado senador vitalício (1984-2001) pelo então presidente (1978-1985) Sandro Pertini. Nos anos 90, quando foram abertos alguns arquivos da era fascista, foi encontrada uma carta dele ao líder fascista Benito Mussolini (1883-1945), na qual o filósofo elogiava o regime fascista, mas seus defensores afirmaram que a carta era a única forma de o intelectual salvar sua pele na época. Também nos anos 90 foi considerada a possibilidade de ser candidato à presidência italiana, um cargo de pouco poder político, mas de grande autoridade moral. Professor benemérito da Universidade de Turim, onde deu aulas de Filosofia do Direito, Ciências Políticas e Filosofia da Política durante várias décadas, escreveu para vários jornais e revistas, incluindo o Corriere della Sera, principal diário do país. Ao longo de sua carreira, escreveu centenas de livros, ensaios e artigos. Um de seus livros mais importantes foi Política e Cultura (1955) que vendeu mais de 300 mil cópias só na Itália e foi traduzido para 19 idiomas. Também foi sucesso internacional seu ensaio Destra e Sinistra (1994), uma de suas obras mais vendidas, e De Senectute e altri scritti autobiografici (1996). Recebeu o título doutor honoris causa diversas vezes, na Itália e em outros países. Viúvo (2003) depois de 60 anos de casamento, morreu no hospital Molinette, em Turim, onde esteve internado por mais de um mês com problemas respiratórios, aos 94 anos.
2. O Elogio da Tempestade: Nietzsche X Bobbio
Nesse capítulo selecionado, Bobbio escreveu contra Nietzsche. É muito importante saber “contra quem” o filósofo está escrevendo. Uma boa forma de ficar sabendo um texto é escrever contra ele, procurar os seus defeitos e falhas. Bobbio foi marcado pelo filofascismo de sua família de origem burguesa no Piemonte e reagiu contra ele na juventude. Entre os autores que ele estudou, há alguns que apoiaram o fascismo, como Carl Schmitt, que teorizou a necessidade da ditadura.
Bobbio é um racionalista herdeiro de uma tradição democrata iluminista. Ele considera Nietzsche a partir da leitura que se fez dele nos anos 20 e 30: Nietzsche é, segundo Lukács, um precursor da estética fascista. Assim Bobbio o vê: o anti-igualitarismo ditatorial do fascismo seria o oposto do igualitarismo legalista e constitucionalista da democracia liberal. Assim como Aristóteles em Ética a Nicômaco, Bobbio teorizou, nesse texto, sobre um assunto correlato da ética. Ser preconceituoso não caberia numa ética democrática. Bobbio não se preocupou com a etimologia da palavra. Ela estaria ligada a uma pré-compreensão: antes de ter contato com alguém ou alguma coisa, existiria o preconceito, a aversão, repulsa ou desejo de afastá-la. Montaigne, em seu texto sobre Os Canibais, está justamente associando os índios a povos da antiguidade como os citas, que também realizavam antropofagia. Ele relativiza, estuda, racionaliza as observações e reações dos europeus diante dos índios e procura relativizar o juízo que foi emitido a respeito deles: “são bárbaros”. O assunto de Bobbio será a reflexão sobre esse tipo de juízo.
Para Bobbio, preconceito e prevenção estariam ligados. Preconceito, define ele, é opinião falsa, mas potente socialmente, dificilmente corrigível. Ele é do Piemonte, região da Itália que mostrou bastante vontade de potência e unificou politicamente o país em 1870. O Piemonte, por causa dessa posição hegemônica, estabeleceu-se como região dominadora das demais. Produziram-se, por isso, juízos negativos dos piemonteses sobre os demais italianos e vice-versa, reforçados por essa situação histórica, econômica e cultural, com certeza.
Bobbio foi ligado ao Direito e por isso cita diferentes tipos de juízo: bem e mal, bom ou ruim, Deus e o Diabo, esquerda e direita. Ele tende muito a fazer esse tipo de separação. Ele não gosta da idéia de ir “para além do bem e do mal”, texto de Nietzsche que ele citou. A todo momento, o texto de Bobbio faz essas contraposições: Deus versus diabo, esquerda versus direita, bem e mal, Direito e violência, Rousseau e anti-Rousseau.
Bobbio quer chegar aos problemas regionais italianos e faz um percurso até esse assunto. Bobbio cita, a todo momento, trechos da constituição italiana. No entanto, o próprio Bobbio sabe que é preciso desconfiar desse corpus de leis que dependem do contexto social e político para funcionar; e seu funcionamento é poluído, sujo, muito diferente do ideal. Bobbio é um filósofo muito ligado a conceitos puros e ideais sem mácula, discursos, leis e proclamações de direitos que não impedem a violência, mas são uma garantia, uma baliza, algo que podemos acionar para nos defender.
Em dado momento, Bobbio citou um trecho curioso, onde deixou escrito que o dever da república é remover os obstáculos econômicos e sociais que farão a igualdade. Essa lei provavelmente abre para intervenções caritativas ou humanitárias, mas para realizá-la plenamente a república deveria abolir a si mesma e fazer nascer a república socialista, pois o verdadeiro obstáculo da igualdade é a república burguesa. Mesmo na república burguesa mais democrática, o destino da maioria da população é a escravidão assalariada.
O juízo negativo está no pólo oposto do juízo de fato, no texto de Bobbio. Para Bobbio, o problema do preconceito é que as duas classes opostas fazem do outro lado uma “caricatura” com características negativas. Burgueses e operários se igualariam no preconceito de classe.
A democracia liberal iguala os desiguais: Bobbio não fugiu a isso nesse texto. No capitalismo, tanto pobre quanto o rico estão proibidos de morar debaixo da ponte. A lei, no entanto, afetará somente um dos lados. Os proletários não possuem oportunidade de dispersar, na TV, seus preconceitos anti-burgueses, por exemplo. Devemos também dar um exemplo de preconceito anti-burguês por parte do presidente Lula, emitido quando ainda era líder sindical (recolhido no livro Lula Entrevistas e Discursos, editora Guarulhos). Ele foi a uma festa onde os convivas eram os apoiadores do nascente movimento sindical.
No mesmo ambiente estavam os estudantes radicalizados da pequena-burguesia e as operárias das fábricas em greve. Lula observou que as estudantes vestiam “andrajos” e “tinham até cabelo debaixo do braço”, enquanto as operárias tinham colocado seu melhor vestido, exibindo-se da melhor maneira possível. O líder sindical concluiu que, alguns estavam “querendo descer e outros querendo subir”. A partir desse episódio, Lula afirmou que “intelectual gosta de miséria, pobre gosta de luxo”. Nesse caso, as jovens estudantes queriam liberar-se de imposições em termos de costumes e não ostentar sua posição burguesa (o que humilharia as operárias e contraria sua posição política). No entanto, seu descompromisso com valores foi lido como desejo de descenso social, retrocesso, porque já preexistia um juízo negativo contra quem se vestia ou se comportava daquela forma. Bobbio preocupou-se com o preconceito de grupo, aquele que mais preocupou Bobbio; foram os preconceitos e de classe e nacionais aqueles que ele ressaltou.
O capitalismo reproduziu-se dentro dos países e introduziu a dominação de uma região por outra: na Itália quem domina é o Piemonte, ou o Norte, como um todo; na Alemanha reunificada, a Alemanha oriental permanece mais pobre, no Brasil, é a região Sudeste. Essa situação, produzida pelo próprio sistema sócio-econômico, produz um caldo de cultura onde fervilhou aquilo que socialmente se chamou preconceito.
Bobbio define discriminação com base no fenômeno do anti-semitismo fascista: é algo a mais que distinção e é pejorativa (sempre). Um exemplo de juízo de valor: os negros são uma raça inferior. Um juízo de fato é: os negros são diversos dos brancos. Um problema que Bobbio não aborda: os negros têm preconceito contra os brancos e vice-versa, mas da maneira como a sociedade está organizada, os grandes prejudicados sãos os negros. Quando ele citou o artigo terceiro da Constituição Italiana, vê-se que ele evitou escrupulosamente o termo “classe”: “sem distinção de classe, raça, língua, religião, opiniões políticas, condições pessoais e sociais” (BOBBIO, p. 110). Essa Constituição tomou essa postura um tanto quanto retórica no sentido de algo que seus constituintes sabem impossível de se estabelecer no sistema de classes: a igualdade efetiva.
Do juízo de que os brancos são superiores, derivou aquele que os demais povos e etnias deveriam: 1) obedecer; 2) aceitar comando; 3) aceitar serem suprimidos e mortos. No entanto, da constatação de superioridade, para um cristão, por exemplo, decorreria a necessidade de ajudar.
Um juízo ulterior é o oposto de juízo discriminante. A discriminação ocorre quando um juízo de valor torna-se juízo de fato. Uma observação: quando os nazistas eliminaram os judeus, tal não era necessário para sua própria conservação; foi uma estratégia que culpava os judeus pelas derrotas nazistas; Hitler afirmava, desde Minha Luta (Mein Kampf) que os judeus e comunistas é que tinham causado a derrota alemã em 1914-18.
Bobbio enfocou a discriminação étnica (judeus e negros), mas também conhece a discriminação de classe social: “continua a produzir seus efeitos em numerosas situações, como, por exemplo, na aplicação da lei penal” (BOBBIO, 111). As seguir, ele trata das desigualdades naturais se opondo a desigualdades sociais: as naturais seriam mais difíceis de abolir do que as sociais. Parece uma obviedade, dito assim. No entanto, as diferenças entre um lobo e um cordeiro são só artificialmente – e não naturalmente – abolidas.
A natureza evolui, modifica-se, mas a desigualdade existe na natureza e, como o homem a modifica, mas é influenciado por ela, as desigualdades naturais repetem-se com naturalidade na sociedade humana. O homem, por sua vez, acha natural apoderar-se, dominar, subjugar, poluir e retalhar a natureza.
A desigualdade natural entre um país chuvoso e outro seco é praticamente impossível de se suprimir. As desigualdades sociais são suprimíveis, são construtos que podem ser destruídos. No entanto, lembremos também como são persistentes: no bloco soviético, as classes continuaram a existir (burocratas e cidadãos comuns).
