terça-feira, 31 de março de 2009

Altas Horas: Orgasmos, duendes e a xuxologia das letras mortas

Vi a Xuxa no Altas Horas. Eu estava disposto a me reconciliar com ela: seus programas teem ficado mais educativos, já vi eles citando até o folclorista Câmara Cascudo, base teórica do ataque a ela em O Cabaré das Crianças, texto de Gilberto Vasconcellos. Ela é "a" perseguida, a loira de olhos azuis que não causa crise e sim embevecimento.

Mas ela me decepcionou: ela não vê saída no Rio (Xuxa, então a saída é mudar para New Jersey!), disse que canta em playbackão mesmo e que é uma mera vendedora de cedês e devedês e não uma cantora. Deu vontade de ir logo ao site do Institut fur Sozial Forschung. Adorno contra Xuxa! A equipe pedagógica que faz os programas é boa. Xuxa é um amor, estranho amor.

Xuxa assumiu-se multiorgástica que vê gnomos puxando o edredom de sua cama. Ela tem orgasmos com os gnomos, duendes e fadas? Ela toma café da manhã no chão com seus bichos e se assusta que os outros se assustem em ver: que bichos são? Existem porcos entre eles? Como disse Gerald: porco come cocô...Já pensaram Xuxa comendo frutas enquanto porcos ao seu redor comem seus cocôs reais? É chocante mesmo, Xuxa.

O pensamento social dela é o de um romana da decadência, uma católica do Renascimento esperando a contra-reforma das plásticas: Xuxércia Bórgia, a baixinha da Baixa Idade Média!

quinta-feira, 26 de março de 2009

Big Brother Iraque & Afeganistão/Paquistão

Essa é só para registrar uma idéia que me ocorreu:

Que tal o Big Brother Iraque? Um curdo, um xiita, um sunita, cristãos e outros representantes iraquianos presos numa nave. Um marine faria o papel de "Pedro Bial".
O mesmo no Afeganistão: os hazaras, os uzbeques, pashtus e outros também reunidos com essa mesma mediação. Cada etnia falaria ora com Hamid Karzai ou Pervez Musharaf em estilo teleconferência. Abu Ghraib, Israel e outros temas fariam a casa pegar fogo (literalmente).

O paredão seria muito temido: seria fuzilamento de verdade. Rá-tá-tá.

Aqui não, é tudo muito cordial, é o Big Brother sem Orwell. São bibas, bofes e barangas de Bial!

O povo do Digestivo Cultural invadiu a Revista Discutindo Filosofia! Luiz Eduardo Matta e Rafael Rodrigues estão no último número. Rafael assumiu-se escritor e não escrevinhador e resenhou André Comte-Sponville herdando de todos os pensadores só o cinismo enquanto Luiz Eduardo Matta, que tenta vender o conceito de LPB (literatura popular brasileira) para concorrer com a MPB (será que ele vai vencer? Será que era por aí, a literatura popular brasileira precisa de quixotes? Coitado!), diz que um dos pesadelos dele na web são as ideologias infames e assassinas (comunistas? Socialistas?) e que atrapalharam o otimismo dele nos anos 90, fazendo-o perder as ilusões...Oh, as ilusões e virgindades perdidas! Ah, o idílico fundamentalismo de mercado, oh, musas neoliberadas do real! Oh, quimeras hayekianas...Mas livrai-nos do crack, amén.

Ele diz que a internet é feita de pessoas que soltam os monstros (será que ele escreveu depois de ler o blog do GT?) E o Luiz, na onda neoclássica conservadora do Digestivo, lamentou que pessoas cultas não cultuem a norma padrão ao escreverem na internet, provavelmente cedendo ao dialeto internetês...Oh, os bárbaros estão chegando! É a decadência! Nero! Heliogábalus!

quarta-feira, 25 de março de 2009

Obama é OB

Li uma ótima na coluna de Walter Navarro no Tempo, há algum tempo:

O presidente Juscelino era JK. Kennedy virou JFK.

E Obama também tem uma sigla: "OB".

Por que? Porque ele está no melhor lugar, mas no pior momento!

terça-feira, 24 de março de 2009

Verbete do Gerald na Desciclopédia

Eu fiz o verbete do Gerald na Desciclopédia, já que não tinha e ninguém se habilitou; é melhor eu, um fã, fazer, antes que algum rancoroso ou aventureiro lance mão. É uma paródia afetiva da biografia do Gerald. Vocês, leitores, podem opiniar a respeito: se não gostarem de algo, sugiram mudanças!

Se alguém puder, formate este pobre artigo segundo as diretrizes estabelecidas no livro de estilo antes que alguém infarte lendo esse artigo mal formatado...
NÃO REMOVA ISSO ANTES DE TER CERTEZA ABSOLUTA QUE O ARTIGO JÁ FOI COMPLETAMENTE "WIKIFICADO".
Se você é burro e não sabe como wikificar um artigo, leia o nosso Tutorial Wiki. Ou então desapareça daqui!!!

1 Biografia

Gerald Thomas nasceu em 1954 na Inglaterra e também Países Baixos com um nome que é melhor omitir, Na Bélgica ele nasceu como Holandês Voador, mas nasceu também no Brasil como Geraldo Thomás, assim como nasceu na Alemanha como Georg Thomas Munster, na África, Ásia e Nordeste do Brasil ele nasceu com outros nomes mas é melhor também omitir. Foi registrado nesses países todos.

2. Obra

Gerald Thomas começou sua carreira com um papel menor numa opereta de Offenbach dirigida em Londres dos anos 70. Foi dele a idéia de introduzir ritmos punks no can-can. Nessa época, no entanto, Gerald tinha acabado de voltar do Woodstock a pé e era um hippie formado em Música em no Pier de Ipanema, no Rio de Janeiro, Brasil. Sua graduação foi terminada com louvor com a canção Cogumelos Azuis.

Foi logo chamado para o Mamia Mia Experimental Theater, na cidade de Bolonha, Itália, onde aprendeu a fazer teatro de massa. Ganhou destaque, no entanto, ao entrar fingindo de árvore em plena peça dirigida por Peter Brook, que adorou imensamente sua atuação. O público aplaudiu e Thomas passou a desempenhar o papel de poste, espanador e cabide em peças do teatro do absurdo, o que lhe valei prestígio em meios teatrais norte-americanos e londrinos de vanguarda.


O sucesso mundial só veio mesmo quando o famoso irlandês Beckett Joyce Wilde chamou-o chamou para dirigir suas peças leves e fanfarronas. Encheu teatros mundo afora com essas peças, muito apreciadas, tais como As tranças da cantora careca, paródia de Ionesco, ou A Volta dos que não Foram, adaptada para o cinema em < e que no Brasil ganhou o nome de O Trem Partiu.


3. Polêmicas.

No Brasil, Gerald Thomas ficou famoso ao fazer a atriz Dercy Gonçalves mostrar os seios em sua adaptação teatral da peça de Antônio Nelson Rodrigues Amanhã faço cem anos. A polêmica na mídia foi turbinada por seu assumido romance com essa centenária atriz, logo trocada por suas duas filhas de cinquenta anos.

Não contente com esse sucesso, Gerald Thomas passou a montar óperas. Montou Benazir Butto, uma vida, um remix de compositores nacionalistas brasileiros tais como Guerra Peixe e Camargo Guarnieri, o que marcou também a fase profundamente nacionalista de Gerald Thomas, que se disse inspirado em Mário de Andrade e Bella Bartok.

Após isso, Gerald resolveu ousar mais ainda e montar A Baguete, ópera inspirada no texto inacabado O Banquete, de Mário de Andrade. Seu nacionalismo extremado o fez entrar em choque com brizolistas, integralistas, emos, vegetarianos e outras tribos urbanas, às quais ele sempre chamava de alienadas e burras nas entrevistas.

Ao fim da ópera, ao ser vaiado por integrantes das tribos urbanas, Gerald Thomas lhes mostrou a bunda, valendo-lhe um processo e a expulsão do país com a cassação de seu visto pelo presidente Lula em pessoa, irritado com o nacionalismo de Gerald, proclamado como "descabido" e "idiota" pelo presidente em entrevista coletiva.

Desde então, Gerald Thomas montou a Companhia de Ópera Flutuante num navio na costa brasileira e faz apresentações marinhas em portos brasileiros e do mundo todo. Ele não conseguiu, no entanto, até hoje, permissão para voltar ao país.

Ele tornou-se, agora, anti-nacionalista extremado e um de seus sucessos mundo marítimo afora é uma ópera escrita em parceria com Reinaldo Azevedo e que se chama, de forma bastante crítica ao presidente Lula e seu gosto por rabada, Lula, Rabada, A Srta. Manjuba, Robalinho e o Filho do Brasil.

4. Ligações externas

blog do Gerald: [www. geraldthomas.ig.com.br]

sexta-feira, 20 de março de 2009

O Mago, Goldman, Lúcio, Honneth e Pondé

Eu andei lendo O Mago, do Fernando Morais sobre o Paulo Coelho, numa aprazível biblioteca do ICBEU, num dia quente de março em BH; a biblioteca é um oásis de ar condicionado numa BH quente como um forno.

Antes o mundo estivesse entrando em outra era glacial!

