Oswald Thomas voltou a dirigir uma peça da Companhia do Estado ontem, na minissérie Som e Fúria.
Ontem pude, pela primeira vez desde que a minissérie começou, observar a referência a alguns estilemas de José Celso Martinez Corrêa. Quando Oswald Thomas voltou, Dante exigiu a ele um Romeu e Julieta sem cavalos cagando nem "carne apodrecida atirada na platéia". Ora, as peças de José Celso ficaram famosas por levarem ao palco pedaços de carne como elemento utilizado para compor a dramaticidade da cena. É famoso o artigo de Nelson Rodrigues gozando a encenação de Roda Viva, de Chico Buarque, em que um pedaço do fígado do protagonista/cantor de música popular espirrava sangue no olho de uma grã-fina.
Outro episódio dramático foi quando, nos anos 90, Jorge Coli, colunista da Folha, criticou Zé Celso por insistir na carne crua no palco, dizendo-o redundante, velho, ultrapassado, datado, "sessenta". Zé Celso respondeu com dureza: "Os fãs de hoje são os linchadores de amanhã".
Oswald Thomas decidiu, então, dirigir Romeu e Julieta. Entre muitas palavras em alemão, ele estava fazendo, ontem, um exercício cênico com dois atores: ela representava Romeu e ele, Julieta. Os atores ficaram incomodados com a situação, tal qual o Sérgio Britto comentou ter ficado em uma peça dirigida por Thomas em uma entrevista com Fabiana Gugli. O ator que interpretava Romeu disse ter ficado satisfeito com essa fantasia, mas atriz ficou desnorteada e questionou a direção de Oswald. O diretor, logo em seguida, disse que a troca de gêneros era muito importante e faria-os pensar mais sobre muitas coisas. O Romeu e a Julieta acabaram procurando Dante para serem, enfim, dirigidos; Dante consegue até heterossexualizar o até então vacilante Romeu. Vejam aí cenas da entrevista onde Sérgio Britto comenta com Fabi Gugli procedimentos semelhantes aos mostrados na minissérie Som e Fúria com a Fabi:
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