Em primeiro lugar, seriam originadas em juízos religiosos maniqueístas (bem e mal, Deus e o Diabo), originalmente, as divisões em que Bobbio didaticamente divide o texto: Norte versus Sul, o Rousseau e o anti-Rousseau, Piemonte X resto da Itália. Os julgamentos de Bobbio só não estão valorados como os juízos religiosos costumam ser. Um pouco antes de tratar das minorias e de concluir, Bobbio fez considerações sobre a religião e língua universais, que seriam propostas recorrentes para a humanidade. O próprio Bobbio aventou uma proposta audaciosa e ideal a respeito das religiões: “poderiam desaparecer um dia as diferenças entre línguas e religiões, desde que se conseguisse estabelecer um acordo geral para unificar umas e outras” (BOBBIO, p. 114). Proposta audaciosa e praticamente inviável, pois reduzir a diversidade a um é dar a hegemonia a esse um, que tem uma origem, uma história e não é neutra; essa hegemonia, como por exemplo, a hegemonia da língua inglesa hoje em dia, profundamente ligada ao poder. A língua estabelece uma hegemonia negociável, mas as religiões não; esse acordo dependeria, portanto, de uma revelação sobrenatural encaminhada à humanidade, esperança metafísica que corresponde à atitude do líder esotérico Trigueirinho de fazer vigília aguardando contato com extraterrestres.
A “conclusão inconcludente” de Bobbio estabelece um preceito que ele preservou: “os preconceitos nascem na cabeça dos homens” (BOBBIO, p. 117). Seu combate está, portanto, na educação e no desenvolvimento das consciências. Não concordo totalmente: o preconceito nasceria da própria dinâmica social, enraizando-se, com auxílio dessa, na cabeça dos homens. A democracia, que Bobbio prescreve como panacéia contra o preconceito, não tem como bani-lo totalmente em sua forma capitalista hoje existente; a própria democracia, em seus primórdios, praticava preconceitos contra os estrangeiros, as mulheres e os escravos.
Lúcio Emílio do Espírito Santo Júnior
1. Biografia
Filósofo, escritor e senador vitalício italiano nascido na cidade industrial de Turim, norte da Itália, considerado um dos filósofos mais importantes do século 20 e chamado pelo presidente italiano, Carlo Azeglio Ciampi, de mestre da liberdade. Filho de Luigi, um médico cirurgião, e de Rosa Cavilia, foi educado (1919-1927) no Ginnasio e depois no Liceo Massimo d'Azeglio, em Turim. Estudou Giurisprudenza na Università di Torino (1927-1931), formando-se em Filosofia e Direito. Estagiou em Marburg Alemanha (1933) e voltando a Turim, especializou-se (1932-1933) em filosofia defendendo a tese Husserl e a Fenomenologia e, no ano seguinte, obteve a livre docência em filosofia do direito. Chegou a ser detido, por sua oposição ao regime fascista (1935), acusado de integrar o grupo Giustizia e Libertà, período em que começou a escrever suas primeiras obras filoasóficas. Ensinou na Facoltà di Giurisprudenza na Università di Camerino (1937-1938) e, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) atuou no movimento de resistência antifascista e integrou o Partido de Ação, grupo de radicais de esquerda que mais tarde ajudaram a moldar a política pós-guerra. Neste período foi professor na Università di Siena (1939-1942) e, em seguida, ensinou na Università di Padova e casou-se com Valeria Cova (1943). Alternando períodos entre Turim e Pádua, voltou definitivamente para a sua terra natal (1948) para assumir a cadeira de Filosofia do Direito na universidade local, lá permanecendo por quase duas décadas e meia. Com uma larga produção bibliográfica mudou-se (1972) para a recém fundada Facoltà di Scienze Politiche di Torino, onde continuou sua intensa atividade intelectual. Iniciou em seu país (1975) um debate sobre socialismo, democracia, marxismo e comunismo, que influenciou as novas gerações de toda Europa. Foi nomeado senador vitalício (1984-2001) pelo então presidente (1978-1985) Sandro Pertini. Nos anos 90, quando foram abertos alguns arquivos da era fascista, foi encontrada uma carta dele ao líder fascista Benito Mussolini (1883-1945), na qual o filósofo elogiava o regime fascista, mas seus defensores afirmaram que a carta era a única forma de o intelectual salvar sua pele na época. Também nos anos 90 foi considerada a possibilidade de ser candidato à presidência italiana, um cargo de pouco poder político, mas de grande autoridade moral. Professor benemérito da Universidade de Turim, onde deu aulas de Filosofia do Direito, Ciências Políticas e Filosofia da Política durante várias décadas, escreveu para vários jornais e revistas, incluindo o Corriere della Sera, principal diário do país. Ao longo de sua carreira, escreveu centenas de livros, ensaios e artigos. Um de seus livros mais importantes foi Política e Cultura (1955) que vendeu mais de 300 mil cópias só na Itália e foi traduzido para 19 idiomas. Também foi sucesso internacional seu ensaio Destra e Sinistra (1994), uma de suas obras mais vendidas, e De Senectute e altri scritti autobiografici (1996). Recebeu o título doutor honoris causa diversas vezes, na Itália e em outros países. Viúvo (2003) depois de 60 anos de casamento, morreu no hospital Molinette, em Turim, onde esteve internado por mais de um mês com problemas respiratórios, aos 94 anos.
2. O Elogio da Tempestade: Nietzsche X Bobbio
Nesse capítulo selecionado, Bobbio escreveu contra Nietzsche. É muito importante saber “contra quem” o filósofo está escrevendo. Uma boa forma de ficar sabendo um texto é escrever contra ele, procurar os seus defeitos e falhas. Bobbio foi marcado pelo filofascismo de sua família de origem burguesa no Piemonte e reagiu contra ele na juventude. Entre os autores que ele estudou, há alguns que apoiaram o fascismo, como Carl Schmitt, que teorizou a necessidade da ditadura.
Bobbio é um racionalista herdeiro de uma tradição democrata iluminista. Ele considera Nietzsche a partir da leitura que se fez dele nos anos 20 e 30: Nietzsche é, segundo Lukács, um precursor da estética fascista. Assim Bobbio o vê: o anti-igualitarismo ditatorial do fascismo seria o oposto do igualitarismo legalista e constitucionalista da democracia liberal. Assim como Aristóteles em Ética a Nicômaco, Bobbio teorizou, nesse texto, sobre um assunto correlato da ética. Ser preconceituoso não caberia numa ética democrática. Bobbio não se preocupou com a etimologia da palavra. Ela estaria ligada a uma pré-compreensão: antes de ter contato com alguém ou alguma coisa, existiria o preconceito, a aversão, repulsa ou desejo de afastá-la. Montaigne, em seu texto sobre Os Canibais, está justamente associando os índios a povos da antiguidade como os citas, que também realizavam antropofagia. Ele relativiza, estuda, racionaliza as observações e reações dos europeus diante dos índios e procura relativizar o juízo que foi emitido a respeito deles: “são bárbaros”. O assunto de Bobbio será a reflexão sobre esse tipo de juízo.
Para Bobbio, preconceito e prevenção estariam ligados. Preconceito, define ele, é opinião falsa, mas potente socialmente, dificilmente corrigível. Ele é do Piemonte, região da Itália que mostrou bastante vontade de potência e unificou politicamente o país em 1870. O Piemonte, por causa dessa posição hegemônica, estabeleceu-se como região dominadora das demais. Produziram-se, por isso, juízos negativos dos piemonteses sobre os demais italianos e vice-versa, reforçados por essa situação histórica, econômica e cultural, com certeza.
Bobbio foi ligado ao Direito e por isso cita diferentes tipos de juízo: bem e mal, bom ou ruim, Deus e o Diabo, esquerda e direita. Ele tende muito a fazer esse tipo de separação. Ele não gosta da idéia de ir “para além do bem e do mal”, texto de Nietzsche que ele citou. A todo momento, o texto de Bobbio faz essas contraposições: Deus versus diabo, esquerda versus direita, bem e mal, Direito e violência, Rousseau e anti-Rousseau.
Bobbio quer chegar aos problemas regionais italianos e faz um percurso até esse assunto. Bobbio cita, a todo momento, trechos da constituição italiana. No entanto, o próprio Bobbio sabe que é preciso desconfiar desse corpus de leis que dependem do contexto social e político para funcionar; e seu funcionamento é poluído, sujo, muito diferente do ideal. Bobbio é um filósofo muito ligado a conceitos puros e ideais sem mácula, discursos, leis e proclamações de direitos que não impedem a violência, mas são uma garantia, uma baliza, algo que podemos acionar para nos defender.
Em dado momento, Bobbio citou um trecho curioso, onde deixou escrito que o dever da república é remover os obstáculos econômicos e sociais que farão a igualdade. Essa lei provavelmente abre para intervenções caritativas ou humanitárias, mas para realizá-la plenamente a república deveria abolir a si mesma e fazer nascer a república socialista, pois o verdadeiro obstáculo da igualdade é a república burguesa. Mesmo na república burguesa mais democrática, o destino da maioria da população é a escravidão assalariada.
O juízo negativo está no pólo oposto do juízo de fato, no texto de Bobbio. Para Bobbio, o problema do preconceito é que as duas classes opostas fazem do outro lado uma “caricatura” com características negativas. Burgueses e operários se igualariam no preconceito de classe.
A democracia liberal iguala os desiguais: Bobbio não fugiu a isso nesse texto. No capitalismo, tanto pobre quanto o rico estão proibidos de morar debaixo da ponte. A lei, no entanto, afetará somente um dos lados. Os proletários não possuem oportunidade de dispersar, na TV, seus preconceitos anti-burgueses, por exemplo. Devemos também dar um exemplo de preconceito anti-burguês por parte do presidente Lula, emitido quando ainda era líder sindical (recolhido no livro Lula Entrevistas e Discursos, editora Guarulhos). Ele foi a uma festa onde os convivas eram os apoiadores do nascente movimento sindical.