O Mago é uma narrativa bem mais interessante que os romances medíocres do Paulo. Tentei ler o Zahir, mas pfui. Quando entraram os rituais, larguei. Não dou conta de misticismo barato. Prefiro ler Kafávis, Borges, Santa Terezinha de Ávila, São João da Cruz. Ele melhorou desde a escrita inodora e insípida de O Alquimista, ficção jornalística, mas não o suficiente.

O Mago conta que ele teve três transas homossexuais com colegas do teatro numa época onde fazia um gay na peça Capitães de Areia (será que foi um aprofundamento stanislaviskiano radical ou um workshop de Grotowski?) Ele concluiu que não era gay, mas assumiu ter penetrado e sido penetrado. Tiro o chapéu (e as pombas do chapéu) para a coragem sua coragem mágica.

Como ele contou na entrevista com Gerald Thomas, conheceu Julian Beck, mas Beck lhe deu um gelo e não se dirigiu a ele a maior parte do tempo. Ele anotou em seu diário que entendia, pois o Living Theatre "custou a chegar onde chegou" ou algo assim.

O livro é interessante, muitas outras passagens me interessaram. É um romance da contracultura, romance que nunca houve, romance biográfico.


Saiu um artigo meu na revista Discutindo Filosofia, Conhecimento Prático de novembro. Tem chamada na capa e tudo o nome é Honneth: uma teoria da identidade. A revista é número 15 e teve até chamada na capa: era um artigo sobre Honneth, autor que iria cair no vestibular da UFMG no final do ano. Eles me colocaram num 69 com o Luiz Pondé: ele atacando o politicamente correto e eu explicando Honneth, teórico que se ajusta perfeitamente ao que se chama politicamente correto. Quem é contra o politically correct julga que ele só muda a linguagem para tratar dos sujeitos, é um moralismo do eufemismo -- e isso seria perfumaria, jogo de linguagem de salão para idiotas que não leem Veja.

Para Honneth, a linguagem é tudo, o sujeito é pura construção de linguagem, por isso mudar a linguagem é tão importante. Dissolvendo a linguagem que ele usa para definir a si mesmo, impondo uma visão de fora, alguém sofre imensamente e se sente rebaixado socialmente. Para ele, saber da linguagem negativa dos outros sobre si mesmo pode fazer desmoronar o eu de alguém.

Outro dia vi um advogado afro-descendente dizendo que esse termo é que ele mais gosta, o mais técnico. E disse que "neguinho", "negão" são aceitos, mas depende muito do contexto. Já "afro-descendente" não. Achei muito boa essa explicação: como as palavras designando a cor podem levar a mal-entendidos, melhor usar o termo que trata da origem, com o qual não se corre o risco de melindrar o sujeito.

O caso Goldman, do menino dividido entre USA e Brasil, alonga-se em grande repercussão midiática. Eu fui o primeiro a falar sobre o caso no blog do GT, depois foi uma mulher. Enfim, o próprio Gerald Thomas vestiu a camisa do Goldman, fazendo dois posts a respeito, depois do caso ter explodido e dele ter visto falar sobre a história no Larry King Live (curiosamente, foi a partir do site do Larry King que eu me lembro ter postado no blog dele. O Goldman deve estar indo lá sempre). A revista Piauí fez uma matéria com a visão do Goldman e a Época com a visão do João Paulo Lins e Silva.

Eu só faço algumas pontuações: parece-me mesmo que Goldman apostou num tudo ou nada jurídico transnacional: ou fica com o menino -- que então dificilmente voltará ao Brasil -- ou fica restrito a poucos contatos. Ambos as versões possuem pontos obscuros: as visitas de Goldman no caso da família Lins e Silva e os cheques de Bruna no caso de David. A família Lins e Silva aparentemente está com raiva e quer apagar David. David disse que não sabe quem deu os cheques falsificando a assinatura de Bruna, mas disse em tom de justificativa no Fantástico: "ah, eram as contas dela..."

Chamem o rei Salomão! O Contardo Calligaris também serve. Ele teorizou, no caso Elián, que ficar nos USA era o desejo da mãe e fatalmente Elián voltaria para esse desejo. Seguindo esse raciocínio, o desejo da mãe é o desejo de Lins e Silva e fatalmente Sean, mesmo indo para os USA, retornará quando puder ao Brasil. Será que essa teorização psicanalítica se aplica? O pessoal psi me dê uma ajuda.

domingo, 15 de março de 2009

Estúdio 11: BH descobre Beckett! Quanto tempo ainda falta para descobrir GT?

Do blog estudio 11: estudio11.blogspot.com (um blog mineiro muito bom):


50 anos depois Belo Horizonte descobre Samuel Beckett. Existencialismo do anos 60/absurdo. Ao abrir o caderno de cultura do Estado de Minas no sábado ( 17 de Janeiro). Ficamos assustados, comovidos e intrigados com oque lemos, Minas Gerais acaba de descobrir que existe teatro que não seja comédia fácil.A matéria de Janaina Cunha Melo e Sérgio Rodrigo Reis elogia de maneira enfática oque eles chamam de "novidade" no Brasil ." Aqueles dois" do grupo Luna Lunera e "Amores surdos" do grupo Espanca!,apresentam-se como a nova marca de Minas Gerais e um "pisoteio" nas comédias e na Campanha de Popularização de dança e Teatro de Belo Horizonte. Será que estamos bêbados de montanhas? e que montanhas !!! e que relevos!!!! sem platôs é lógico, pois estes só temos nas Gerais do Serrado de Guimarães que se estendem para além de Goiás e Savanas/Agreste nordestino. Seguindo o caminho inverso dos gregos e de qualquer outros povos e tempos do mundo. O Mineiro parece desejar abandonar a comédia falaciosa e se engendrar num teatro onde o texto é o privilégio, onde a existência é o privilégio. Engraçado isto não? deve ser mesmo o efeito dessas montanhas auroferríferas... que entram pelo nosso sangue e pelos nossos cérebros e conexões... como assim? Caio Fernando Abreu é mineiro? onde estão nossos dramaturgos? Haaa! nós nos esquecemos, devem estar preparando seus próximos textos de sucesso como " A idade da Ameixa" para a próxima campanha de Popularização de teatro, a do ano que vem!!! concordo que tudo nessas peças que Janaína e Sérgio dizem ser uma grande novidade exportada de Minas para o resto do país num olhar primeiro parece interessante, talvez por não serem comédias, CHEGA de COMÈDIAS!!!!!!!!! Neste ano a Campanha de Popularização do teatro e da dança de Belo Horizonte ultrapassaram 80... Será porque a mineirada gosta tanto de rir? ou não seria uma maneira fácil de dizer que foi ao teatro e pagar a sí mesmo, cada um, a dívida com o saber. Enfim teatro é muito chato mesmo!!!! mas ainda tem alguns ou a maioria de alguns, que ainda acreditam o teatro ainda é fonte de revolução e originalidade estética. Que me desculpem meus companheiros, mas no momento nossa melhor arte, ainda estão nas incubadoras epistemológicas dos estudos avançados das equações diferenciais estocásticas. Não fiquem bravos!!!! nem muito menos nos perguntem o que é isso que acabamos de falar...ouvimos um dia. Só sabemos que a subjetividade configurável ou não incomoda mais os artistas da ciência do que os artistas da arte, coitados!!! Estes perdidos no achismo, quando muito na reinvenção da roda!!! da roda que nem mais roda... pois tudo agora parece não passar de dígitos e bytes que trafegam quando muito em movimentos translacionais, pois a rotação agora relativa também quer transladar. ( não nos perguntem sobre isto também). Haaa! mineiros, mineiros!! onde estão nossos heróis? anti-heróis? Chico Reis, Miguilins, Riobaldos?? que pena, se já os vejo estão travestidos... e aí sim, prefiro as comédias, são mais cômicas, mais comíveis e até mesmo mais antropofágicas.
Ser mineiro é ser resto.
Resto de mesa.
Resto e fundo de bateias.
Vaqueiros sem vacas.
Um teatro sem drama.
HO HO HO Minas Gerais!!! Que pena o melhor dessa peça ficou no próprio título. Cômico? quem sabe, não começou aqui nossa trágica comédia. Enfim parece que chegamos de volta a nossa terra mãe, mãe dos nossos caboclos, tambores, Tizumbas, Titânes, Miltons, e outros tantos que ainda choram nos fundos de nossas senzalas perdidas. Marília de Dirceu não passa de uma lembrança genética se extiguindo nas nossas veias emburacadas de ouro, por onde escorrem o tempo e nossa coragem dramática. Enfim! estamos neste momento na terceira margem, em qualquer outro lugar entre os limites do Brasil e as costas da África, presos nas malhas genéticas, puchadas para o Oriente pelos ritmos dos tambores incessantes, para o Ocidente pelas flechas tortas e frágeis Tupís/Aimorés, para o norte pelos antropofágicos modernistas, tropicalistas culpados, assustados, para onde iremos??? para onde devemos nos encaminhar agora??? Só as montanhas teêm as respostas. E não mais serão as montanhas de Cecília ou Drummond... quem sabe? nós não sabemos. Só sabemos com certeza que acabamos de descobrir a terceira margem de Guimarães. Que pena que Bertola, não sabe disto. Reveja sua peça Bertola, chamem todos do Rio de Janeiro, quem sabe aqueles que cortaram a cabeça de Tiradentes não sabem... Barbacena também fica no Rio de Janeiro? ou estamos enganados? Gostaríamos mesmo, que alguns dos grandes críticos de BH, pudesse nos esclarecer o que afinal se sucede com o movimento teatral de Belo Horizonte... Porque só agora, quase 60 anos depois, nosso movimento teatral descobre o existencialismo/Absurdo, Europeu.Porque só agora começam a achar que Peter Brook nasceu em BH? Engraçado... assistimos Peter Brook, ele mais parecia um colega de classe, de sala de aula. E o pior, o cara fez uma peça sobre o Islamismo, eu não sabia que Minas Gerais tinha uma comunidade Islâmica, ou nossa modernidade é realmente SURPREENDENTE????????? nos tornamos de antemão Islamicos, defendendo uma causa de Palestinos. Ha! Mineiros!!! HO HO HO Minas Gerais!!!!!!!!!!! que bom que essa peça existe... este título me serve tão bem agora. ( repito, é melhor do que a peça). Só nos falta mesmo a nossa faixa de Gaza, que Gerald Thomas já havia vislumbrado nos anos 80, pois daqui levou enamorado nossa grande Bete Coelho, pelos túneis e labirintos minero-auríferos que nos ligam até a civilização Becktiniana que Gerald soube traduzir plasticamente como ninguém a digitalidade de Beckett, para nós analógicos, Tupís-Macunaímas, habitantes dos tristes trópicos do construtivismo de Levi Strauss. Ha! meu querido Gerald, que pena que auschwitz não te levou como os seus, hoje entendo porque todos aqui te detestam, te odeiam Gerald e te empurram para o Monte Sião ( onde um dia chegarás) com o seu mal falado Iidich, pois contaminado está de Tupí e outras línguas clandestinas, que aqui não convem nem mesmo serem citadas. Porque pra nós mineiros, são como línguas do fundo do mar! muito abaixo das montanhas... dramaturgos nossos de agora, filhos amortecidos do anos 80/90. Coragem!!!!! matem de fato os heróis fantasmas que não reconhecem... pois melhores que sejam estas peças... peças de agora... não passam de cópias mal feitas que nosso escroto e amado Gerald já fez nos anos 80 e agora parece aposentado, bem como seu guru Bob wilson nos EUA e no mundo, e Peter Brook nos anos 70! Bem... todos estão vivos.... é nós aqui de Minas insistimos em achar que não existem e quando existem são Mineiros! Ainda bem que ser pretencioso é antes de mais nada ser Mineiro, ser inocente e solidário no cancêr.

