quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Blackout

Blackout (Magazine, O Tempo, 17/11/99)

Estou compilando alguns textos e encontrei esse recorte de jornal intitulado Blackout (2). Foi uma participação minha na seção blequitude, coluna do poeta e jornalista Ricardo Aleixo.
Ele transcreveu uma carta minha, mandada por e-mail, numa fase em que eu estava particularmente tomado pela influência dos filmes e textos de Glauber Rocha. Ele reproduziu, com muita honestidade, a carta na íntegra, o que me deixou muito feliz:

Meu caro Rick: Pra começo de conversa, que papo é esse de brankolandya? Tomara que você não diga, como o autor de ´From Coal to Cream´, que no Brasil não há democracia racial, pois os EUA é que são um ´melting pot´...um cadinho de raças...Que coisa! Mas se o afro-norte-americano protege os valores nacionais, por que você não faz o mesmo? Por que segue a lógica do mazombismo? Mais respeito com o mestre de Apipucos! Ele realizou o primeiro congresso afro-brasileiro e sua visão incluía a todos. Por falar em exclusão, por que você nunca combateu Paulo Francis, que escrevia aí no jornal? Medo de se indispor com a Casa Grande de Toninho Siúves? Pelo contrário, você se referiu a Paulo Francis como um interlocutor ameno, que confirma o que você diz...Bem que o Glauber dizia que essa coisa de Black Power é o programa do departamento cultural da CIA para o Brasil. Na sua coluna só cabem Caetano, Haroldão, a patota,o ambivalente “Gargalito” e os medalhões de sempre. Cadê os índios e seus festivais na Serra do Cipó, companheiro? Bem que o professor Fábio Lucas falou que essa moda de separar tudo em guetos é só modismo estrangeiro, segmentação de público consumidor...Olha, tá reclamando do Brasil? Tou achando que és agente da ´Blekland Yankee!´.

Logo em seguida, tentei manter contato com o Ricardo, mas ele disse preferir manter distância (entendo suas razões, essa carta foi mesmo agressiva). Em seguida, também, ele citou o professor Fábio Lucas aprovando sua coluna (o Fábio deve ter entrado em contato para dizer que não tinha nada a ver com o ataque e que aprovava o Rick).

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