No mesmo ambiente estavam os estudantes radicalizados da pequena-burguesia e as operárias das fábricas em greve. Lula observou que as estudantes vestiam “andrajos” e “tinham até cabelo debaixo do braço”, enquanto as operárias tinham colocado seu melhor vestido, exibindo-se da melhor maneira possível. O líder sindical concluiu que, alguns estavam “querendo descer e outros querendo subir”. A partir desse episódio, Lula afirmou que “intelectual gosta de miséria, pobre gosta de luxo”. Nesse caso, as jovens estudantes queriam liberar-se de imposições em termos de costumes e não ostentar sua posição burguesa (o que humilharia as operárias e contraria sua posição política). No entanto, seu descompromisso com valores foi lido como desejo de descenso social, retrocesso, porque já preexistia um juízo negativo contra quem se vestia ou se comportava daquela forma. Bobbio preocupou-se com o preconceito de grupo, aquele que mais preocupou Bobbio; foram os preconceitos e de classe e nacionais aqueles que ele ressaltou.
O capitalismo reproduziu-se dentro dos países e introduziu a dominação de uma região por outra: na Itália quem domina é o Piemonte, ou o Norte, como um todo; na Alemanha reunificada, a Alemanha oriental permanece mais pobre, no Brasil, é a região Sudeste. Essa situação, produzida pelo próprio sistema sócio-econômico, produz um caldo de cultura onde fervilhou aquilo que socialmente se chamou preconceito.
Bobbio define discriminação com base no fenômeno do anti-semitismo fascista: é algo a mais que distinção e é pejorativa (sempre). Um exemplo de juízo de valor: os negros são uma raça inferior. Um juízo de fato é: os negros são diversos dos brancos. Um problema que Bobbio não aborda: os negros têm preconceito contra os brancos e vice-versa, mas da maneira como a sociedade está organizada, os grandes prejudicados sãos os negros. Quando ele citou o artigo terceiro da Constituição Italiana, vê-se que ele evitou escrupulosamente o termo “classe”: “sem distinção de classe, raça, língua, religião, opiniões políticas, condições pessoais e sociais” (BOBBIO, p. 110). Essa Constituição tomou essa postura um tanto quanto retórica no sentido de algo que seus constituintes sabem impossível de se estabelecer no sistema de classes: a igualdade efetiva.
Do juízo de que os brancos são superiores, derivou aquele que os demais povos e etnias deveriam: 1) obedecer; 2) aceitar comando; 3) aceitar serem suprimidos e mortos. No entanto, da constatação de superioridade, para um cristão, por exemplo, decorreria a necessidade de ajudar.
Um juízo ulterior é o oposto de juízo discriminante. A discriminação ocorre quando um juízo de valor torna-se juízo de fato. Uma observação: quando os nazistas eliminaram os judeus, tal não era necessário para sua própria conservação; foi uma estratégia que culpava os judeus pelas derrotas nazistas; Hitler afirmava, desde Minha Luta (Mein Kampf) que os judeus e comunistas é que tinham causado a derrota alemã em 1914-18.
Bobbio enfocou a discriminação étnica (judeus e negros), mas também conhece a discriminação de classe social: “continua a produzir seus efeitos em numerosas situações, como, por exemplo, na aplicação da lei penal” (BOBBIO, 111). As seguir, ele trata das desigualdades naturais se opondo a desigualdades sociais: as naturais seriam mais difíceis de abolir do que as sociais. Parece uma obviedade, dito assim. No entanto, as diferenças entre um lobo e um cordeiro são só artificialmente – e não naturalmente – abolidas.
A natureza evolui, modifica-se, mas a desigualdade existe na natureza e, como o homem a modifica, mas é influenciado por ela, as desigualdades naturais repetem-se com naturalidade na sociedade humana. O homem, por sua vez, acha natural apoderar-se, dominar, subjugar, poluir e retalhar a natureza.
A desigualdade natural entre um país chuvoso e outro seco é praticamente impossível de se suprimir. As desigualdades sociais são suprimíveis, são construtos que podem ser destruídos. No entanto, lembremos também como são persistentes: no bloco soviético, as classes continuaram a existir (burocratas e cidadãos comuns).
Em primeiro lugar, seriam originadas em juízos religiosos maniqueístas (bem e mal, Deus e o Diabo), originalmente, as divisões em que Bobbio didaticamente divide o texto: Norte versus Sul, o Rousseau e o anti-Rousseau, Piemonte X resto da Itália. Os julgamentos de Bobbio só não estão valorados como os juízos religiosos costumam ser. Um pouco antes de tratar das minorias e de concluir, Bobbio fez considerações sobre a religião e língua universais, que seriam propostas recorrentes para a humanidade. O próprio Bobbio aventou uma proposta audaciosa e ideal a respeito das religiões: “poderiam desaparecer um dia as diferenças entre línguas e religiões, desde que se conseguisse estabelecer um acordo geral para unificar umas e outras” (BOBBIO, p. 114). Proposta audaciosa e praticamente inviável, pois reduzir a diversidade a um é dar a hegemonia a esse um, que tem uma origem, uma história e não é neutra; essa hegemonia, como por exemplo, a hegemonia da língua inglesa hoje em dia, profundamente ligada ao poder. A língua estabelece uma hegemonia negociável, mas as religiões não; esse acordo dependeria, portanto, de uma revelação sobrenatural encaminhada à humanidade, esperança metafísica que corresponde à atitude do líder esotérico Trigueirinho de fazer vigília aguardando contato com extraterrestres.
A “conclusão inconcludente” de Bobbio estabelece um preceito que ele preservou: “os preconceitos nascem na cabeça dos homens” (BOBBIO, p. 117). Seu combate está, portanto, na educação e no desenvolvimento das consciências. Não concordo totalmente: o preconceito nasceria da própria dinâmica social, enraizando-se, com auxílio dessa, na cabeça dos homens. A democracia, que Bobbio prescreve como panacéia contra o preconceito, não tem como bani-lo totalmente em sua forma capitalista hoje existente; a própria democracia, em seus primórdios, praticava preconceitos contra os estrangeiros, as mulheres e os escravos.
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Norberto Bobbio
A Questão da Destruição de Judá
A Questão da Destruição de Judá
(********8) A Questão da Destruição de Judá
Um texto de Gerson Soares
No corpo do trabalho foi dito que a escatologia se desenvolveria em dois atos distintos, todavia intimamente ligados entre si, como partes de um mesmo e único processo. E tal seria assim porque a escatologia já se acha previamente dada, nos acontecimentos tipológicos passados, tanto da destruição de Judá por Nabucodonozor como da conquista de Babilônia por Ciro que não obstante terem ocorridos em tempo e espaço diferentes, todavia na Palavra de Deus, no estrito interesse do Divino então judaico, tais acontecimentos foram partes de uma única ação de Deus.
A destruição de Judá por parte do rei caldeu Nabucodonozor e a conquista de Babilônia por parte do rei persa Ciro foram acontecimentos concebidos para servir de fundamento escatológico? Eles iriam nortear e ser modelos condutores do acontecer escatológico? Que seguiria passo a passo os seus passos? Os passos tipológicos dados no passado? O que significa dizer o aparecimento no final dos tempos de um novo Nabucodonozor e de um novo Ciro?
Estas são as coisas que Jesus tem revelado ao seu profeta para que ele o declare a todos os filhos e filhas de Deus, bem como a todos que estão com o ouvido aberto para ouvir a novidade. E é isto que será feito agora, num primeiro momento, as abordagens sobre os dramáticos acontecimentos da destruição de Judá e num segundo momento uma abordagem sobre os acontecimentos que levaram à queda de Babilônia.
Apesar de que no livro escatológico por excelência, Apocalipse, há referências que ligam diretamente a escatologia à Babilônia, por outro não há referências que a ligam à destruição de Judá. Abundam sim, mas por profetas fora da Bíblia, do tempo da modernidade. E eles serão abordados ao final desta nota de rodapé.
Mesmo que não haja no livro do Apocalipse qualquer referência que concebe a escatologia a partir das imagens de destruição de Judá, ora, como que na Palavra de Deus Veterotestamentário a destruição de Judá e a conquista de Babilônia se tratam de atos intimamente ligados entre si, indissociáveis, isto significa dizer que para que acontecesse a escatologia revivendo a conquista de Babilônia a escatologia teria de acontecer antes revivendo a destruição de Judá e de tudo que lhe diz respeito, pois quê se os acontecimentos de Nabucodonozor e de Ciro eram partes do mesmo processo então uma escatologia baseada nos acontecimentos de Ciro teria de ser previamente antecedida de uma escatologia baseada nos acontecimentos da destruição de Judá por parte de Nabucodonozor. Quem o diz é simplesmente a equação matemática.
Sendo assim, então podemos indagar se a escatologia já teria se manifestado a partir das imagens da destruição de Judá, um Novo Nabucodonozor esteve entre nós, e passou despercebido de todos?
Ora, por volta do ano de 95, 96, num programa religioso numa antiga rádio aqui da cidade de Presidente Prudente, o ministro da Palavra de Deus que o apresentava então fez leitura do capítulo 1 do livro do profeta Sofonias, do verso 1 ao 18. E ele exaltava a Palavra dizendo que era iminente o cumprimento de Sofonias; que em breve os ricos e os poderosos iriam gritar amargamente nas mãos de Deus, gritando por socorro, mas nem a sua prata e nem o seu ouro os iria livrar. Porque, dizia ele, este é o quinhão que aguarda o homem que dá mais valor para a riqueza do que para Deus.
Façamos a pergunta: a profecia de Sofonias, claramente escatológica, pois fala do Grande Dia da Ira de Deus, é ainda para acontecer, como dizia cheio de animosidade aquele ministro da Palavra de Deus, ou na verdade trata-se de profecia que já se cumpriu, apenas que esteve invisível aos homens?
Que esteve invisível é fora de dúvida; mas, como a Palavra de Deus diz que chegaria um tempo em que tudo que acha em oculto seria revelado, cabe a este que escreve fazer a solene declaração: Sofonias é profecia que já se cumpriu, e o Novo Nabucodonozor já esteve entre nós, fez a obra e as ações que a Palavra de Deus diz ele faria, e já se foi. Como assim? Por ocasião da revolução socialista ocorrida no final do ano de 1917 no país russo. Ali estiveram os seus acontecimentos.