Acionado por Estúdio11 exatamente às 20:31:00 9 devaneios

quarta-feira, 11 de março de 2009

Artigo do Mau Fonseca

O poder da imagem contra a arte abstrata
Por Maurício Fonseca


Por volta da década de 10 surgia na URSS aquilo que foi chamado o fim de qualquer representação do real nas expressões artísticas com os quadrados pintados por Malevitch. Na seqüência o neoplasticismo de Mondrian, Theo Doesburg, o concretismo de Max Bill, entre tantos nomes da história da arte. Este movimento artístico se configurou ao longo das décadas seguintes como a arte da expressão intelectual das elites e por conseqüência pertencente ao poder intelectual, distante da massa social. A arte abstrata e concreta tem uma grande contradição, devido a essa deficiência em sua elaboração, afastando-se dos propósitos iniciais, desde os construtivistas russos como do próprio Mondrian que previu esse deslocamento artístico, ainda preconizando a necessidade um tempo maior, talvez séculos, para que essa nova linguagem plástica se tornasse compreensível.

As razões que afastaram a arte abstrata do verdadeiro ideal comunicativo é objeto de estudo de muitos pesquisadores na arte contemporânea. Entenda-se por abstração, a eliminação da imagem da realidade e dos símbolos que remetam à vida tangível. Uma discussão que nasceu no período impressionista com Cézanne, e fora responsável pelas vanguardas modernas, como o Cubismo, Futurismo e sua máxima atuação no construtivismo e concretismo. Devem-se salientar as discordâncias quanto à abstração e o concretismo. Van Doesburg que era amigo de Mondrian não considerava o neoplasticismo como arte abstrata, dizia que as linhas retas horizontais e verticais eram tão concretas na tela quanto uma pessoa de carne e osso em vida. Uma discussão complexa, o próprio Doesburg por volta de 1926 se distanciou de Mondrian, seu mestre, para ir além com a arte neoplástica, aplicando-a de forma prática ao ambiente arquitetônico. Essa aplicabilidade refletiria alguns anos depois na Alemanha com Gropius, o genial mentor da famosa Escola de Bauhaus.

Essa complexidade levou para longe o entendimento da arte. Nota-se que as diferentes vanguardas e os muitos artistas, por muitas vezes divergentes entre si, fizeram da arte moderna algo incompreensível ao olho popular, embora fosse de uma riqueza insuperável. O poder de uma imagem realista fala alto e brilha com sua nitidez contra as premissas abstratas. Um quadro renascentista ou barroco que inspirado em alguma cena histórica, que representa, por exemplo, alguma revolução ou dinastia real, como fizera Goya ou Velásquez durante períodos conturbados, por exemplo, a Revolução francesa, é facilmente decodificado pelo público quanto a função e estética.

O aspecto da percepção em relação a "não representação" na arte abstrata fica impossível numa sociedade contemporânea, viciada na imagem por uma invasão de signos e marcas através da publicidade via TV e mídias exteriores. Os impactos dessa excessiva amostragem visual condicionaram a experiência do olho humano a uma degradação, uma espécie de mediocridade ou empobrecimento do repertório. Talvez, realmente seja prematuro adentrar as idéias das vanguardas européias, ainda que se tenha passado quase um século. Por exemplo, a arte moderna chegara ao Brasil definitivamente na década de 50 - data em que acontecia a primeira Bienal Internacional de Artes (1951). Ainda que tardiamente, desenvolveu-se baseando suas fundamentações na Escola de Ulm por influência do suíço Max Bill que estivera na Bienal. Essa atuação concreta que se dava em São Paulo entrou em divergência com os artistas que não compreendiam a arte com tamanha racionalidade, surgindo o grupo neoconcreto. Ferreira Gullar, que participou ativamente desse período, descreve em seus artigos sobre a arte moderna publicados no Jornal do Brasil nos anos 80 as idéias contrastantes entre os grupos; concretos paulistas vislumbravam a arte exaurida de subjetividade, enquanto neoconcretos cariocas fugiam dos processos mecânicos e racionais para esculpir o espaço através da subjetividade.

Não havia um direcionamento único, o que demonstra a dificuldade das teorias que para o grande público comum torna-se longínquo. O poder da imagem nítida que a televisão no mesmo período trouxera iniciando a era televisiva nos lares brasileiros, dando rosto à cultura popular, através das telenovelas, festivais musicais, jornalismo e variedades, extinguiram a capacidade perceptiva visual do espectador. A arte contemporânea em nossa atualidade luta para sobreviver dentro desse massacrante panorama da imagem midiática, que tem na internet uma nova aliada. Se a idéia original na Rússia de Lênin com Gabo ou Rodchenko era tornar a expressão artística tão simples quanto uma linha reta e acessível à sociedade, o tempo fez o contrário. Um quadro como a Monalisa de Da Vinci responde muito mais claramente aos anseios do público quanto o não menos famoso "quadrado branco sobre fundo branco" de Malevitch.

A imagem imediatista contemporânea
Contra os preceitos concretos ou abstratos tem-se o império da imagem contemporânea cuja fonte é a poderosa mídia de massa, não apenas marcas ou produtos, algo além, conceitos de vida e comportamento. O realismo do século atual é a representação da vida feliz, da conquista e do prazer instantâneo. Padronizado pelos meios de comunicação, através do cinema comercial e da televisão, a sociedade do carpe diem foi moldada e caminha feito um rebanho humano para os mesmos lados, ainda que se pratiquem contraditoriamente anseios pela individualidade de cada pessoa. Essa duvidosa individualidade se dá apenas na estética externa, na vestimenta ou no corte de cabelo como exemplo, mas o comportamento, o pensamento e o gestual é quase genérico. Vive-se o equívoco da personalização do indivíduo, mas este já é uma marca, um símbolo de algo maior, um subproduto de mega corporações, de grandes e prestigiosos grupos, o que torna nossa realidade uma mentira muito bem acreditada.

Quando uma imagem bem construída reflete fidedignamente a realidade, portanto espelha-se nosso reflexo, assim sendo bem recebida pelo espectador, que se enxerga dentro dela, demonstrando um apelo pelo conhecido, rechaçando o misterioso, para não dizer que a experiência visual humana tornou-se obsoleta, prefere-se o reconhecível, acima de tudo, existe uma fobia por aquilo que não se pode interpretar (o abstrato). Remonta-se o medo pelo fracasso e a frustração ou a necessidade diária de estampar um sorriso otimista.

É claro que no ínicio do século anterior o mundo respirava guerras, doenças e preconceitos que foram expulsos da história oficial no decorrer do tempo. Vieram as leis universais garantindo direitos e deveres - os Direitos humanos, as independências dos países subjugados e a liberdade sexual feminina. Nosso mundo ficou livre de antigas tradições, ganhou mobilidade social e econômica, e não se pode esquecer o quanto de sangue humano se derramou em duas grandes guerras. Este cenário foi o grande motivador da abstração na arte, quando não fazia mais sentido galerias ou museus, estúdios e modelos humanos.

