No aniversário da cidade, na verdade, aos 96 anos de sua emancipação de Santo Antônio do Monte, precisamos reencontrar nossas origens: Bom Despacho pode ter tido origem em um quilombo.
O fato só não é melhor divulgado e conhecido devido ao espírito colonizado que faz com que, em nossa cultura, tudo o que vem do branco europeu e loiro de olhos azuis seja tido como melhor.
Assim, quando três portugueses fizeram uma promessa a Nossa Senhora do Sol, já existia uma civilização aqui, fundada a partir de um quilombo destruído. O fato de que existiram na região alguns quilombos é sabido há muito. Sônia Queiroz, em seu livro Pé Preto no Barro Branco (Ed. UFMG, 1998), também defendeu (indiretamente) a idéia de que Bom Despacho começou a partir de quilombos destruídos. Um dos indícios foi a permanência da Língua do Negro da Costa (Língua da Tabatinga). Um quilombo possuía plantações, criava-se animais, existiam casas, local para reverenciar divindades africanas, um pequeno comércio com os camponeses próximos, além de indústrias artesanais. Muito disso pode ter sido aproveitado por capitães do mato como Picão Camacho.
O foco da autora na LNC não impede que o livro tenha apresentado essa teoria sobre a origem da cidade e tenha feito outra afirmação importante: a mais importante festa religiosa da cidade, o Reinado, é uma festa negra que foi aceita pela Igreja Católica. Há algum tempo, o psicólogo e editor Fernando Gonzaga (o “Groza”) afirmou que apóia Sônia Queiroz nessa teoria e disse: “já me ofereceram para avaliar textos onde pessoas daqui diziam se orgulhar do fato de descenderem dos destruidores dos quilombos. Eu não publico. Sou radical, penso que a cidade começou com os índios e negros”.
Outro escritor que desenvolveu teoria semelhante foi Tarcísio Martins, originário da vizinha Moema e morador de São Paulo, talentoso autor do romance Sesmaria. Nesse romance histórico, disponível gratuitamente em seu site MG Quilombo, Tarcísio imagina a vida em um quilombo próximo a Pitangui. Para isso, colocou na boca dos personagens nada mais nada menos do que a nossa Língua do Negro da Costa, misturada a outros falares que sobreviveram nos quilombos.
Finalizando, para reforçar a forte presença afro
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