A revolução russa, os seus dramáticos acontecimentos, foram revivência escatológica dos dramáticos acontecimentos da destruição de Judá? Lênin foi um novo Nabucodonozor? Vejamos:
_____ Nabucodonozor destruiu Judá em três sucessivos golpes. O PRIMEIRO foi desfechado contra o rei Joaquim; O SEGUNDO foi desfechado contra o rei Zedequias, onze anos e três meses depois; e O TERCEIRO foi desfechado um mês depois por Nebuzaradã, enviado de Nabucodonozor, que passou a queimar a casa de Javé e a casa do rei, e todas as casas de Jerusalém; queimando com fogo a casa de todo homem proeminente e demolindo as muralhas da cidade, não deixando pedra sobre pedra.
Mas, não foi isto mesmo que aconteceu no caso russo? Os revolucionários realmente não destruíram a Cristandade, que era o reino do Czar, em três sucessivos golpes? O PRIMEIRO foi, pois, a revolução de 1905; o SEGUNDO foi, pois, a revolução de março de 17, onze anos e três meses depois; e o TERCEIRO foi desfechado um mês depois quando Lênin voltando do exílio passou a demolir todo aquele mundo não deixando pedra sobre pedra?
_____ Relata a Palavra de Deus que quando o cerco de Nabucodonozor se tornou insuportável então por uma brecha, na calada da noite, fugiu Zedequias e toda a sua família e colaboradores. Fugindo na direção do Arabá, quando se achavam na planície desértica de Jericó, foram pegos pelos soldados caldeus.. Andando com eles o levaram finalmente a Ribla, mais ao norte, onde o rei Nabucodonozor tinha armado seu quartel-general. Após ter-se feito a leitura de uma decisão judicial a seu respeito então os caldeus abateram ao fio da espada toda a família de Zedequias, todos os seus filhos, a julgar pela idade do pai eram eles muito jovens. E em seguida cegaram-no levando-o a Babilônia onde viveu e morreu na Casa de Custódia..
Mas, não foi isto que ocorreu no caso russo? O Czar Nicolau II quando viu que os revolucionários se assenhoreavam do poder e que seu fim político tinha chegado, enquanto estava sob custódia em Tsarskoye Selo, então na calada da noite planejou fugir da Rússia indo se asilar na Inglaterra, então governada pelo seu primo o rei Jorge V. Mas os revolucionários souberam dos planos e cercaram todas as estradas, com Nicolau II não tendo como fugir. E em agosto o transferiram para a Sibéria, para a cidade de Tobolsk, com Nicolau II e toda a sua família, bem como dezenas que prestavam serviços à família imperial, seguindo em um trem escoltado por trezentos soldados. E em Tobolsk foram aprisionados na Casa do Governador. E finalmente em março do ano seguinte foi transferido de cidade, de Tobolsk para Ekaterimburgo, nos Montes Urais, sendo aprisionados na Casa Patien. E no dia 17 de julho daquele ano de 1918 o capitão Yakov Yurovski, um fotógrafo que sofrera horrores nas prisões do Czar, entrou até o porão onde se achava a família imperial e fez perante eles a leitura de uma decisão judicial que fora tomada pelo soviete local. Estritamente por ele, porque tal ato não estava escrito no ESPÍRITO-DNA do Lênin. E em seguida todos que estavam no porão foram mortos, o Czar e toda a sua família, bem como mordomos que os acompanhava, não sendo poupado nem mesmo o cão spaniel de estimação da família.
_____ Relata a Palavra de Deus que após o massacre dos filhos de Zedequias e o seu cegamento a ira dos caldeus continuou acesa, de modo que mais e mais membros da família real, e outros que serviram próximos ao rei, foram aprisionados e conduzidos a Ribla; e ali na presença de um rei imperdoável eram impiedosamente mortos.
Mas, não foi isto que ocorreu no caso russo? Depois do massacre dos Romanov os revolucionários continuaram aprisionando membros da família imperial e os enviando para Ekaterimburgo; e ali eram julgados e executados. E isto teve prosseguimento até o mês de janeiro do ano de 19, de modo que no período foram cerca de 20 os membros da família imperial que foram julgados e tiveram fim trágico nas mãos dos revolucionários que faziam guarda na região dos Montes Urais.
_____ Relata a Palavra de Deus que os filhos da rebeldia ficaram setenta anos em Babilônia expiando o seu pecado. Mas, ao final de setenta anos de cativeiro, então foram libertos e tiveram permissão de retornar para o lugar de onde foram tirados.
Mas, o que teria sido isto? Por ventura que o tempo de duração do Comunismo que foi realmente de setenta anos? Após esse período então a Cristandade foi novamente restabelecida ao seu antigo lugar?
Haveria alguma ligação entre o massacre dos Zedequias e o massacre dos Romanov? O fato de na profecia de Sofonias constar explicitamente: e vou voltar a minha atenção para os filhos do rei, teria sido isto? De modo que os infelizes já estavam com a sorte traçada muito antes de sua própria existência?
Vejamos o que diz o profeta Sofonias: Está próximo o grande dia de Javé. Está próximo e se apressa muitíssimo. O ruído do dia de Javé é amargo. Ali o poderoso, deixa escapar um grito. Este dia é dia de fúria, dia de aflição e de angústia, dia de tempestade e de desolação, dia de escuridão e de trevas, dia de nuvens e de densas nuvens, dia de buzina e de sinal de alarme, contra as cidades fortificadas e contra as altas torres de ângulo. E vou causar aflição à humanidade, e hão de andar como cegos; porque foi contra Javé que eles pecaram. E seu sangue será realmente derramado como pó e suas vísceras como fezes. Nem a sua prata nem o seu ouro os poderá livrar no dia da fúria de Javé. Comparem agora com o que foi retirado da Wikipédia: As últimas a morrer foram Anastásia, Tatiana, Olga e Maria, que foram golpeadas por baionetas. [73] Elas vestiam mais de 1,3 quilos de diamantes, o que proporcionou a elas uma proteção inicial das balas e baionetas. [74]
Mas, é preciso este esclarecimento: Noubarus Gerson está falando do massacre dos filhos de Zedequias e dos filhos de Nicolau II estabelecendo uma ligação profético-escatológica entre os dois fatos apenas para cumprir com o seu dever de historiador e restaurador da verdade bíblica e histórica. Não sente nenhum prazer em fazê-lo, mormente que está falando de crianças inocentes e jovens que ocupavam aquelas posições por obra do acaso, de modo que não entende tanta ira tanto por parte dos caldeus como por parte dos revolucionários (certamente que Deus deve entender). Mas o assunto foi exaustivamente abordado porque, além do dever de ofício, por outro a ignorância humana tem cometido muita blasfêmia contra Deus e contra a Sua Palavra. Partindo de setores externos à Palavra de Deus até que é compreensível, mas partindo de homens e mulheres que tem a responsabilidade de zelar pelo que é de Deus e pelo seu nome, e o que vem de Deus eles rejeitam e amaldiçoam, então é preciso uma intervenção de Deus para que se tenha mais zelo e mais respeito com a Sua Palavra, que mesmo na morte é portadora da vida, sim, que mesmo na morte, que dele advém, é caminho para a vida.
John Acquila Brown. No ano de 1823 circulou em Londres o livro The Even – Tide (a noite) publicado por John Acquila Brown. Interpretando a profecia dos sete tempos que aparece no livro do profeta Daniel (4.16-17) Brown entendeu que este era um tempo profético de 2520 anos, ao final do qual o domínio político de Deus seria restabelecido. De modo que este longo período de 2520 anos representava o tempo em que a terra ficou sem governo divino, tendo sido o rei Zedequias o último governante do reino teocrático de Javé, uma linguagem que é muito usada pelas Testemunhas de Jeová. Tomando como base e ponto de partida a destruição de Jerusalém pelos caldeus, que ele datou no ano 604ª.c, então, segundo John Acquila Brown, o final deste período profético iria se dar no ano de 1917. No ano de 1917, portanto, o reino teocrático de Javé seria restabelecido e a magnanimidade de sua autoridade seria novamente reconhecida e respeitada.
John Acquila Brown foi verdadeiro na sua interpretação e no seu vaticínio?
Chama à atenção que algum tempo depois de Acquila Brown outro estudioso da Palavra de Deus, Charles Tasse Russel, no ano de 1870 foi também revelado que os sete tempos de Daniel representavam realmente um período de 2520 anos, tempo em que na terra não haveria governo teocrático de Javé, mas ao seu término, enfatizava Russel, o governo teocrático de Javé seria novamente restabelecido e seria este o início da restauração do paraíso terrestre. Apenas que Russel, influenciado por Nelson Barbour – que no ano de 1875 publicou no seu periódico Herald of the Morning (arauto da manhã) que o período dos 2520 anos acabaria no ano de 1914. Barbour partiu do princípio que a destruição de Jerusalém se dera no ano de 607ª.c e não 604ª como anteriormente afirmado por John Acquila Brown – sim, apenas que Russel, influenciado por Barbour, creu que o ano em que Deus iria restabelecer o senhorio do seu governo na terra era o ano de 1914. Tendo passado o ano de 1914 e nenhum acontecimento a indicar o aparecimento do governo divino da terra, a guerra que neste ano adquiriu proporções mundiais Russel a descartou, a verdade é que no ano de 1916, pouco antes de morrer, de forma confusa, começou a achar que o socialismo, que por todos os cantos da terra ameaçava irromper como nova forma de governo diferente de tudo que existia, pudesse ser o fenômeno real da profecia ou que estaria de alguma forma ligada a ela.
Mas, deixemos de lado Charles Tasse Russel e Nelson Barbour e voltemos a John Acquila Brown. Bem, o período dos 2520 anos se cumpriu mesmo no ano de 1917? O reino teocrático de Javé, representado nos reis de Israel, e que findou na destruição de Jerusalém por parte dos caldeus, sendo Zedequias seu último ocupante, ele foi restaurado no ano de 1917? Mais ainda, já tomando os acrescentamentos de Charles Tasse Russel, neste ano de 1917 começou mesmo a restauração do paraíso terrestre?
Ora, no dia 2 de novembro do ano de 1917 ocorreram dois acontecimentos de grande monta que podem estar intimamente ligados ao vaticínio de Brown. E quais foram eles? A assinatura da Declaração Baulfour e a “assinatura” da Revolução. Neste dia tanto o chanceler britânico Lord Balfour assinou a histórica Declaração Balfour, que outorgou de forma oficial ao povo judeu o direito de retornar à Palestina e construírem ali para si um “Lar Nacional”, deixando de andar peregrino e de ser enxotado de nação em nação, como também Lênin e os líderes bolcheviques decidiram pela realização da revolução, de uma revolução que iria dar aos trabalhadores um “Lar Nacional”, o socialismo, com eles deixando de ser oprimidos pelos patrões e de ser enxotados de emprego em emprego.