O mundo de hoje nunca esteve tão honesto e acessível para tantas distintas pessoas e estendendo seus domínios a muitos povos, embora ainda haja injustiças, conquistas importantes imergem em nossa realidade. Diante da beleza da vida atual, que é democraticamente segmentada pelo capitalismo, não há monstros ou vilões. A imagem do mundo é um reflexo prazeroso, sendo então receptivo e desejável. Ninguém deseja se perder no abstrato desconhecido, o que explica o abismo que existe entre o público e a arte moderna, concreta ou abstrata. A era visual panóptica tem lugar ao Sol para todos.


Maurício Fonseca formou-se em design e comunicação e artes. Trabalha com artes visuais, direção de arte audiovisual e corriqueiramente escreve por necessidades existenciais. Entusiasta da história da arte, tem pesquisado, desde o período de sua graduação, as minuciosas etapas da arte moderna e sua relação com o espectador.

terça-feira, 10 de março de 2009

Entrevista com Rudá de Andrade

Faleceu Rudá de Andrade, filho do Oswald, no dia 27. E eu não tinha achado ainda algo para colocar aqui.

Errata: Oswald não viu suas peças montadas em vida, mas O Rei da Vela teve uma montagem marcante com Zé Celso. Depois existem montagens, mas nunca tão marcantes.

Francinny: eu acho que o Nietzsche curtiria Brasília. O Oswald choraria se visse Brasília construída. Consta que Drummond ficou feliz em estar vivo para ver o filme Macunaíma.

Rudazinho, filho de Rudá, disse sobre um artigo de José Arthur Gianotti na Folha a respeito do pai: "Acredito que no fundo ainda lhe resta algum sentimento feliz de seu antigo companheiro...Somente um intelectual acostumado a duros e racionais textos filosóficos poderia se expressar sentimentalmente e ser um desastre"...

Quá, quá, quá, Gianottigenstein! O filósofo tucano levou um golpe de tacape dos antropófagos! Meu amigo Ramon Maia me disse, uma vez, que viu o Gianotti dizendo que não estava preocupado com a volta da filosofia para o ensino médio e sim em tirá-la do ensino superior...O queeeê? Ele é louco?

A seguir, entrevista com Rudá:


Um visionário da sétima arte

Marcos VicenttiAos 75 anos de idade, seus olhos brilham e o entusiasmo é mantido com o vigor de um jovem que está sempre disposto a conhecer e aprender quando o assunto é cinema. Filho do casal modernista, Oswald de Andrade e Patrícia Galvão, a Pagu, o cineasta Rudá de Andrade veio ao Acre ensinar sobre a sétima arte. Mas garante que só acrescentou um pouco e aprendeu muito.

Paulista, ele mantém uma vida tranqüila em seu sítio, onde cria vários bichos. Sempre ligado ao cinema, inclusive sendo um dos personagens da proposta do Cinema Novo, Rudá mostrou em cinco dias, na oficina “Idealização do Filme: Percurso para o roteiro”, na mostra “Pra Se Ver Com Olhos Livres”, um pouco de sua vasta experiência.

As informações que passou aos alunos são o segundo passo de uma série de oficinas que o Centro de Antropologia do Teatro e Antropofagia do Cinema (Catac) pretende realizar, antecedendo a criação de dois documentários. A expectativa é de que, além de outros profissionais, Rudá seja o instrutor e volte a Rio Branco.

Com muita simpatia, Rudá de Andrade concedeu entrevista ao Página 20, na qual fala das obras atuais, do cinema que pode ser feito na Amazônia e da pureza desse lugar chamado Acre, que, segundo ele, preserva uma brasilidade quase esquecida. Confira alguns trechos dessa conversa.

Como você analisa a preocupação com o cinema no Acre?
O cinema hoje é uma ferramenta, um meio de comunicação que transmite idéias, sentimentos, crítica, análises, e está inserido completamente na nossa civilização, em todo lugar. Acho que o importante não é a parte mecânica das coisas, ou se há a preocupação, mas a pergunta deve ser: o que os acreanos tem com o Brasil?

Estou conhecendo o Acre, mas entendo que aqui há uma grande força de brasilidade inspirada pela floresta. Os grandes centros, Sudeste, Sul, estão vinculados com o Ocidente. Nosso mercado é totalmente vendido aos norte-americanos.

O Acre pode buscar característica diferente da influência imposta ao Brasil. Finalmente, depois de muito tempo, encontrei um pedaço do Brasil. Há muito não o via, estava morando no exterior dentro do nosso próprio país. Mas entendi isso porque vim até aqui, senti o espírito forte, quase que materializado. É uma experiência divina e nova para mim.

Tem algo aqui que nos leva a uma retomada de valores culturais, pré-colombianos. Isso precisa ser sentido e não politizado, institucionalizado.

Mas é importante, por exemplo, quando Joaquim Tashka mostra o documentário Yawa, sobre sua etnia e diz meu povo, que a idéia seja expandida ao Brasil, pois eu também quero que esse seja meu povo. É mostrar essa comunidade ao Brasil como sendo do Brasil e não individualizando.

O que sentiu durante a oficina quanto a vontade das pessoas com o cinema?

Depende tudo deles, que são os que fazem. Sou só uma complementação. As vezes, se estamos fazendo alguma coisa interessante e ninguém fala, não vai para frente. A contribuição é dizer que estão e podem fazer mais.

Diante disso que vivi aqui, minha vontade foi me despir do modo, roupa sulista para viver isso. Depois dessa experiência de uma semana que foi um grande aprendizado, sei que posso ir embora e fazê-lo, mesmo longe daqui.

Você acredita que a partir disso as pessoas podem gerar um movimento mais amplo, que mostre e integre realmente a Amazônia ao Brasil?

As pessoas querem fazer cinema. Esses grupos têm muita coisa para falar porque representam essa comunidade. O acre, seus povos indígenas, sua selva tem muito a falar. E esse é o meio. Quanto mais apoio existir, melhor, mas o Governo e as próprias pessoas precisam entender que elas não precisam de paternalismo, e sim, sangue e poesia. Nada de instituições para carregá-los.

Os Estados Unidos cresceu com o cinema quando foi para o Oeste, criando a grande potência que é Hollywood. Eles buscavam o sol, porque nas outras regiões chovia muito e os equipamentos não eram tão modernos. O Sol criou Hollywood. Podemos buscar o sol no Brasil. O Acre pode ser esse lugar.

O Brasil ainda vive o cinema dos anos 60 e 70? Você acha que os filmes de hoje que apelam para cenas de sexo e violência são uma exigência do público?

O cinema de hoje, ao Brasil dos anos 60, 70 é uma continuidade. Há uma evolução técnica, democratizada, mas estamos presos a um tipo de filme ditado por Hollywood, alimentado por grandes emissoras, como a Globo, mas isso não exclui o que é mais espontâneo.

Esse estilo de cenas apelativos é uma distorção cultural, que é imposta e que desvirtua as pessoas, criando uma habituação. Para a emoção de um filme isso não é necessário. O cinema americano se impôs no mundo inteiro. Ele perceberam suas três importantes etapas que é a fabricação, produção e distribuição. Então o cinema passou a ser um negócio.

Os Governos são controlados pelos Bancos, e quando esses investiram com recursos no cinema o Governo passou a fazer parte dele. Os americanos iniciaram isso, viram que o cinema não só vendia o filme, como também, o que vinha atrás deles e daí se tornou a segunda maior indústria de lá. Eles compraram cinema no mundo inteiro e criaram um tipo de diversão e as pessoas se habituaram aos estilos impostos.

Não deixa de ser um cinema interessante, mas que domina a todos. E pode ser feito diferente, mas com o espírito limpo. Os povos indígenas não entraram ainda nessa alienação, e a prova disso é o vídeo feito por Joaquim Tashka. Quando a gente assiste, dá vontade de ser assim como eles, de ter a mesma alegria pela vida. Aqui ainda há resquícios dessa pureza a ser valorizada. Em outros lugares também deve ter gente com cabeça limpa. O que a gente vê em São Paulo nesse sentido, é da Ong’s, como uma espécie de limpar uma ferida e soa artificial.

Quais os filmes mais recentes que de sua preferência?

É difícil dizer. Há muitas produções que dentro de determinadas linhas estão trabalhando. O interessante dessa nova safra é a diversidade, pluralidade. Nos últimos dez o cinema se norteia em diversidade, totalidade de estilo, ideologia. É muito comum em lugares como o Brasil o segmento de apenas uma linha.

Mesmo no Cinema Novo, que veio diversificado, havia, que era um contraponto do que existia. Dos anos 60 em diante é que o cinema brasileiro virou um verdadeiro colar de materiais diversificados. E o bom dele é exatamente a sua diversificação.

Você acredita que produções feitas por Kurosawa, Fellini, John Ford e outros grandes clássicos do cinema ainda agradam as novas gerações?

Sim. E é importante que se veja a história do cinema inteiro. Os clássicos são fontes de inspiração permanente. Glauber Rocha foi um grande cineasta no seu tempo porque estudou os clássicos. Ele estudou os clássicos e se tornou um deles no Brasil, com um cinema diferente. Hoje, quem estuda cinema aqui, precisa estudar Glauber.



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domingo, 8 de março de 2009

Oswald, Nietzsche

Para Ezir: eu me referi ao livro Os Condenados, o único que Oswald viu reeditado. Eu me baseio em Maria Augusta Fonseca (biografia lançada em 2008 do Oswald, RECOMENDO!)

