quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Manson: quarenta anos essa noite

Nesse ano de 2009, os crimes de Charles Manson completam quarenta anos. Existem sites a respeito na web. O que existe em português não foi reeditado. O impacto deles no mesmo ano do Woodstock foi enorme. No festival, uma pessoa morreu de overdose de heroína, mas a imprensa não divulgou amplamente o fato. Já os crimes de Manson e sua “família” tinham elementos grotescos e foram amplamente divulgados. De certa forma, o acontecimento culturalmente sinalizou o fim da era de paz e amor e o início do tempo dos darks, metaleiros e punks. O fato do nome dos Beatles ter sido envolvido também gerou críticas ao grupo.
O impacto dos crimes de Manson foi enorme na época e levantou uma onda de críticas aos jovens e à contracultura como um todo. A experiência das comunidades alternativas da Califórnia estava se desfigurando com a chegada de turistas, com o aumento dos conflitos com a comunidade negra, revoltada em vez a juventude branca falando nas virtudes da pobreza, assim como aumentava a divisão entre quem tinha família rica e portanto possuía alternativas e aqueles que tentavam refazer a vida no ambiente alternativo após terem rompido com os pais. O crime abalou especialmente os Beatles, acusados pela mídia de inspirarem o crime com suas canções.
A história de Manson sempre foi marcada pela rejeição, dor e tragédia. Nascido em Cincinatti, de origem proletária, sua mãe, então com dezesseis anos, estava na prostituição e registrou o garoto sem o nome do pai. A mãe foi presa logo em seguida e o garoto cresceu um período com parentes religiosos fanáticos, dentre outros, sempre mudando de casa, empurrado de um lugar para o outro, passando por humilhações como ir para a escola vestido de menina. Mesmo depois de solta, a mãe o rejeitou, pois o padrasto não queria o garoto por perto. Como conseqüência, Manson foi para um internato, de onde fugiu e começou os primeiros furtos. Ele contou em entrevista que, a partir do momento em que perdeu a confiança na mãe, não confiou em mais ninguém. Preso algumas vezes, aprendeu na cadeia a lidar com as mais diversas drogas e também iniciou-se no misticismo.
Tendo crescido nos anos 50 como um delinqüente juvenil típico, sendo sucessivamente preso e solto, a vida de Manson mudou quando ele saiu da prisão nos anos 60. O perfil de Manson foi o que mais chocou quando foram revelados seus crimes: ele morou no bairro de Haight-Ashbury em São Francisco, meca da juventude rebelde americana de então, tocava guitarra e seu grupo, a Manson Family, fazia tudo em grupo, inclusive sexo e rituais de magia negra. Na época em que cometeu seus crimes, Manson tinha três filhos com mulheres diferentes.
O grupo entrou em paranóia devido a dois acontecimentos: Terry Melcher, produtor da banda Beach Boys, chegou a interessar-se em gravar e filmar a Family Manson, mas voltou atrás, o que fez Manson supor, em meio a suas viagens de LSD, que suas músicas tinham sido roubadas. Ele morava numa casa no campo chamada Cielo Drive, uma colina nas proximidades de Los Angeles. Na época estava na moda as celebridades abrirem sua casa para hippies e jovens rebeldes em geral, e foi assim que o grupo conheceu a paradisíaca casa em Cielo Drive, onde depois realizaram seus crimes.O outro fato foi o atrito que Manson teve com um jovem negro, supostamente um componente do grupo Panteras Negras, grupo político de negros que estavam em luta armada. O grupo encontrou justificativas para se tornar agressivo e, a partir daí, os componentes passaram a furtar, agredir e matar.
A lama de Woodstock ainda não tinha secado quando o grupo de Manson, sem a presença de seu guru, penetrou na mansão de Cielo Drive e esfaqueou todos que ali estavam dormiam. Naquela noite, quem estava lá não era Terry Melcher e sim a atriz Sharon Tate, esposa do cineasta Roman Polanski, grávida de oito meses e vários casais convidados. Polanski estava filmando O Bebê de Rosemary e estava sempre ausente, viajando e trabalhando. O filme era sobre uma mulher aterrorizada pelo marido e por uma seita de satanistas. É possível que, tendo escutado boatos sobre o filme, Manson estivesse pensando que aquela era a história de seu grupo. Sharon e todos seus convidados foram mortos e foram apenas algumas das vítimas do grupo. Embora estivessem cometendo crimes há muito, a partir do assassinato de uma celebridade todos foram presos e uma das (belas) moças da Family confessou tudo em troca de uma pena mais leve e desapareceu dos USA. Durante o julgamento, vieram à tona as bizarras explicações para os crimes: Manson escutou os sons experimentais do Álbum Branco dos Beatles em 1968 e conclui que era preciso iniciar uma grande guerra apocalíptica entre brancos e negros. Por isso, canções como “Piggies” e “Helter Skelter” foram escritas no local do crime pelos comparsas de Manson.
A obsessão norte-americana por serial-killers ficou fortemente evidenciada no caso Manson. Ano passado foi realizado um filme chamado Manson Girls, um dos vários filmes realizados a respeito. Manson foi preso e condenado à morte, mas sua pena acabou comutada para prisão perpétua. Surgiu um verdadeiro culto em torno de sua pessoa: ele grava discos, pinta quadros, escreve textos, dá entrevistas, vende souvenirs como fios de sua barba, etc. como se fosse um popstar comum. Na prisão, ele foi internado com queimaduras graves, inclusive no rosto, após uma discussão teológica com um Hare Krishna que tentou queimá-lo. Já gravaram canções suas: Marilyn Manson, Guns and Roses, Lemonheads, entre outros.


Bibliografia:


www.paulotanoeiro.blogspot.com
www.cielodrive.com
www.charlesmanson.com

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