Como analisar que o socialismo irrompeu na terra, mesclado, misturado, indissoluvelmente ligado ao judeu? A tal ponto que não somente foram tanques soviéticos que derrubaram os portões e muros dos campos de concentração nazista e libertaram os prisioneiros judeus como foi os soviéticos o responsável maior pela criação do Estado de Israel em 48? Estados Unidos ficou do lado da Inglaterra que apoiava os árabes em sua luta contra o recém criado Estado de Israel, mas a União Soviética lhe deu apoio decisivo, não só diplomático (os Estados Unidos se absteve) como também foram armas comunistas postas em suas mãos razão de sua vitória?
Como explicar que não somente líderes importantes da revolução eram judeus, como Marx e Trotsky, ou meio-judeus, como Lênin, mas também o Conselho dos Comissários do Povo, instância máxima de poder da Revolução, das suas 556 cadeiras nada mais nada menos que 457 eram ocupadas por judeus? Sem falar, claro, no embrião do socialismo que foi construído pouco antes pelos judeus, os kibutzins? E podendo ser acrescentado até mesmo os “pogroms”, feito pelo Czar contra os judeus, pois entendiam que os judeus eram a causa da revolução e da desordem, e acabar com os judeus era acabar com eles?
Segundo George Riffert no seu livro A Grande Pirâmide de Gizé o comunismo foi gestado no ventre da Liga Judaica. Simplesmente saiu das entranhas do judeu. Isso é verdadeiro?
Bem, John Acquila Brown foi verdadeiro no seu vaticínio? O que teria de fato acontecido naquele ano de 1917 ligado aos mistérios profundos da Palavra de Deus?
Ora, o que aconteceu neste ano de 1917 foi tão-somente que se deu o aparecimento DO FRUTO DO REINO e a sua respectiva SEMENTE. O fruto do Reino sendo o judeu Marx – personificado no triunfo do socialismo – e a sua semente, Abraão, personificado no Sionismo, o que explica a revolução – movimento de emancipação da classe trabalhadora – e o sionismo – movimento de emancipação do povo judeu – ter se manifestados juntos, entrelaçados entre si, pois quê o fruto quando se manifesta trás dentro de si sua respectiva semente, que ao seu plantio desaparece para dar lugar a arvore, mas que no final do processo reaparece junto ao fruto.
Mas, como a semente possui em si dois gametas, e eles são a causa do fruto e se acham presentes nele, sendo a carne do fruto o resultado do seu gameta masculino e o seu sabor específico e docilidade no seu lugar amargo o resultado do seu gameta feminino, ora, a verdade é que tanto a semente do Reino, o judeu, como o seu fruto, o socialismo, se manifestaram carregando ambos a sua negação. A sua negação dialética, sendo a negação do socialismo o cristianismo e a negação do judeu o palestino. Depois de choques e entrechoques o final é que iria dar-se entre eles a reconciliação, com o socialismo se reconciliando com o cristianismo e o judeu se reconciliando com o palestino, osso do mesmo osso, uma só carne, um só espírito. E podemos dizer que esta reconciliação já foi divisada no horizonte pelo espírito, estando a caminho já o seu processo no aguardo de consumação: por um lado a Escola de Frankfurt – movimento de judeus marxistas que principiou a uma reconciliação do marxismo com o cristianismo – e de outro os acordos de paz firmados por Yitzac Rabin e Yasser Arafat no ano de 93, em Oslo, e que eram preâmbulo para a completa harmonia entre os dois povos a ser conseguida proximamente.
Ora, sabemos que os vaticínios sobre os sete tempos de Daniel apontavam para um período de tempo de 2520 anos ao final do qual Deus iria restabelecer o senhorio do seu governo teocrático, sim, sabemos que seus vaticinadores mais exaltados, em especial Charles Tasse Russel, foram claros de que este governo teocrático não era tão somente o renascimento da nação de Israel, mas, muito mais, o estabelecimento do governo de Deus que iria iniciar todo um trabalho para a construção do paraíso terrestre, em todo o orbe terrestre pois quê no princípio tudo estava nas mãos de Deus. Não iria reiniciar-se o mesmo ciclo, mas seria um novo tempo, em que a presença de Deus não estaria mais presente e limitada a uma única nação, mas seria presença universal. Ora, façamos a pergunta: o governo socialista que foi vitorioso naqueles anos de 1917, 1918 e 1919 a sua forma de governar era então já a construção deste paraíso terrestre? Como o profeta Isaías descreveu o início da construção do paraíso terrestre? “Pois eis que crio novos céus e uma nova terra; e não haverá recordação das coisas anteriores, nem subirão ao coração. Mas exultai e jubilai para todo o sempre naquilo que estou criando. Pois eis que crio Jerusalém como causa para júbilo e seu povo como causa para exultação. E eu vou jubilar em Jerusalém e exultar pelo meu povo; e não se ouvirá mais nela o som de choro, nem o som dum clamor de queixume. Não virá a haver mais um nenê de poucos dias procedente daquele lugar, nem ancião que não tenha cumprido os seus dias; pois morrer-se-á como mero rapaz, embora da idade de cem anos; e quanto ao pecador, embora tenha cem anos de idade, invocar-se-á sobre ele o mal. E hão de construir casas e as ocuparão; e hão de plantar vinhedos e comer os seus frutos. Não construirão e outro terá morada; não plantarão e outro comerá. Porque os dias do meu povo serão como os dias da árvore; e meus escolhidos usufruirão plenamente o trabalho das suas próprias mãos (...).” (Isaías 65.17-25) (O grifo foi meu).
Claramente o profeta Isaías está contrapondo dois sistemas sociais, um em que aqueles que plantam e constroem não comem e não moram, mas outros no seu lugar comem e moram que é entendido de forma clara como constituídos daqueles que não plantaram e não construíram.
Ora, esta forma de governo pela primeira vez na História se deu com a revolução socialista. Ela suprimiu a figura do proprietário de mão de obra de modo que aqueles que plantavam e construíam o faziam para si próprio. Tanto é que no socialismo a falta de moradia e a falta de comida foram resolvidas. E quando o profeta Isaías está descrevendo este reino futuro, a ser trazido por Javé, e diz que os escolhidos de Deus “usufruiriam plenamente do trabalho das suas próprias mãos” é claro este novo sistema social ser o socialismo, pois nele não há a figura do capitalista para extrair mais-valia do trabalho do trabalhador. Ele usufrui plenamente do trabalho de suas próprias mãos. (Para aprofundar a questão ver a parábola que aparece em Mateus 20 onde Jesus lança mão de símbolos para, através deles, descrever o reino futuro de Javé).
Como foi dito que se cumprindo a Palavra de Deus, e não a palavra do homem, então naquele final do ano de 1917 se deu este cumprimento profético, Daniel, Sofonias – mas também profetas modernos que foram usados pelo Deus que não faz nada sem antes revelar aos seus escravos, os profetas, e estamos falando de John Acquila Brown e até mesmo de Charles Tasse Russel – de modo que Deus restabelecia a sua soberania e a sua autoridade política a partir tanto do socialismo como do sionismo (mas socialismo e sionismo ainda na existência de negação, tese e antítese, ainda não síntese, de modo que o socialismo era Esaú desligado e sem a complementação de Jacó, Cristianismo, e o sionismo era Jacó desligado e sem a complementação de Esaú, Palestino; mas, na síntese, iria haver a completa reconciliação, o socialismo iria reconciliar-se com o cristianismo, deixando de ser Esaú este e deixando de ser Jacó aquele para agora os dois serem Isaque, e agora no corpo e na figura de Isaque se porem à construção do reino da liberdade concreta em que cada um tem segundo as suas necessidades, e o mesmo se dizendo de judeus e palestinos que agora no corpo e na figura de Isaque iriam pôr-se realmente à construção da Nova Jerusalém, Nova Jerusalém esta que será mesmo a capital desta terra construída por cristãos e marxistas, e é uma cidade assim, não tem qualquer barreira de divisão e de separação, mas é cidade livre, em que judeus e palestinos, bem como cristãos, atravessam-na de lado a lado sem haver que os interrompa e indague: para onde vais, ora, sendo assim, vamos fazer mais uma análise para que a questão se torne ainda mais madura na mente e no coração daqueles que são limpos de mão e puros de coração (Mas, antes de prosseguir, é preciso esclarecer: não que deixam de ser Esaú e Jacó para ser Ismael, desse modo adquirindo uma nova identidade espiritual. Não, mas o seu sentido profundo é que evoluem, amadurecem e acabam, pois, descobrindo no outro a sua complementação. A sua geminilidade. De modo que se reconciliam e começam a transitar entre si NA MEDIAÇÃO DE ISAQUE!). Prosseguindo. Bem, o fato de que os bolcheviques quando fizeram a revolução e já estavam longe na construção do socialismo e as nações imperialistas da terra inteira invadiram a Rússia revolucionária por todos os flancos para impedir o recém-criado estado socialista e esmagar a revolução, trazendo assim o seu povo de volta à casa dos escravos, quatorze nações, as nações mais seletas, Turquia, Japão, França, Inglaterra, Estados Unidos, querendo impedir o nascimento do recém estado socialista e o esmagar – mas foram esmagadas pelo poder revolucionário, perecendo nas águas do seu Mar Vermelho espiritual –, ora, este fato, que é da mesma essência do fato ocorrido com o nascente estado de Israel, em que as nações árabes avançaram sobre ele para destruí-lo e o esmagar, mas foram derrotadas – bem, esses fatos têm alguma relação entre si, relação que diga respeito aos profundos mistérios da Palavra de Deus? Afinal não somente a mão do judeu foi auxílio ao poder revolucionário na conquista do poder e na sua luta contra o imperialismo como a mão do comunista, trinta anos depois, foi auxilio na criação do Estado de Israel...