Sobre Nietzsche e o crime: os crimes estão intimamente ligados à moral. O criminoso não seria o corajoso e o não-covarde. Seria alguém não-criador, o crime é a falta em si, o desvio da moral.

Foucault jamais autorizaria uma leitura de Nietzsche assim: o criminoso como corajoso. O criminoso -- Foucault é Nietzsche + Marx --seria produto da sociedade. Produto renegado.

Existem crimes de escravos e crimes de senhores, se existirem moral de senhores e moral de escravos...

Uma Carta de Ezir

# Enviado por: ezir

SR. LÚCIO jR: queria comentar aquele COMMENT seu sobre o temperamento do nosso fundador da nossa TRADIÇÃO MODERNA : O ESCRITOR PAULISTANO “OSWALD DE ANDRADE”. Tenho um artigo NO PRELO que escrevi sob recomendação e encaminhamento de minha MAIOR MUSA DA SEMIÓTICA DA LITERATURA DE TODOS OS TEMPOS NO BRASIL E NO MUNDO , A DRA. PROFA. mARIA Rosa Duarte de Oliveira , PÓS-GRADUAÇÃO LITERATURA E CRÍTICA DA PUC-SP, escritora de ” GOULART: de PERSONALIDADE À PERSONAGEM” …E DO MAIOR DE TODOS OS ENSAIOS sobre MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS ” A SEMIÓTICA DE MACHADO DE ASSIS”…I-M-P-E-R-DÍ-V-E-L!!!! para A GENTE RE-ORDENAR NOSSO EIXO DE VISÃO DENTRO DA FONTE DE TODAS AS LITERATURAS E LETRAS : A LINGUAGEM DA MEMÓRIA DO INCONSCIENTE ..OU DA POÉTICA DE NOSSO INCONSCIENTE E CONSCIENTE. LÚCIO JR. sei que VOCÊ É UM FILÓSOFO ARTICULADÍSSIMO NA NOSSA CULTURA MUNDIAL e BRASILEIRA , bem à moda DOES ESCRITORES-RESENHISTAS linha bem praticada NOS EU DA AMÉRICA. E, por sso , adoro SUAS SELEÇÕES …E ME ATUALIZO SOBREMANEIRA COM ESTAS SÍNTESES E ATUALIZAÇÕES QUE você VAI NOS TRAZENDO AQUI DAS FONTES DESTA NOSSA TRADIÇÃO DA NEO-MODERNIDADE ou TRADIÇÃO SEMIÓTICA DA INVENÇÃO ou da PROTO-ESTÉTICA ( como marcaram O PROFR. DE INGLÊS FRANCÊS “STEPHANO DE MALLARMÉ” em “LANCE DE DADOS” ). Mas, acho que AJUDARIA DEMAIS pela PRÓPRIA UTILIDADE DO MATERIAL que VOCÊ NOS APRESENTA aqui enquanto UM “MARCADOR” DE NOSSO “FIO”…ajudaria DEMAIS se você colocasse da FONTE DAS REFERÊNCIAS porque COITADO DO NOSSO FUNDADOR MAIS AMADO INVESTIDOR DA NOSSA ARTE DE FALAR E DE VISÕES DE SÍNTESES DE ALTA TEMPERATURA NOVA “Oswald de Andrade”. Quem FALOU AQUELAS coisas sobre ele , e disse QUE ELE NÃO CONSEGUIU PUBLICAR NADA EM VIDA , só O MARCO ZERO …sinceramente , NÃO SE DEU NEM AO TRABALHO DE BUSCAR A “BIBLIOGRAFIA” DELE, principalmente em TODOS OS LIVROS DELE publicados GENEROSAMENTE pela EDITORA GLOBO , UM DELES , PROVA CABAL DO QUANTO ELE , OSWALD , PUBLICAVA TUDO DESDE SUA MAS TENRA IDADE LITERÁRIA quando COMECOU ESCREVENDO …sim SENHOR !!! NUMA COLUNA SOBRE “TEATRO E ARTES NA CIDADE DE SÃO PAULO” fazendo resenhas e críticas DE PEÇAS DE TEATRO naquele momento de início de sua carreira quando ainda ESTUDAVA “DIREITO” NA São Francisco E FAZIA MATÉRIAS para JORNAIS sobre T-E-A-T-R-OOOOOOO.Daí, a grande experiência e ENTRADA TRIUNFAL DELE comoAUTOR DE PEÇAS como o “rei da VELA” etc.etc.etc. A mais COMPLETA BILBIOGRAFIA que MOSTRA TUDO QUE ELE PUBLICOU EM VIDA , você PODE ACHAR EM SEU PRIMEIRO E ÚNICO LIVRO AUTO-BIOGRÁFICO ( que aliás , TENHO EM CASA , além do “DISCRETO COZINHEIRO DAS ALMAS DESTE MUNDO , sempre prefaciado PELO NOSSO PAI-AVÔ DA NEO-MODERNIDADE “Haroldo de Campos”)…o LIVRO , acho que O ÚLTIMO QUE ESCREVEU ..e que ele DEIXOU INTERMINADO …mas , PARECE BEM ACABADO …COM ESTA VISÃO SEMIÓTICA DE SUAS MEMÓRIAS VERBAIS E NÃO -VERBAIS SABIAMENTE…ESPECIALIZADAMENTE REGISTRADAS via SUA NOVA FORMA DE REGISTRAR E ESCREVER desde a nossa FONTE-EIXO DE VISÃO ESCÓPICA, DE SINCRONIAS E DIACRONIAS SOBRE AS COISAS E AS PESSOAS, FENÔMENOS ao NOSSO REDOR bem ASPECTADAS E FISIOGNOMICAMENTE SINTETIZADAS NO PRESENTE DINÃMICO DE NOSSOS ATOS como OBSERVADORES MÓVEIS, ou ‘SHIFTERS”.
Achei super interessante este seu novo comment-NOTICIÁRIO CURTO DO PESSOAL DA “CONTRA-CULTURA” E DA “TROPICÁLIA”, mas precisava entender melhor de que REFERÊNCIAS , VOCÊ PARTE , entende?SAUDAÇÕES e minhas boas-vindas pelos novos contatos tão dentro de MEUS DESEJOS E VERDADEIRAS PAIXÕES NA NEO- LITERATURA E NEO-CULTURA BRASILEIRAS. SUper NOITE DE DOMINGO neste DIA TÃO LOCALMENTE ACLAMADO E INTERNACIONALMENTE OFICIAL DAS MULHERES E DOS HOMENS NOVOS …COM CERTEZA!!! de Ezir
# 08/03/2009 - 21:09

sábado, 7 de março de 2009

O Botão Vermelho de Hillary

Cena hilária: Hillary Clinton entregou um simbólico botão vermelho para o ministro russo das relações exteriores.

Gafe: Hillary tenta tomar o botão de novo. No botão, para surpresa do russo, está escrito, em russo, "sobrecarga" e não "reinício", como deveria ser. Hillary, constrangida, ri e tenta consertar...

kkkk

ATO FALHO EM CADEIA INTERNACIONAL!

Beckett , João Paulo, Malamud, Roth

Leio um editorial de João Paulo, do Estado de Minas, onde ele comenta o livro Entre Nós, de Philip Roth. Gostei da seguinte passagem:

"Tal como Beckett, Malamud escrevia sobre um mundo empobrecido e dolorido num idioma todo seu, um inglês que parecia -- mesmo sem levar em conta os diálogos idiossincráticos --ter sido arrancado do barril menos mágico que se poderia imaginar: as locuções, as inversões e a dicção dos imigrantes judeus, um amontoado de ossos verbais quebrados que, até surgir Malamud para fazê-los dançar ao som de sua melodia tristonha, pareciam só ter serventia para comerciantes judeus e profissionais da nostalgia".

É um livro de entrevistas onde a mais curiosa, segundo João Paulo, é a de McCarthy: "Depois dos elogios de praxe, Mary desfia uma série de críticas que se ligam quase sempre à incompreensão da matriz judaica do romance. Ela não entende porque os judeus são tão obsessivos quando se trata de circuncisão (...). Mary (segundo Roth) conseguiu separar os dois universos: o desconhecimento de elementos culturais a impediu de ver o mais importante do romance" (JP, Pensar, 3/01/2009).

sexta-feira, 6 de março de 2009

Cogumelo de Espuma

Para fugir da violência do Rio de Janeiro, agravada pela inadimplência do poder público, a jornalista Anni Martinez muda-se para Belo Horizonte. O que ela não sabe é que ninguém foge do seu destino, e combater a perversão do poder será a sua lição inevitável.

Na capital mineira, Anni recebe uma caixinha de papel mâché com evidências sobre o crime de uma acompanhante profissional. Entre a lista de suspeitos estão senadores, deputados, ministros e até o governador do Estado. Começa então uma verdadeira caçada ao assassino, em que a jornalista poderá contar apenas com o amigo Jovi – esse, um fotógrafo excêntrico que circula no meio político com facilidade, mas que esconde um segredo terrível.

Num clima de traições e mentiras, o enredo se desenvolve para o seu objetivo principal que é narrar sobre os bastidores da política e os mecanismos da corrupção, as ambições do ser humano e sua maneira de atingi-las, suas paixões e os diversos caminhos usados para saciá-las, e a febril sensação de estar acima de tudo e de todos que acometem alguns atores da nossa sociedade.

