Nunca imaginei que, algum dia, o poeta e ensaísta Antônio Cícero se mostraria mais reacionário do que...Reinaldo Azevedo! Marcelo Coelho está certo quando coloca RA como sendo um parâmetro: "até ele..."
Pois, ora vejam, Reinaldo não é contra a proibição da burca! Até ele sabe que esse tipo de proibição é contraproducente, é bobagem. Ele não é um pessimista sombrio, como insinuou o Marcelo Coelho. Ele gira, gira e tenta nos convencer que o estado atual das coisas é o melhor possível. É o Pangloss pós-moderno, não tão otimista, portanto. Pangloss agora precisa combater; não basta o conformismo, é preciso ser crítico.
Comecei a ler O Mundo Desde o Fim, por recomendação de Caetano Veloso, mas realmente ele é o extremo oposto de José Agrippino de Paula, que queria viver a obra de Oswald de Andrade. Ora, não posso viver Serafim Ponte Grande. Como seria isso? Vou a uma palestra na Flip e tentar enrabar alguém lá chamando-o de "Pinto Calçudo?" Vou peidar e dizer que meu blog acabou, que saí do blog? Tentar viver a arte seria algo próximo do fim da razão, da loucura mesmo.
Cicero não quer viver a arte, quer trazer as luzes do Iluminismo para todos os âmbitos: arte, principalmente. Ele teoriza com poesias logocentricamente, sem teoria da literatura, com silogismos. Há algum tempo li As Razões do Iluminismo do Roaunet, mas logo vi que estava diante de um "dono da razão". Quem discorda do absoluto acaba virando irracionalista.
O Mundo Desde o Fim me pareceu um texto que precisava de uma metáfora como a da minhoca. A minhoca não tem fim. A boca e o ânus se assemelham. Antonio Cicero pode estar começando antropofagicamente por abocanhar a modernidade, mas pode também estar absolutizando a razão, no momento mesmo em que ela serve para Auschwitz, o Gulag, os atentados contra as Torres Gêmeas. Ou pelo menos um tipo de razão, a instrumental. Mas não vi nada de cisão nas teorias de Cícero. Não. A razão é absoluta, é dogma.
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