Mais fatos esclarecedores. Ora, fazendo leitura da profecia em que Daniel faz menção dos sete tempos (4.25), se deduz que ao seu cumprimento Deus estabeleceria no reinado ou começaria o seu reinado a partir de um povo humilde, pois, contrapondo o orgulho e a soberba de Nabucodonozor, é dito: até saberes que o Altíssimo é Governante no reino da humanidade e que ele o dá a quem quiser até mesmo que estabelece nele o mais humilde da humanidade. E esta dedução ganha verossimilhança quando ao vaticínio de Daniel é agregado o vaticínio do Magnificat, clarividente sobre a questão, que aparece em Lucas 1.46-53, claramente inspirado nas palavras de Daniel, pois quê veja-se o que diz o Magnificat: “(...) Ele tem agido valorosamente com o seu braço, tem espalhado os que são soberbos na sua intenção de coração. Tem derrubado de tronos homens de poder e tem enaltecido humildes; tem plenamente saciado os famintos com coisas boas e têm mandado embora, de mãos vazias, os que tinham riqueza”.
Façamos a pergunta: uma vez que a revolução se deu a partir do proletariado, realmente o mais humilde da humanidade, homens e mulheres rudes, analfabetos, que não possuíam nada senão a sua força de trabalho, e não tinha nada a perder senão as algemas sobre as suas vidas, e há o relato sobre o marinheiro Krilenko, membro do triunvirato encarregado da defesa da marinha, que ao datilografar as suas ordens revolucionárias concernentes ficava com o indicador procurando as letras no teclado máquina, como se diz no jargão popular: catando milho! ... Um toque aqui outro ali.... E assim ia aprendendo o ofício de datilógrafo... Sim, o fato da revolução, ter sido feita pelo proletariado seria mais uma prova contundente da origem divina do Marxismo e da Revolução? Foi Javé que estabeleceu o proletariado no poder e no tempo designado?
Como última indagação – e perguntar não faz mal a ninguém: uma vez que o advento da revolução socialista foi cumprimento da Palavra de Deus, se cumprindo até mesmo nos mínimos detalhes, como Isaías 53 se cumpriu em Jesus até nos mínimos detalhes, ora, como explicar que os sacerdotes da Cristandade sempre amaldiçoaram a revolução comunista, vendo-a como obra do homem pecador? Maldição que proferiram contra ela que faz lembrar as maldições proferidas por Balaão contra o povo recém-saído da escravidão, contratado pelo rei Balaque, para uma recompensa, como aparece na carta de Judas? Os sacerdotes da Cristandade seriam tipos dos sacerdotes de Judá, seus arquétipos? De modo que o espírito que esteve naqueles era o espírito que estava nestes?
Certamente que muitos irão refletir, caindo de joelho perante Deus, clamando as suas misericórdias e o seu perdão, procurando conhecer mais os acontecimentos da História na mediação e interpretação da Palavra de Deus e não mais no interesse e na interpretação dos homens.
Como indagação, vejamos o que diz Daniel sobre o sonho do rei Nabucodonozor sobre a arvore que nasceu pequena mas que cresceu sendo vista de todos os lugares da terra.frondosa que teve
(********8) A Questão da Destruição de Judá
Um texto de Gerson Soares
No corpo do trabalho foi dito que a escatologia se desenvolveria em dois atos distintos, todavia intimamente ligados entre si, como partes de um mesmo e único processo. E tal seria assim porque a escatologia já se acha previamente dada, nos acontecimentos tipológicos passados, tanto da destruição de Judá por Nabucodonozor como da conquista de Babilônia por Ciro que não obstante terem ocorridos em tempo e espaço diferentes, todavia na Palavra de Deus, no estrito interesse do Divino então judaico, tais acontecimentos foram partes de uma única ação de Deus.
A destruição de Judá por parte do rei caldeu Nabucodonozor e a conquista de Babilônia por parte do rei persa Ciro foram acontecimentos concebidos para servir de fundamento escatológico? Eles iriam nortear e ser modelos condutores do acontecer escatológico? Que seguiria passo a passo os seus passos? Os passos tipológicos dados no passado? O que significa dizer o aparecimento no final dos tempos de um novo Nabucodonozor e de um novo Ciro?
Estas são as coisas que Jesus tem revelado ao seu profeta para que ele o declare a todos os filhos e filhas de Deus, bem como a todos que estão com o ouvido aberto para ouvir a novidade. E é isto que será feito agora, num primeiro momento, as abordagens sobre os dramáticos acontecimentos da destruição de Judá e num segundo momento uma abordagem sobre os acontecimentos que levaram à queda de Babilônia.
Apesar de que no livro escatológico por excelência, Apocalipse, há referências que ligam diretamente a escatologia à Babilônia, por outro não há referências que a ligam à destruição de Judá. Abundam sim, mas por profetas fora da Bíblia, do tempo da modernidade. E eles serão abordados ao final desta nota de rodapé.
Mesmo que não haja no livro do Apocalipse qualquer referência que concebe a escatologia a partir das imagens de destruição de Judá, ora, como que na Palavra de Deus Veterotestamentário a destruição de Judá e a conquista de Babilônia se tratam de atos intimamente ligados entre si, indissociáveis, isto significa dizer que para que acontecesse a escatologia revivendo a conquista de Babilônia a escatologia teria de acontecer antes revivendo a destruição de Judá e de tudo que lhe diz respeito, pois quê se os acontecimentos de Nabucodonozor e de Ciro eram partes do mesmo processo então uma escatologia baseada nos acontecimentos de Ciro teria de ser previamente antecedida de uma escatologia baseada nos acontecimentos da destruição de Judá por parte de Nabucodonozor. Quem o diz é simplesmente a equação matemática.
Sendo assim, então podemos indagar se a escatologia já teria se manifestado a partir das imagens da destruição de Judá, um Novo Nabucodonozor esteve entre nós, e passou despercebido de todos?
Ora, por volta do ano de 95, 96, num programa religioso numa antiga rádio aqui da cidade de Presidente Prudente, o ministro da Palavra de Deus que o apresentava então fez leitura do capítulo 1 do livro do profeta Sofonias, do verso 1 ao 18. E ele exaltava a Palavra dizendo que era iminente o cumprimento de Sofonias; que em breve os ricos e os poderosos iriam gritar amargamente nas mãos de Deus, gritando por socorro, mas nem a sua prata e nem o seu ouro os iria livrar. Porque, dizia ele, este é o quinhão que aguarda o homem que dá mais valor para a riqueza do que para Deus.
Façamos a pergunta: a profecia de Sofonias, claramente escatológica, pois fala do Grande Dia da Ira de Deus, é ainda para acontecer, como dizia cheio de animosidade aquele ministro da Palavra de Deus, ou na verdade trata-se de profecia que já se cumpriu, apenas que esteve invisível aos homens?
Que esteve invisível é fora de dúvida; mas, como a Palavra de Deus diz que chegaria um tempo em que tudo que acha em oculto seria revelado, cabe a este que escreve fazer a solene declaração: Sofonias é profecia que já se cumpriu, e o Novo Nabucodonozor já esteve entre nós, fez a obra e as ações que a Palavra de Deus diz ele faria, e já se foi. Como assim? Por ocasião da revolução socialista ocorrida no final do ano de 1917 no país russo. Ali estiveram os seus acontecimentos.
A revolução russa, os seus dramáticos acontecimentos, foram revivência escatológica dos dramáticos acontecimentos da destruição de Judá? Lênin foi um novo Nabucodonozor? Vejamos:
_____ Nabucodonozor destruiu Judá em três sucessivos golpes. O PRIMEIRO foi desfechado contra o rei Joaquim; O SEGUNDO foi desfechado contra o rei Zedequias, onze anos e três meses depois; e O TERCEIRO foi desfechado um mês depois por Nebuzaradã, enviado de Nabucodonozor, que passou a queimar a casa de Javé e a casa do rei, e todas as casas de Jerusalém; queimando com fogo a casa de todo homem proeminente e demolindo as muralhas da cidade, não deixando pedra sobre pedra.
Mas, não foi isto mesmo que aconteceu no caso russo? Os revolucionários realmente não destruíram a Cristandade, que era o reino do Czar, em três sucessivos golpes? O PRIMEIRO foi, pois, a revolução de 1905; o SEGUNDO foi, pois, a revolução de março de 17, onze anos e três meses depois; e o TERCEIRO foi desfechado um mês depois quando Lênin voltando do exílio passou a demolir todo aquele mundo não deixando pedra sobre pedra?
_____ Relata a Palavra de Deus que quando o cerco de Nabucodonozor se tornou insuportável então por uma brecha, na calada da noite, fugiu Zedequias e toda a sua família e colaboradores. Fugindo na direção do Arabá, quando se achavam na planície desértica de Jericó, foram pegos pelos soldados caldeus.. Andando com eles o levaram finalmente a Ribla, mais ao norte, onde o rei Nabucodonozor tinha armado seu quartel-general. Após ter-se feito a leitura de uma decisão judicial a seu respeito então os caldeus abateram ao fio da espada toda a família de Zedequias, todos os seus filhos, a julgar pela idade do pai eram eles muito jovens. E em seguida cegaram-no levando-o a Babilônia onde viveu e morreu na Casa de Custódia..
Mas, não foi isto que ocorreu no caso russo? O Czar Nicolau II quando viu que os revolucionários se assenhoreavam do poder e que seu fim político tinha chegado, enquanto estava sob custódia em Tsarskoye Selo, então na calada da noite planejou fugir da Rússia indo se asilar na Inglaterra, então governada pelo seu primo o rei Jorge V. Mas os revolucionários souberam dos planos e cercaram todas as estradas, com Nicolau II não tendo como fugir. E em agosto o transferiram para a Sibéria, para a cidade de Tobolsk, com Nicolau II e toda a sua família, bem como dezenas que prestavam serviços à família imperial, seguindo em um trem escoltado por trezentos soldados. E em Tobolsk foram aprisionados na Casa do Governador. E finalmente em março do ano seguinte foi transferido de cidade, de Tobolsk para Ekaterimburgo, nos Montes Urais, sendo aprisionados na Casa Patien. E no dia 17 de julho daquele ano de 1918 o capitão Yakov Yurovski, um fotógrafo que sofrera horrores nas prisões do Czar, entrou até o porão onde se achava a família imperial e fez perante eles a leitura de uma decisão judicial que fora tomada pelo soviete local. Estritamente por ele, porque tal ato não estava escrito no ESPÍRITO-DNA do Lênin. E em seguida todos que estavam no porão foram mortos, o Czar e toda a sua família, bem como mordomos que os acompanhava, não sendo poupado nem mesmo o cão spaniel de estimação da família.