No prefácio, o acadêmico e editor da Academia Mineira de Letras, José Bento Teixeira de Salles, comenta que o romance, que traz como título uma sugestiva expressão da medicina legal, prende e atrai o leitor, graças ao texto leve e claro, e ao desenrolar da trama. “O enredo traz consigo dois ingredientes básicos para estimular o gosto e espicaçar a curiosidade do leitor: as sugestões de sexo e as evidências do crime. E isto é feito sem explorações demagógicas, ou muito menos escandalosas e sensacionalistas”

Cogumelo de Espuma é instigante e envolvente, às vezes, concentrado e patético, mas sempre amparado pela realidade, não só do panorama político atual como também da história das pessoas comuns, ainda que esta realidade beire à lenda – fora do ar e do tempo.

Mais informações: www.cogumelodeespuma.com.br

Artigo de Nei Duclós sobre o caso Paula

O partido assumidamente nazista que domina a justiça e a polícia na Suíça armou uma arapuca para a brasileira agredida. O caso é político e envolve a segurança nacional lá deles. O partido está em pleno processo de referendum para aprovar leis rigorosas de xenofobia contra os migrantes. Segundo uma delas, o imigrante ilegal flagrado vai para a cadeia e é expulso do país, junto com o resto da família. A agressão a Paula colocaria todo o esforço xenófobo a perder. No dia em que Paula foi agredida, milhares de cartazes mostrando os imigrantes como corvos forravam o país.

Existem muitas ligações com o caso Vladimir Herzog. Flagrada no assassinato de um jornalista, a ditadura brasileira forjou o suicídio (auto-imolação), mostrando inclusive fotos do pretenso atentado contra a própria vida. Flagrados num bárbaro atentado contra uma mulher, advogada, estrangeira legalmente no país, os nazistas suíços se desesperaram, acharam que tudo iria por água abaixo. Então reverteram a situação, forjaram a tese de auto-imolação e até mesmo estão agora surgindo “provas” como um depoimento (ilegal, segundo o advogado da família de Paula), pretensamente assinado por ela assumindo a culpa.

A imprensa marrom da Suíça , conivente e cúmplice , deita e rola, dizendo que a brasileira forjou o atentado para ser indenizada. Mulher rica, bem posta, com relacionamento estável, não iria se submeter a uma barbárie com resultados duvidosos. Isso não cola. O que impressiona não é a cara de pau das falsas versões, mas o acovardamento do Brasil, tanto por parte da imprensa (li artigos cheios de vergonha de sermos brasileiros), quanto do governo.

O autor do furo, Ricardo Noblat, explicou no Comunique-se que agiu corretamente ao fazer a apuração rigorosa da denúncia , defendendo a divulgação de um crime hediondo. Disse também que os outros jornais repercutiram depois de as devidas checagens. Então é mentira essa história que foi uma barriga e que isso é vergonhoso e tal. Foi uma reportagem de denúncia, que a política nazista atualmente no poder da Suíça distorceu em favor de seus próprios interesses, como fez aqui a ditadura no caso Herzog.

Agora Paula está sendo indiciada por falso testemunho e por ter tentado enganar a polícia. Imaginem uma bomba desse tamanho: Paula de Oliveira, numa prisão por três anos. Isso é dinamite pura. É um crime que está acontecendo e o Brasil não deveria ser tão covarde, tão cheio de remorso e culpa, tão cúmplice. Os sujeitos mentem e todos ficam calados, pedindo perdão? Paula foi agredida, atacada, quase morreu. O atentado arruinou sua vida. A versão de que tenha se auto-imolado é mentira. É a partir daí, da primeira e correta percepção do fato, que o caso deve ser encarado.

Ou vamos abandonar Paula, assim como Herzog foi abandonado em plena ditadura? Paula Oliveira, estamos contigo.

RETORNO - 1. Imagens desta edição: Paula Oliveira e Vladimir Herzog. No fundo, a ditadura é a mesma. Por isso os métodos se parecem. 2. Deu no Comunique-se: "O jornal suíço Weltwoche, com informações que diz ser de confissões de Paula Oliveira à polícia local, afirma que a advogada sustentou a tese de que tinha sido vítima de um ataque neonazista para conseguir uma indenização. O valor, segundo o jornal, seria de R$ 200 mil. A Justiça suíça decidiu não se pronunciar sobre a revelação do jornal. "

Meu comentário à notícia é a seguinte: "Em troca de 200 pilas uma advogada de multinacional, de família rica iria encher o corpo jovem de cortes, criar um problema internacional, destruir a própria carreira, arriscar o casamento e ainda ficar uma semana sangrando no Hospital? Parece a versão da polícia no caso Herzog: a vítima se auto-imolou! " E acrescento aqui: 200 mil reais é, por baixo, o custo das operações plásticas a que Paula terá de se submeter. Quer dizer, contem outra. Essa não colou.
postado por Nei 2/19/2009 12:05:00 AM Comentários (6)

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quinta-feira, 5 de março de 2009

Excomunhão, caso Paula, Herzog, etc.

Ontem a Igreja Católica excomungou os médicos que fizeram aborto em uma menina grávida de 9 anos e que foi estuprada. E a mãe da menina. Todos fizeram algo previsto em lei: aborto em caso de estupro. E a Igreja, arcaica, não reconhece esse direito.

Talvez por misericórdia, o estuprador não foi excomungado!. Se excomungassem o estuprador, eu ainda entendia. Só faltou a menina! Católicos de Pernambuco, protestem!

Dois ministros (Carlos Minc e Temporão) felizmente protestaram contra esse transtorno a mais que a Igreja Católica criou para a família. Gostei da atitude dos ministros. Nesse governo Lula tudo é dúbio.

A oposição e a situação fazem um bizarro 69: a situação elogia a política externa e as políticas de inclusão social, por exemplo, enquanto a oposição critica e defende a política econômica, mas parte de aliados do PT, tais como Maria Victoria Benevides, critica a política econômica de juros escorchantes (que não mudou nem com a crise). Benevides chamou o Banco Central, hoje, de "feudo inimigo" dentro do governo. É essa minha impressão: tanto no governo há feudos inimigos quanto, quando se passa para a oposição, existem feudos onde não dá para se sentir à vontade de jeito nenhum.

Vi um inteletual (José Mindlin?) na TV falando do caso Herzog. Morto Herzog, ele tinha dois laudos, um para uso externo e outro para uso interno da polícia e das autoridades, tanto que, quando morreu o operário Manoel Fiel Filho, o comandante do exército responsável foi imediatamente exonerado. Era sinal, segundo o intelectual que vi falando, de que as autoridades já sabiam do ocorrido, ou melhor, de sua real versão.

Nei Duclós falou em seu blog (não consegui encontrar o artigo, somente ouvi falar dele na web) sobre o caso Paula como sendo "um novo caso Herzog". Agora entendi o porquê.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Rudolph Steiner sobre Nietzsche

"Mais tarde entrei em sérios conflitos com Elisabeth Foster-Nietzsche. Naquele tempo, seu espírito amável e ágil angariava minha profunda simpatia. Esses conflitos me causaram indizíveis sofrimentos, tendo sido suscitados por uma complicada situação; fui obrigado a defender-me de acusações. Sei que tudo isso foi necessário e que um véu de amargura veio encobrir a recordação de belas horas passadas no Arquivo Nietzsche em Naumburg e em Weimar; mesmo assim, sou grato à senhora Foster-Nietzsche por ter-me conduzido ao quarto de Friedrich Nietzsche na primeira das numerosas visitas que iria fazer a ela.

Totalmente alienado, lá estava ele – com sua testa maravilhosamente bela, que era ao mesmo tempo a de um pensador e de um artista – estendido num sofá. Eram as primeiras horas da tarde. Aqueles olhos, que apesar de ausentes ainda pareciam preenchidos de alma, captavam do ambiente apenas uma imagem que não tinha acesso algum à alma. Estando alguém lá, Nietzsche nada sabia a respeito. Mesmo assim, ainda se podia acreditar que seu rosto, impregnado de espírito, fosse a expressão de uma alma que tivesse formado pensamentos durante toda a manhã e apenas quisesse repousar um pouco.

Uma íntima comoção que se apoderou de minha alma levou-me a pensar que ela se transformaria em compreensão pelo gênio, cujo olhar me fitava mas não me atingia. A passividade desse demorado olhar provocou a compreensão do meu, que pôde entregar-se ao poder anímico da visão sem que algo se interpusesse em sua mira. E assim vi diante de minha alma: a alma de Nietzsche como que pairando acima de sua cabeça, infinitamente bela em sua luz espiritual, livremente entregue aos mundos espirituais que buscara antes da demência e não encontrara; porém ainda acorrentada ao corpo, que só soubera daquele mundo enquanto o mesmo ainda era anseio nostálgico. A alma de Nietzsche ainda estava presente, mas só podia segurar de fora aquele corpo, que lhe oferecera oposição para desabrochar em sua plena luz enquanto ela estava em seu interior.

Antes eu lera o Nietzsche que havia escrito; agora eu estava contemplando o Nietzsche que havia introduzido em seu corpo idéias trazidas de longínquas regiões espirituais, e que ainda reluziam em beleza, embora tivessem perdido no caminho seu fulgor original. Uma alma que trouxera de existências terrestres anteriores um tesouro dourado de luz, mas incapaz de fazer com que ele brilhasse plenamente nesta vida. Eu admirava o que Nietzsche escrevera; mas agora via, por detrás de minha admiração, uma imagem resplandecente.

