Fui ontem a um colégio (Coronel Robertinho) falar sobre o livro Penetrália. As alunos o leram enquanto livro de um autor bom-despachense.
Eu falei que o livro foi uma surpresa para mim mesmo. Muitos relacionam o título com penetração e coito, com sexualidade. Mas não é nada disso. Penetralia é a palavra latina para parte íntima da casa. Quase todos os contos se passam na intimidade da casa ou do apartamento. Em português existe a palavra "penetrais", que é sinônima.
Mas eu não inventei nada. Ao mesmo tempo, Penetrália é o nome de um disco de banda de heavy
metal norueguês e um soneto de Olavo Bilac. Na Roma Antiga existia um Lucius Emilius. Era um general romano que era de uma região da Itália chamada Emília.
Eu disse também os contos foram influenciados por Clarice Lispector, Caio Fernando Abreu e Oswald de Andrade.
Você se julga um escritor modernista? A professora perguntou. Sim.
O livro ficou "emo", falei com eles. "No sentido de emocionalmente pesado, não de gay". Penetrália não é leve como as crônicas do Dilermando. Na época eu ouvia Caetano, via Glauber Rocha, tropicália. Mas o livro saiu emotional hardcore, emo, depressivo. Antes dos emo, existiam os darks, com suas roupas pretas e curtiam a depressão.
O que vc faz no jornal Folha, perguntou uma menina.
Indico blogs, mas aproveito para dar uns toques. Jornalismo é diferente de literatura hoje, é algo que está mudando. Mesmo na Veja, ninguém tem carteira assinada, são free-lances, frilas, ninguém tem segurança no emprego.
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