_____ Relata a Palavra de Deus que após o massacre dos filhos de Zedequias e o seu cegamento a ira dos caldeus continuou acesa, de modo que mais e mais membros da família real, e outros que serviram próximos ao rei, foram aprisionados e conduzidos a Ribla; e ali na presença de um rei imperdoável eram impiedosamente mortos.
Mas, não foi isto que ocorreu no caso russo? Depois do massacre dos Romanov os revolucionários continuaram aprisionando membros da família imperial e os enviando para Ekaterimburgo; e ali eram julgados e executados. E isto teve prosseguimento até o mês de janeiro do ano de 19, de modo que no período foram cerca de 20 os membros da família imperial que foram julgados e tiveram fim trágico nas mãos dos revolucionários que faziam guarda na região dos Montes Urais.
_____ Relata a Palavra de Deus que os filhos da rebeldia ficaram setenta anos em Babilônia expiando o seu pecado. Mas, ao final de setenta anos de cativeiro, então foram libertos e tiveram permissão de retornar para o lugar de onde foram tirados.
Mas, o que teria sido isto? Por ventura que o tempo de duração do Comunismo que foi realmente de setenta anos? Após esse período então a Cristandade foi novamente restabelecida ao seu antigo lugar?
Haveria alguma ligação entre o massacre dos Zedequias e o massacre dos Romanov? O fato de na profecia de Sofonias constar explicitamente: e vou voltar a minha atenção para os filhos do rei, teria sido isto? De modo que os infelizes já estavam com a sorte traçada muito antes de sua própria existência?
Vejamos o que diz o profeta Sofonias: Está próximo o grande dia de Javé. Está próximo e se apressa muitíssimo. O ruído do dia de Javé é amargo. Ali o poderoso, deixa escapar um grito. Este dia é dia de fúria, dia de aflição e de angústia, dia de tempestade e de desolação, dia de escuridão e de trevas, dia de nuvens e de densas nuvens, dia de buzina e de sinal de alarme, contra as cidades fortificadas e contra as altas torres de ângulo. E vou causar aflição à humanidade, e hão de andar como cegos; porque foi contra Javé que eles pecaram. E seu sangue será realmente derramado como pó e suas vísceras como fezes. Nem a sua prata nem o seu ouro os poderá livrar no dia da fúria de Javé. Comparem agora com o que foi retirado da Wikipédia: As últimas a morrer foram Anastásia, Tatiana, Olga e Maria, que foram golpeadas por baionetas. [73] Elas vestiam mais de 1,3 quilos de diamantes, o que proporcionou a elas uma proteção inicial das balas e baionetas. [74]
Mas, é preciso este esclarecimento: Noubarus Gerson está falando do massacre dos filhos de Zedequias e dos filhos de Nicolau II estabelecendo uma ligação profético-escatológica entre os dois fatos apenas para cumprir com o seu dever de historiador e restaurador da verdade bíblica e histórica. Não sente nenhum prazer em fazê-lo, mormente que está falando de crianças inocentes e jovens que ocupavam aquelas posições por obra do acaso, de modo que não entende tanta ira tanto por parte dos caldeus como por parte dos revolucionários (certamente que Deus deve entender). Mas o assunto foi exaustivamente abordado porque, além do dever de ofício, por outro a ignorância humana tem cometido muita blasfêmia contra Deus e contra a Sua Palavra. Partindo de setores externos à Palavra de Deus até que é compreensível, mas partindo de homens e mulheres que tem a responsabilidade de zelar pelo que é de Deus e pelo seu nome, e o que vem de Deus eles rejeitam e amaldiçoam, então é preciso uma intervenção de Deus para que se tenha mais zelo e mais respeito com a Sua Palavra, que mesmo na morte é portadora da vida, sim, que mesmo na morte, que dele advém, é caminho para a vida.
John Acquila Brown. No ano de 1823 circulou em Londres o livro The Even – Tide (a noite) publicado por John Acquila Brown. Interpretando a profecia dos sete tempos que aparece no livro do profeta Daniel (4.16-17) Brown entendeu que este era um tempo profético de 2520 anos, ao final do qual o domínio político de Deus seria restabelecido. De modo que este longo período de 2520 anos representava o tempo em que a terra ficou sem governo divino, tendo sido o rei Zedequias o último governante do reino teocrático de Javé, uma linguagem que é muito usada pelas Testemunhas de Jeová. Tomando como base e ponto de partida a destruição de Jerusalém pelos caldeus, que ele datou no ano 604ª.c, então, segundo John Acquila Brown, o final deste período profético iria se dar no ano de 1917. No ano de 1917, portanto, o reino teocrático de Javé seria restabelecido e a magnanimidade de sua autoridade seria novamente reconhecida e respeitada.
John Acquila Brown foi verdadeiro na sua interpretação e no seu vaticínio?
Chama à atenção que algum tempo depois de Acquila Brown outro estudioso da Palavra de Deus, Charles Tasse Russel, no ano de 1870 foi também revelado que os sete tempos de Daniel representavam realmente um período de 2520 anos, tempo em que na terra não haveria governo teocrático de Javé, mas ao seu término, enfatizava Russel, o governo teocrático de Javé seria novamente restabelecido e seria este o início da restauração do paraíso terrestre. Apenas que Russel, influenciado por Nelson Barbour – que no ano de 1875 publicou no seu periódico Herald of the Morning (arauto da manhã) que o período dos 2520 anos acabaria no ano de 1914. Barbour partiu do princípio que a destruição de Jerusalém se dera no ano de 607ª.c e não 604ª como anteriormente afirmado por John Acquila Brown – sim, apenas que Russel, influenciado por Barbour, creu que o ano em que Deus iria restabelecer o senhorio do seu governo na terra era o ano de 1914. Tendo passado o ano de 1914 e nenhum acontecimento a indicar o aparecimento do governo divino da terra, a guerra que neste ano adquiriu proporções mundiais Russel a descartou, a verdade é que no ano de 1916, pouco antes de morrer, de forma confusa, começou a achar que o socialismo, que por todos os cantos da terra ameaçava irromper como nova forma de governo diferente de tudo que existia, pudesse ser o fenômeno real da profecia ou que estaria de alguma forma ligada a ela.
Mas, deixemos de lado Charles Tasse Russel e Nelson Barbour e voltemos a John Acquila Brown. Bem, o período dos 2520 anos se cumpriu mesmo no ano de 1917? O reino teocrático de Javé, representado nos reis de Israel, e que findou na destruição de Jerusalém por parte dos caldeus, sendo Zedequias seu último ocupante, ele foi restaurado no ano de 1917? Mais ainda, já tomando os acrescentamentos de Charles Tasse Russel, neste ano de 1917 começou mesmo a restauração do paraíso terrestre?
Ora, no dia 2 de novembro do ano de 1917 ocorreram dois acontecimentos de grande monta que podem estar intimamente ligados ao vaticínio de Brown. E quais foram eles? A assinatura da Declaração Baulfour e a “assinatura” da Revolução. Neste dia tanto o chanceler britânico Lord Balfour assinou a histórica Declaração Balfour, que outorgou de forma oficial ao povo judeu o direito de retornar à Palestina e construírem ali para si um “Lar Nacional”, deixando de andar peregrino e de ser enxotado de nação em nação, como também Lênin e os líderes bolcheviques decidiram pela realização da revolução, de uma revolução que iria dar aos trabalhadores um “Lar Nacional”, o socialismo, com eles deixando de ser oprimidos pelos patrões e de ser enxotados de emprego em emprego.
Como analisar que o socialismo irrompeu na terra, mesclado, misturado, indissoluvelmente ligado ao judeu? A tal ponto que não somente foram tanques soviéticos que derrubaram os portões e muros dos campos de concentração nazista e libertaram os prisioneiros judeus como foi os soviéticos o responsável maior pela criação do Estado de Israel em 48? Estados Unidos ficou do lado da Inglaterra que apoiava os árabes em sua luta contra o recém criado Estado de Israel, mas a União Soviética lhe deu apoio decisivo, não só diplomático (os Estados Unidos se absteve) como também foram armas comunistas postas em suas mãos razão de sua vitória?
Como explicar que não somente líderes importantes da revolução eram judeus, como Marx e Trotsky, ou meio-judeus, como Lênin, mas também o Conselho dos Comissários do Povo, instância máxima de poder da Revolução, das suas 556 cadeiras nada mais nada menos que 457 eram ocupadas por judeus? Sem falar, claro, no embrião do socialismo que foi construído pouco antes pelos judeus, os kibutzins? E podendo ser acrescentado até mesmo os “pogroms”, feito pelo Czar contra os judeus, pois entendiam que os judeus eram a causa da revolução e da desordem, e acabar com os judeus era acabar com eles?
Segundo George Riffert no seu livro A Grande Pirâmide de Gizé o comunismo foi gestado no ventre da Liga Judaica. Simplesmente saiu das entranhas do judeu. Isso é verdadeiro?
Bem, John Acquila Brown foi verdadeiro no seu vaticínio? O que teria de fato acontecido naquele ano de 1917 ligado aos mistérios profundos da Palavra de Deus?
Ora, o que aconteceu neste ano de 1917 foi tão-somente que se deu o aparecimento DO FRUTO DO REINO e a sua respectiva SEMENTE. O fruto do Reino sendo o judeu Marx – personificado no triunfo do socialismo – e a sua semente, Abraão, personificado no Sionismo, o que explica a revolução – movimento de emancipação da classe trabalhadora – e o sionismo – movimento de emancipação do povo judeu – ter se manifestados juntos, entrelaçados entre si, pois quê o fruto quando se manifesta trás dentro de si sua respectiva semente, que ao seu plantio desaparece para dar lugar a arvore, mas que no final do processo reaparece junto ao fruto.