Em meus pensamentos eu só era capaz de balbuciar a respeito do que vira; e esse balbuciar é o conteúdo de meu livro “Nietzsche, um lutador contra seu tempo”. Não passando de um balbuciar, esse livro encobre o verdadeiro fato de a imagem de Nietzsche tê-lo inspirado a mim.(…)

Para mim estava claro, naquele tempo: Nietzsche, com certos pensamentos que aspiravam ao mundo espiritual, era um prisioneiro da mentalidade naturalista. Por isso eu me opus fortemente à interpretação mística da sua idéia do eterno retorno; e concordei com Peter Gast, que em sua edição das obras de Nietzsche a conceituou como “a doutrina – a ser entendida de modo puramente mecanicista – da esgotabilidade, isto é, da repetição, das combinações moleculares cósmicas”. Nietzsche acreditava ter de buscar uma idéia das Alturas nos princípios básicos da visão naturalista. Essa foi maneira como teve de sofrer por causa de sua época.
Era assim que se me apresentava, na contemplação da alma de Nietzsche em 1896, o que uma pessoa tinha de padecer, em seu anseio pelo espírito, junto à mentalidade naturalista do final do século XIX”.

"Ditabranda"

26/02/2009
"ditabranda"

Marcelo Coelho

Acho que “ditabranda” é com certeza um termo infeliz. Não há ditadura branda na ótica de um prisioneiro torturado, como o foram muitos no Brasil.



O termo, empregado num editorial da “Folha”, não deveria ter sido utilizado. Será que eu, no posto de diretor de redação, teria vetado o termo no texto? Talvez sim. Mas poderia ter dado pouca importância à palavra, uma vez que se inscrevia numa linha concreta de raciocínio.



O texto completo do editorial se dedicava a condenar a perpetuidade no poder de Hugo Chávez. Comparava os processos pelos quais de uma aparente democracia se passa a uma ditadura, como na Venezuela, com processos pelos quais a conquista de poder por meio de golpe militar terminou resultando em regimes não tão concentradores de poder como seria de supor.



O jogo entre “ditabranda” e sua contrapartida oculta, a “democradura”, estava implícito no editorial: com tudo para ser uma ditadura militar absoluta, o regime de 64 manteve as aparências de um espaço para o PMDB. Com tudo para ser um normalíssimo sistema democrático, o regime de Chávez reduz a oposição a menos do que uma aparência, afirmando-se orgulhosamente como uma democracia, enquanto acelera o personalismo providencial de uma figura tosca.



Eis que surgem mil protestos contra o uso do termo “ditabranda” no editorial. Foi um erro, não nego. Mas não há verdade nenhuma quando se diz que o editorial pretendia fazer a revisão histórica do regime de 64.



Há pelo menos 30 anos, a “Folha” reprova o autoritarismo. Teve, se não me falha a memória, papel importante na luta contra o regime militar. Se quisesse reabilitar aquele período, teria feito isso explicitamente. Obviamente, não teria nenhum interesse em fazê-lo, e não teria nenhuma razão se o fizesse.



O que me parece errado nos protestos contra o uso de “ditabranda” pela “Folha” é que se tomou um erro do editorialista como se fosse sinal de coisa que não existe.



Não existe vontade nem interesse da “Folha” em reabilitar a ditadura. Existe, por outro lado, muito interesse de parte dos críticos em defender Hugo Chávez.



Mais do que isso, os protestos contra a “ditabranda” expressam uma queixa mais antiga da esquerda: “A Folha ficou de direita!” A mera presença de César Maia entre os articulistas já pareceu, a parcela dos leitores, sinal de que a “Folha” cultiva cada vez mais os Coutinhos e Pondés. O grito de protesto da esquerda estava engasgado há tempos, e o apoio que obtive ao criticá-los, há algumas semanas, foi sinal disso.



Acontece que, se fizermos a conta, João Pereira Coutinho e Luiz Felipe Pondé estão cercados de Clóvis Rossi, Fernando Barros e Silva, Eliane Cantanhede, Ruy Castro, Carlos Heitor Cony, Marcos Nobre, Fernando Gabeira, Janio de Freitas e este que vos fala, grupo insuspeito de afinidades com a direita. Há Oderbrecht e Delfim, além de Sarney, pesando no outro lado da balança. Será que desequilibrou em favor da direita? Culpa em parte minha, então. Trato de me regenerar nos próximos artigos.



Veio então a carta de Fábio Konder Comparato, dedo em riste contra a pessoa do diretor de Redação, Otavio Frias Filho, chamando-o ao pelourinho em praça pública. O diretor de Redação reagiu chamando de cínica essa conclamação prosecutória. Konder Comparato excedeu-se, num gênero jacobino que contrasta com toda a retórica democrática em torno da liberdade de expressão. Tratava-se de defender Chávez, mais do que acreditar na tese de que a “Folha” teria passado a apoiar a ditadura. A resposta de Otavio a Comparato quis denunciar essa hipocrisia, essa indignação postiça, chamando-a de cínica.



O resultado, para a “Folha”, foi ruim em termos de imagem e de relações públicas. É óbvio que a “Folha” não passou a gostar das ditaduras ou das ditabrandas. É óbvio que não quer romper com a esquerda. A esquerda, entretanto, há tempos quer romper com a Folha, por bons ou maus motivos. Não sei o que ganha com isso. Sei o que quer preservar nessa atitude: sua adesão a Chávez, a Fidel Castro, ao MST.



Não sei qual ditadura, dentre as três, prefiro: com certeza, eis regimes diante dos quais haverá alternativas bem mais “brandas”. Não que 1964 esteja entre elas. Mas gostaria de saber por que razão, entre a Folha e a esquerda, existem tantos atritos em torno do termo “ditadura”. Será que não estamos de acordo quanto ao que significa “democracia”?

Ditabranda, Impertinácia, Bosco furando o Olho da História do Olho

Enquanto a ditabranda dá polêmica, escrevi para ajudar o grande poeta Roberto Joaldo de Oliveira com a revista Impertinácia. Enviei um artigo com fragmentos inéditos do Oswald para ele. Espero que não demore e saia.

Revisitei também o blog do jornalista e escritor poderoso Wir Caetano, de quem resenhei o belo Morte Porca. Logo mais posto o endereço: vale uma visita.

A Folha quis atacar o Chávez chamando a nossa ditadura de 1964-85 de "ditabranda" em editorial. Maria Victoria Benevides e Fábio Konder pediram retratação e foram tratados como trolls no espaço do leitor, chamados de cínicos que nunca ousaram romper com Cuba. Se estivessem num blog, tudo bem que tomassem. Mas escreveram para um jornal e foram tratados daquele jeito, com insultos?

Mas ditabranda é um termo que acho correto para tratar do Estado Novo getulista, onde comunistas como Portinari continuaram fazendo painéis em prédios públicos e outros como Gilberto Freyre recebiam eventualmente em trabalhos em jornal oficial (Correio da Manhã, me parece). Foi um período de exceção "brando", mas somente em comparação com o "Estado Novo da UDN" entre 1964-85.

Eu resolvi assinar o abaixo-assinado contra a Folha de S. Paulo, jornal que gosto, pelo seguinte: existem sindicatos, jornais e tevês críticas ao governo na Venezuela. Chávez não fechou a tal "Rádio Caracas Televisión", que Walter Navarro do Tempo chamou de "SBT da Venezuela". Chávez cassou sua concessão devido ao fato de que ela participou ativamente no golpe contra ele em 2002, coisa que TV nenhuma pode fazer, tendo em vista de que é concessão pública. Mas ela ainda funciona pela internet e a cabo. A estratégia da oposição, ao se negar a participar de eleições, é que tem sido a de caracterizar Chávez como ditador.


O que não suporto nessa história do Chávez é o seguinte: hegemonia de direita é democracia liberal ou democracia à brasileira (eufemismo usado no tempo da ditadura de 64). Hegemonia de esquerda, na mídia, só pode ser ditadura (o que não é o caso da Venezuela, que foi o único país da América Latina não teve ditaduras entre 1960 e 70, tinha uma democracia oligárquica, mas que não foi derrubada). Existem jornais venezuelanos de oposição na web, como o Tal Cual, que já visitei e achei menos editorializado que a Veja.

Marcelo Coelho, que eu admiro, reconheceu que o editorial foi um erro, mas ainda assim criticou a esquerda. Tudo bem. Só fiz um reparo à crítica dele: ele colocou Ruy Castro como colunista de esquerda na Folha, enquanto na direita estaria o Pondé, o Coutinho, etc. Posso fazer outro: quem criticou o editorial, segundo Marcelo Coelho, quer defender o MST, Fidel e Chávez. Hã?

Li também uma entrevista do Francisco Bosco a partir do blog do Caetano Vilela, autor de Banalogias, sobre A História do Olho e outros livros. Ele valorizou Campos de Carvalho (viva!) e comentou a releitura como fenômeno diacrônico, ou seja, fragmentado e fora do tempo. O leitor que relê um livro estaria retomando não uma história somente, mas também sua história subjetiva entre uma leitura e outra. Diacronismo é o cânone dos concretos: Arnaut Daniel, Li Tai Po, Sousândrade, Qorpo Santo, Mallarmé, etc. Sincrônico é o do Antônio Candido: História da Formação da Literatura Brasileira.

