Meu grande, caro, brilhante, entusiasmado e estimulante amigo Lúcio Emílio,
de tantos emílios e figurinhas trocadas ......
(pausa)
[Há quem diga e-mail, por que ainda não sabem que os spanglish-hablantes dizem emílio , e que isso poderia nos inspirar a driblar mais uma palavra gringa, numa boa. Já o Elpídio de Toledo, que tem me levado generosamente a Rilke, acaba de usar emilho , ainda hoje. Emelho , prefere o Sérgio Pizzolli, um outro amigo meu que não está no sítio . Ou, para ficar com o minimalismo do Mauro Bartholomeu, e-1/2 também é muito bom.]
(continuo)
mas eu digo emílios , porque trocados com você, Lúcio Emílio. Você que já uma vez me fez saber da existência da Xuxa Preta (cf. neste site), e que agora me faz ter enorme curiosidade em saber dessa figura incrível: PEDRO MORALEIDA.
Ainda não li o artigo "Retrato de um jovem nitzschiano", em que você discorre especificamente sobre esse artista plástico (1977-1990). Refiro-me ao artigo seguinte: "Falavam tão bem de mim, eu pensei que tinha morrido", que termina com um pedido de "SOS, Zé Pedro", por conta de uma frase em alemão no alto de uma das obras.
E eu, que sou tradutor do idioma de Fassbinder, prontamente salto da caixinha, como um "jeca-in the box". Vamos à frase:
"Ich will doch nur, dass ihr mich liebt" ["Eu quero na verdade apenas que vocês me amem", seria a tradução literalíssima, palavra a palavra] Trata-se do título de um filme desse cineasta que acabo de mencionar como falante do idioma que traduzo [e a isso se chama "visão prospectiva"], Rainer Werner Fassbinder (1936-1982). O título do filme (o Instituto Goethe possui uma cópia em SP?): "Eu só quero que vocês me amem".
Na Folha de hoje, por coincidência, li matéria sobre um cineasta francês, François Ozon, que acaba de filmar a primeira peça de teatro escrita pelo diretor de "Lola", "Lili Marleen" e "O casamento de Maria Braun", escrita aos 19 anos de idade. O filme se chama "Gottes d Eau sur Pierres Brulantes" [Gotas d Água sobre Pedras Escaldantes]. Morto aos 36 anos de idade, Fassbinder deixou uma obra (filmes e peças de teatro, como ator e diretor, além de farta produção literária, entre peças, roteiros e ensaios) só comparável, em termos de produtividade e de criatividade [e não sou eu a afirmá-lo, mas a crítica alemã], a outro alemão que todo mundo conhece ["ao menos, como Instituto", diria o sacana do Hubert Fichte]: Wolfgang von Goethe.
Minha ex-colega e orientadora de pesquisa junto à UNESP de Araraquara, Ilma Esperança, autora de "O cinema operário alemão na República de Weimar" (imperdível; Ed. da UNESP), possui um acervo completo de cópias em vídeo dos filmes de Fassbinder (alguns inéditos entre nós), além de farto material bibliográfico (em sua maior parte, também inédito em nosso idioma). E eu já me preparo para trabalhar com ela num belo projeto sobre uma obra que se pode dizer monumental em todos os sentidos. Isso, logo que tiver terminado o meu tiro de guerra, digo, defendido o meu doutorado. Aguarde. Quem sabe, mais adiante, algum dia, nalgum Centro Cultural perto de você.
Lúcio, sigo agora adiante, ao teu texto sobre PEDRO MORALEIDA. Você, que tem o condão de me fazer perceber que o mundo ainda está aí inteiro por ser descoberto. Lúcio é o teu nome, e você me aparece sempre pela frente carregando uma luz forte, apontando adiante, para os caminhos por onde ainda não hei, não hemos passado. Pode seguir, que eu vou na tua cola. Mais adiante a gente torna a fazer um pit-stop para uma troca de entusiasmos.
O SOS do título tem mão dupla, é claro. É atendimento, mas também é um pedido de "SOS, Lúcio Emílio", sempre que o mundo estiver parecendo um pouco velho e cansado.
Abraço
zé pedro antunes
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