Mas, como a semente possui em si dois gametas, e eles são a causa do fruto e se acham presentes nele, sendo a carne do fruto o resultado do seu gameta masculino e o seu sabor específico e docilidade no seu lugar amargo o resultado do seu gameta feminino, ora, a verdade é que tanto a semente do Reino, o judeu, como o seu fruto, o socialismo, se manifestaram carregando ambos a sua negação. A sua negação dialética, sendo a negação do socialismo o cristianismo e a negação do judeu o palestino. Depois de choques e entrechoques o final é que iria dar-se entre eles a reconciliação, com o socialismo se reconciliando com o cristianismo e o judeu se reconciliando com o palestino, osso do mesmo osso, uma só carne, um só espírito. E podemos dizer que esta reconciliação já foi divisada no horizonte pelo espírito, estando a caminho já o seu processo no aguardo de consumação: por um lado a Escola de Frankfurt – movimento de judeus marxistas que principiou a uma reconciliação do marxismo com o cristianismo – e de outro os acordos de paz firmados por Yitzac Rabin e Yasser Arafat no ano de 93, em Oslo, e que eram preâmbulo para a completa harmonia entre os dois povos a ser conseguida proximamente.
Ora, sabemos que os vaticínios sobre os sete tempos de Daniel apontavam para um período de tempo de 2520 anos ao final do qual Deus iria restabelecer o senhorio do seu governo teocrático, sim, sabemos que seus vaticinadores mais exaltados, em especial Charles Tasse Russel, foram claros de que este governo teocrático não era tão somente o renascimento da nação de Israel, mas, muito mais, o estabelecimento do governo de Deus que iria iniciar todo um trabalho para a construção do paraíso terrestre, em todo o orbe terrestre pois quê no princípio tudo estava nas mãos de Deus. Não iria reiniciar-se o mesmo ciclo, mas seria um novo tempo, em que a presença de Deus não estaria mais presente e limitada a uma única nação, mas seria presença universal. Ora, façamos a pergunta: o governo socialista que foi vitorioso naqueles anos de 1917, 1918 e 1919 a sua forma de governar era então já a construção deste paraíso terrestre? Como o profeta Isaías descreveu o início da construção do paraíso terrestre? “Pois eis que crio novos céus e uma nova terra; e não haverá recordação das coisas anteriores, nem subirão ao coração. Mas exultai e jubilai para todo o sempre naquilo que estou criando. Pois eis que crio Jerusalém como causa para júbilo e seu povo como causa para exultação. E eu vou jubilar em Jerusalém e exultar pelo meu povo; e não se ouvirá mais nela o som de choro, nem o som dum clamor de queixume. Não virá a haver mais um nenê de poucos dias procedente daquele lugar, nem ancião que não tenha cumprido os seus dias; pois morrer-se-á como mero rapaz, embora da idade de cem anos; e quanto ao pecador, embora tenha cem anos de idade, invocar-se-á sobre ele o mal. E hão de construir casas e as ocuparão; e hão de plantar vinhedos e comer os seus frutos. Não construirão e outro terá morada; não plantarão e outro comerá. Porque os dias do meu povo serão como os dias da árvore; e meus escolhidos usufruirão plenamente o trabalho das suas próprias mãos (...).” (Isaías 65.17-25) (O grifo foi meu).
Claramente o profeta Isaías está contrapondo dois sistemas sociais, um em que aqueles que plantam e constroem não comem e não moram, mas outros no seu lugar comem e moram que é entendido de forma clara como constituídos daqueles que não plantaram e não construíram.
Ora, esta forma de governo pela primeira vez na História se deu com a revolução socialista. Ela suprimiu a figura do proprietário de mão de obra de modo que aqueles que plantavam e construíam o faziam para si próprio. Tanto é que no socialismo a falta de moradia e a falta de comida foram resolvidas. E quando o profeta Isaías está descrevendo este reino futuro, a ser trazido por Javé, e diz que os escolhidos de Deus “usufruiriam plenamente do trabalho das suas próprias mãos” é claro este novo sistema social ser o socialismo, pois nele não há a figura do capitalista para extrair mais-valia do trabalho do trabalhador. Ele usufrui plenamente do trabalho de suas próprias mãos. (Para aprofundar a questão ver a parábola que aparece em Mateus 20 onde Jesus lança mão de símbolos para, através deles, descrever o reino futuro de Javé).
Como foi dito que se cumprindo a Palavra de Deus, e não a palavra do homem, então naquele final do ano de 1917 se deu este cumprimento profético, Daniel, Sofonias – mas também profetas modernos que foram usados pelo Deus que não faz nada sem antes revelar aos seus escravos, os profetas, e estamos falando de John Acquila Brown e até mesmo de Charles Tasse Russel – de modo que Deus restabelecia a sua soberania e a sua autoridade política a partir tanto do socialismo como do sionismo (mas socialismo e sionismo ainda na existência de negação, tese e antítese, ainda não síntese, de modo que o socialismo era Esaú desligado e sem a complementação de Jacó, Cristianismo, e o sionismo era Jacó desligado e sem a complementação de Esaú, Palestino; mas, na síntese, iria haver a completa reconciliação, o socialismo iria reconciliar-se com o cristianismo, deixando de ser Esaú este e deixando de ser Jacó aquele para agora os dois serem Isaque, e agora no corpo e na figura de Isaque se porem à construção do reino da liberdade concreta em que cada um tem segundo as suas necessidades, e o mesmo se dizendo de judeus e palestinos que agora no corpo e na figura de Isaque iriam pôr-se realmente à construção da Nova Jerusalém, Nova Jerusalém esta que será mesmo a capital desta terra construída por cristãos e marxistas, e é uma cidade assim, não tem qualquer barreira de divisão e de separação, mas é cidade livre, em que judeus e palestinos, bem como cristãos, atravessam-na de lado a lado sem haver que os interrompa e indague: para onde vais, ora, sendo assim, vamos fazer mais uma análise para que a questão se torne ainda mais madura na mente e no coração daqueles que são limpos de mão e puros de coração (Mas, antes de prosseguir, é preciso esclarecer: não que deixam de ser Esaú e Jacó para ser Ismael, desse modo adquirindo uma nova identidade espiritual. Não, mas o seu sentido profundo é que evoluem, amadurecem e acabam, pois, descobrindo no outro a sua complementação. A sua geminilidade. De modo que se reconciliam e começam a transitar entre si NA MEDIAÇÃO DE ISAQUE!). Prosseguindo. Bem, o fato de que os bolcheviques quando fizeram a revolução e já estavam longe na construção do socialismo e as nações imperialistas da terra inteira invadiram a Rússia revolucionária por todos os flancos para impedir o recém-criado estado socialista e esmagar a revolução, trazendo assim o seu povo de volta à casa dos escravos, quatorze nações, as nações mais seletas, Turquia, Japão, França, Inglaterra, Estados Unidos, querendo impedir o nascimento do recém estado socialista e o esmagar – mas foram esmagadas pelo poder revolucionário, perecendo nas águas do seu Mar Vermelho espiritual –, ora, este fato, que é da mesma essência do fato ocorrido com o nascente estado de Israel, em que as nações árabes avançaram sobre ele para destruí-lo e o esmagar, mas foram derrotadas – bem, esses fatos têm alguma relação entre si, relação que diga respeito aos profundos mistérios da Palavra de Deus? Afinal não somente a mão do judeu foi auxílio ao poder revolucionário na conquista do poder e na sua luta contra o imperialismo como a mão do comunista, trinta anos depois, foi auxilio na criação do Estado de Israel...
Mais fatos esclarecedores. Ora, fazendo leitura da profecia em que Daniel faz menção dos sete tempos (4.25), se deduz que ao seu cumprimento Deus estabeleceria no reinado ou começaria o seu reinado a partir de um povo humilde, pois, contrapondo o orgulho e a soberba de Nabucodonozor, é dito: até saberes que o Altíssimo é Governante no reino da humanidade e que ele o dá a quem quiser até mesmo que estabelece nele o mais humilde da humanidade. E esta dedução ganha verossimilhança quando ao vaticínio de Daniel é agregado o vaticínio do Magnificat, clarividente sobre a questão, que aparece em Lucas 1.46-53, claramente inspirado nas palavras de Daniel, pois quê veja-se o que diz o Magnificat: “(...) Ele tem agido valorosamente com o seu braço, tem espalhado os que são soberbos na sua intenção de coração. Tem derrubado de tronos homens de poder e tem enaltecido humildes; tem plenamente saciado os famintos com coisas boas e têm mandado embora, de mãos vazias, os que tinham riqueza”.
Façamos a pergunta: uma vez que a revolução se deu a partir do proletariado, realmente o mais humilde da humanidade, homens e mulheres rudes, analfabetos, que não possuíam nada senão a sua força de trabalho, e não tinha nada a perder senão as algemas sobre as suas vidas, e há o relato sobre o marinheiro Krilenko, membro do triunvirato encarregado da defesa da marinha, que ao datilografar as suas ordens revolucionárias concernentes ficava com o indicador procurando as letras no teclado máquina, como se diz no jargão popular: catando milho! ... Um toque aqui outro ali.... E assim ia aprendendo o ofício de datilógrafo... Sim, o fato da revolução, ter sido feita pelo proletariado seria mais uma prova contundente da origem divina do Marxismo e da Revolução? Foi Javé que estabeleceu o proletariado no poder e no tempo designado?
Como última indagação – e perguntar não faz mal a ninguém: uma vez que o advento da revolução socialista foi cumprimento da Palavra de Deus, se cumprindo até mesmo nos mínimos detalhes, como Isaías 53 se cumpriu em Jesus até nos mínimos detalhes, ora, como explicar que os sacerdotes da Cristandade sempre amaldiçoaram a revolução comunista, vendo-a como obra do homem pecador? Maldição que proferiram contra ela que faz lembrar as maldições proferidas por Balaão contra o povo recém-saído da escravidão, contratado pelo rei Balaque, para uma recompensa, como aparece na carta de Judas? Os sacerdotes da Cristandade seriam tipos dos sacerdotes de Judá, seus arquétipos? De modo que o espírito que esteve naqueles era o espírito que estava nestes?
Certamente que muitos irão refletir, caindo de joelho perante Deus, clamando as suas misericórdias e o seu perdão, procurando conhecer mais os acontecimentos da História na mediação e interpretação da Palavra de Deus e não mais no interesse e na interpretação dos homens.
Como indagação, vejamos o que diz Daniel sobre o sonho do rei Nabucodonozor sobre a arvore que nasceu pequena mas que cresceu sendo vista de todos os lugares da terra.frondosa que teve
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