terça-feira, 7 de julho de 2009

O Homem e o Cavalo (Cena IV)

Cena IV

(Os mesmos e o São Pedro)


São Peter Lessman: que bagunça é essa? Querubina, Etelvina, Malvina, Balduína, as minhas quatro garças, não vos transformeis em latejantes fúrias do céu, os aviões estão caindo, mas respeitai a quarta dimensão do paraíso! Sou São Pedro, almirante São Pedro Lessman.


As Quatro: viva o Céu!


São Pedro: Obrigado! Outro dia outro avião caiu em Comores, mas sem comoção! Só porque eram todos pretos? Um francês de Paris vale mais que um francês de Comores? O Divo não cantou, nem Sarkozy se comoveu da mesma maneira com a morte dos pretos! Pretos não são bem vindos na França? Quando Sarkozy foi a Israel, negou-se a ir ao lado palestino.


As Quatro: mas a queda do Airbus France esquentou o céu, aumentou nosso cast de artistas. Depois do festivelório na Terra, em breve turnê de Máico Jeca, o dançarino e cantor, no céu!


O Divo: Que negócio é esse de Máico Jeca? Dupla caipira? Eu vi o MICHAEL JACKSON cantar em Zurique! (espirrando): aaatchim! Eu vos trago a peste! A gripe suína!

São Peter Lessman (enternecido): Mas nesse último acidente sobreviveu uma pessoa!

O Divo: Sabe, eu estou com uma peça, Body Parts e um filme, Ghost Writer...

São Peter Lessman: Aquecimento celestial! Poluição! Efeito estufa! Fim da camada de hormônio...

Etelvina: É ozônio!


Poeta-Soldado (em transe): Prisão eterna para o terrorista Battisti no Brasil! Fora com os imigrantes, farras com putas para o Berlusconi! Sarney, nomeie Incitatus para senador! Lula, nomeie um cavalo para presidente do senado! Incitatus! Incitatus! A felicidade do homem é ver o último show de Máico Jeca, o fantástico show da morte. A morte é show! A morte é um dom! A morte é uma gostosura, a morte é demais! Viva a morte! O festivelório de Jackson é o primeiro grande show que um popstar faz deitado e calado! É um bed-in! Um death-in de Máico Jeca! E você, Divo, cante a bomba H, cante a ópera H!

O Divo: esse poeta morreu! Esse Divo morreu! Essa ópera morreu! Quero encontrar Calígula e morrer, é o meu projeto para o futuro.

O Poeta-Soldado: Como? Você não sabe The Sound of Music, a obra-prima do belcanto? Incitatus não, eu fui mordido em criança por esse senador-cavalo indicado pelo Sarney! Precisamos vencer a Operação Khanjar! Precisamos derrotar os afegãos em Helmand! Defender Islama-Hades e desarmar os coreanos!

As Quatro: muito bem!

Etelvina: Eu queria casar e formar família.

Balduína: Eu queria casar na família Sarney e formar uma quadrilha!

(A cadelinha Bárbara late).

São Pedro: Cale-se, Bárbara Heliodora!

Querubina: eu quero casar na família Sarney e formar uma quadrilha!

O Poeta-Soldado: Quem és tu, senador, espectador, senão um espermatozóide de colarinho! Hey, hey, Sarney! (Bate na bolsa que traz a tiracolo).

As quatro: Hey, hey, Sarney!

O Poeta-Soldado: Ahmadinejad, let me help Iran, Help me Iran.

Querubina: um balão!

Etelvina: para festejar São Peter Lessman!

Querubina: é meu!

Malvina: é meu!

Rodrigo Contrera: esse blog não tá no script! Esse blog é uma armadilha, como as conversas de blog, que saem abrindo janelas (subitamente ele ergue um cartaz onde se lê SEM ASSUNTO).

(O balão desce, pousa. É um grupo de balões coloridos com uma cadeirinha, de onde ergue-se o Padre Adelir).

Padre Adelir (com sotaque paranaense): Alguém aí sabe operar GPS?

Surpresa. Silêncio.

O Padre Adelir: Deus do Céu!

Pano.

Nenhum comentário: