terça-feira, 29 de abril de 2008

Caro Carlos: Sobre Francis

Caro Carlos:

Nessa postagem concordo com você. O aspecto mais absorvido do marxismo acaba sendo, paradoxalmente, um certo elitismo, um certo prazer em ser vanguarda politicamente. Escrevi sobre posições semelhantes de um ex-professor, o José Chasin, num outro artigo nesse blog. Chasin dizia que a universidade deveria fazer ensino, pesquisa e revolução e apoiou loucamente FHC em 94 e depois, acreditando que ele ia fazer as reformas que o país precisava (e ainda precisa). O FHC até fez reformas aqui e ali, mas justamente para não ter que fazer nenhuma depois, para poder engessar todo o sistema político e econômico no neoliberalismo.

Francis nunca se preocupou em ser vanguarda em arte. Duvido que ele assistiu Terra em Transe. Nunca comentou; ele viu Deus e o Diabo na Terra do Sol, quem sabe; no final da vida ele disse que só a segunda metade prestava. A segunda metade é quando o povo toma ferro: o jagunço Antônio das Mortes mata o cangaceiro e os beatos.

Ele, que não teve filhos, multiplicou-se em filhos espirituais pela internet. Um deles é o Júlio Daio Borges, de um site bem badalado, o Digestivo Cultural. Júlio me disse em e-mail recente que posso desistir de receber dinheiro por conteúdo, "foi-se o tempo". Ele anuncia, sem mais, assim, que nem futuramente remunerará colaboradores. Pobres colaboradores! E pensar que eu cobrei dele que os remunerasse.
Pobre Pilar Fazito, mas ela é uma moça rica e pode escrever de graça, para aparecer, para ser chique, para fazer o tico e teco funcionarem. Pobre Rafael Rodrigues, com seu blog irrelevante, telhado de vidro, atirando acusações de irrelevância enquanto se diverte com o Horas Podres de Jerônimo Teixeira, campeão do compadrio, segundo Luís Nassif. Depois Rafael dos Podres que venha reclamar do compadrio na área de literatura, para ele ver...

E o moço anunciou que a inclusão digital do Lula vai acabar com a sensação de que existe uma elite na internet, blogando e escrevendo...No futuro, diz ele, seremos uma civilização gone with the wind.. Ora, se Júlio fosse de outra geração, exageraria no latim como ele gasta hoje seu inglês chique. Eu quis publicar um artigo com o Júlio, ou seja, eu também quis ser escravo rái téqui. Mas ele não aceitou. Tudo bem. Que a alma do Francis o proteja das guerras civis do ser!