Bosco furou a História do Olho, julgou ridícula a narrativa do seminarista, supondo Bataille um bom ensaísta, mas mau romancista...

terça-feira, 3 de março de 2009

Tarso Genro, Trostsky, Breton

Numa revista chamada Oitenta, leio (folheio) um artigo do Tarso Genro sobre Classe Média e seu Papel na Luta Social que parece escrito para o Vamp do blog do GT. Delicio-vos com um trecho:

"Não é lícito afirmar que de repente apareceram homens progressistas nesses estratos profissionais e que suas posições, como dirigentes classistas, são mera retórica oportunista. Sempre houve, por postura ideológica, bolsões progressistas nessas camadas sociais, mas eles nem sempre tiveram eficácia, porque não basta aquilo que alguns chamam de provocação dos fatores subjetivos, para que uma categoria profissional se mobilize" (Genro, 1979, p. 136).

A grande crítica do Vamp é a política do governo Lula para a classe média. Com certeza, eles atingiram alguns dos "fatores subjetivos" do Vamp que o fazem se manifestar, em geral, radicalmente.

Na época das eleições, vi o banho que o PT levou em Curitiba. E, num debate, perguntaram ao cientista político Bruno Wanderley Reis: "Por que o PT não emplaca em Curitiba?" "Ah, eu vou lá saber?", disse ele.

Eu arrisco uma explicação para o drama da classe média e de Curitiba: O PT nasceu com apoio da aristocracia do proletariado e da classe média radicalizada. No Brasil, é o Sudeste que, em parte, apresenta essa configuração. Mas o que o Sudeste faz, o Brasil vai atrás.

Já o governo Lula governa para os muito ricos (mantêm os juros, o superávit, estabilização, foro privilegiado para FHC, não revê as privatizações) e para os miseráveis (bolsas-esmola, neoliberalismo com cesta básica para o povão). O Prouni, por exemplo, do que o governo faz tanta propaganda, é a compra de vagas pelo governo em universidades privadas em sua maioria ruins. E o aluno tem de pagar parte da mensalidade (daí, talvez, a moça nordestina correr para pegar o ônibus: o aluno tem de trabalhar e fazer Medicina, o que é realmente um desafio às leis da Física). E deixa a classe média reclamar, pois não são tantos votos. Uma parte sempre esteve radicalizada e com ele.

Já a política externa, odiada pelo pessoal do blog do GT, penso que é uma vitrine, um engodo. Quando FHC e a direita batem, obrigam a esquerda a ir para o lado do governo e calar-se diante de seus absurdos. Num discurso, vejo Lula dizer: "a imprensa precisa falar de onde tem asfalto, não só de onde tá esburacado..." Ah, Lula, se não mostrar os buracos vocês autoridades nunca consertam, né? É tanta mentira. Dizia ele que era um representante da consciência da classe trabalhadora brasileira. Mas se até a dobradinha da chapa com o empresário sugere uma aliança entre o trabalho e o capital...

Isso me lembra uma musiquinha do filme Tudo Bem do Jabor, o melhor dele para mim, cujo roteiro eu tenho:

Nós somos funcionários da Declair,
Lutamos pelo mesmo ideal
A aliança entre o trabalho e o capital...


Amorim e os outros não radicalizam como o Chávez nem o seguem em tudo. Ele propôs um gasoduto, eles negaram, por exemplo. Outro dia vi um debate na Rede Vida: precisamos tomar as rédeas, a Venezuela quer entrar no Mercosul para divulgar as idéias enlouquecidas de Chávez, e por aí vai. A Rede Vida está nas mãos de só uma vertente da Igreja Católica, parece, a carismática direita...Sai a crítica a Chávez e depois vem a reza do Terço Bizantino do Padre Marcelo, que repete, repete, repete.

O tipo de opositor que eles precisam é o seguinte, façamos seu retrato falado: estrangeiro como Larry Rohter (e falando mal do Brasil, onde não vive); elitista (não gosta do Zé Pagodinho, prefere ópera); não gosta da política externa brasileira, diz que os boxeadores cubanos foram obrigados a ir embora, fala bem do Paulo Francis, ataca o Brasil...Chego a pensar que alguém está delegando um papel ou manipulando, não pode ser verdade. Esse "papel" parece muito pronto, mito entregue nas mãos.

Ah, Trostsky e Breton mandaram um recado para o pessoal que cobra contrapartida social: "Se é verdade que, para o desenvolvimento das forças produtivas materiais, a revolução é obrigada a exigir um regime socialista centralizado, para a criação intelectual ela deve estabelecer e assegurar, desde o princípio, um regime anarquista de liberdade individual". E o slogan final, irretocável:

"Uma arte independente -- para a revolução.
A revolução -- para liberdade definitiva da arte".

México, 25 de julho de 1938. Da Revista Oitenta.

Leio lá na Desciclopédia uma curiosa definição para o Bob Esponja:

"Fruto de uma experiência do cintista Gerald Thomas, que uniu uma bucha, um burro e um veado. Depois de ter sua invenção pronta, Gerald acabou jogando a porcaria do Bob Esponja fora, pois achou que ficou uma merda. Claro que ele tinha razão. Aí, uma vez o Aquaman estava nadando e viu o Bob esponja. Acabou levando para o salão oval da Justiça e todo mundo simpatizou com ele."

Como diz Caetas: tudo certo como dois e dois são cinco...

segunda-feira, 2 de março de 2009

MST, Orwell, Olavo de Carvalho X Bagno, Beckett...

Eu li no blog do GT que ele e o Pacheco estão querendo fazer um filme sobre o MST. Pacheco será que já fez a "Waltcheco Produtchions" que o Fábio Pipipi sugeriu? Eu li as sugestões do Pacheco.

Achei-as nada reais. Mas GT, que sugeriu dirigir e produzir o filme, não é realista e detesta apresentações naturalistas.

Eu já estive num acampamento do MST e vi algo bem diferente. Em primeiro, ninguém está sujo ou passa fome. Aliás, em primeiro é preciso diferenciar acampamento de assentamento. O acampamento é onde eles ficam nas barracas de lonas, esperando uma decisão legal. Enquanto isso, plantam e colaboram intensamente. Não vi sujeira no acampamento que vi em Ibirité. Vi um assentamento em Campo Florido: quando eles estão assentados, são famílias que receberam sua parte de terra. Foram muito gentis conosco (eu estava com Pierre Doury e meu pai, que é coronel da PMMG) e serviram café, milho verde e pamonha, com fartura. Disseram que o milho não compete bem com o de países de agricultura subsidiada. Estávamos em pleno governo FHC e o MST estava bem fashion, até no exterior.


Eles nos contaram que, quando estão assentados, há risco de chegarem capangas. Contaram casos onde os capangas chegam armados e atacam todos, mesmo mulheres e crianças.

Eles não deixam ninguém da Globo entrar e conversam com as pessoas que querem filmar ou fotografar antes. Bom, então Pacheco e GT provavelmente vão ter que fazer uma cidade cenográfica para o filme...Nada de difícil para a Waltcheco Produtchions. A Globo adora por a culpa do desmatamento da Amazônia no MST e agora está com essa de não olhar o lado deles nesses acontecimentos trágicos em Pernambuco: taí a resposta de porque eles não gostam da "Rede Povo" do Lula pré-peace and love.

Eu fui também a um curso ministrado aos integrantes que começava com uma sessão de mística. Ninguém gritava slogans odiando as elites. Só erguem os punhos e cantam canções louvando o MST, a luta socialista e pela terra. Contardo Calligaris horrorizou-se com isso, mas meu amigo Pierre gostou. Achei um pouco excessivo. Eles eram também preocupados com a moral e os bons costumes, pediam que ninguém bebesse durante o curso, etc.

E agora para algo inteiramente diferente. Quanto mais ouço falar sobre Beckett, mais vejo o quanto ele é central no teatro contemporâneo: ouço dizer que muitos o plagiam, copiam, gostariam de ter mais contato com ele (Pinter, Arrabal, David Mamet) enquanto outro (s) o transcriam, recriam, adaptam, antropofagizam (Gerald Thomas). Vi vários vídeos ótimos sobre o trabalho dele no youtube: Not I, monólogo de uma boca; Film, filme mudo que me lembrou o surrealismo e o expressionismo; outro, cujo nome esqueci, tinha pessoas enterradas em vasos e falando, falando, dando o aspecto de um grande cemitério de talking heads vivas. No final, descobre-se que o mundo é esse grande cemitério surreal. Finalmente, Henrique Hemídio postou o belo Improviso de Ohio, com um texto de estilo muito sucinto e forte, estrelado por Jeremy Irons. Quanto mais ouço falar sobre Beckett, descubro que preciso ler mais Beckett, Beckett, Beckett.


No blog do Caetano debateu-se Bagno X Olavo de Carvalho. Olavão nada entende de linguística. Bagno o considera, num texto, mas não citando seu nome, tão ultraconservador que chega a ser quase fascista; dá a entender que é ele. Olavo, por não dominar o assunto "língua", debate identidade nacional e tradição ibérica, que são coisas diferentes.

Li numa velha Revista Oitenta a seguinte definição de Orwell, inesquecível: "um poeta da decadência e do mau gosto..."

O conto Pequeno Concerto para Celular saiu na Broca Literária. Logo mais posto o endereço aqui.