Sim, o personagem de Oswald Thomas saiu de cena essa semana e Dante assumiu o posto de diretor da Companhia.
Curiosamente, quando ele estava saindo Dante lhe perguntou se agora ele ia montar uma peça sobre cavalos em Viena (eu pergunto: que tal se ele montasse o Homem e o Cavalo, de Oswald de Andrade?) Aliás, segundo uma entrevista na Revista Questão de Crítica, foi justamente na Áustria onde Gerald Thomas passou pela bizarra experiência de ser demitido de uma ópera, mesmo já tendo trabalhado dois meses.
Curiosamente, a peça de Shakespeare que Oswald Thomas montou com um cavalo cagando (Tito Andrônico, uma das tragédias mais sangrentas de Shakespeare) tem também dois Lúcios, Lúcio pai e filho. Tal como a blognovela de Gerald Thomas, que também teve uma fala de um Lúcio... Senão vejamos:
OSWALD DE ANDRADE (A MORTA)
HIEROFANTE: Senhoras, senhores, eu sou um pedaço de personagem, perdido no teatro. Sou a moral.
Antigamente a moralidade aparecia no fim das fábulas. Hoje ela precisa se destacar no princípio, a fim de que a polícia garanta o espetáculo. E se estiole o ríctus imperdoável das galerias.
Permanecerei fiel aos meus propósitos até o fim da peça. E solidário com a vossa compreensão de classe.
Coisas importantes nesta farsa ficam a cargo do cenário de que fazeis parte.
Estamos nas ruínas misturadas de um mundo.
Os personagens não são unidos quando isolados. Em ação são coletivos. Como nos terremotos de vosso próprio domicílio ou em mais vastas penitenciárias, assistireis o indivíduo em fatias e vê-lo-eis social ou telúrico.
Vossa imaginação terá que quebrar tumultos para satisfazer as exigências da bilheteria
.Nosso bando precatório é esfomeado e humano como uma trupe de Shakespeare. Precisa de vossa corte. Não vos retireis das cadeiras horrorizados com a vossa autópsia.
Consolai-vos em ter dentro de vós um pequeno poeta e uma grande alma!
Sede alinhados e cínicos quando atingirdes o fim de vosso próprio banquete desagradável.
Como os loucos, nos comoveremos por vossas controvérsias.
Vamos, começai!
Também, só por curiosidade, transcrevo uma fala do meu "hormônio", filho de Titus Andronicus:
LÚCIO — Dos prisioneiros godos entregai-nos o de mais alto brio, porque os membros lhe decepemos e, num monte, as carnes sacrifiquemos ad manes fratrum ante a prisão terrena de seus ossos, porque acalmadas fiquem logo as sombras, sem que na terra venham perseguir-nos, depois, os seus espectros.
Amo tudo isso: antropofagia. Ezir-stencialismo.
A minissérie Som e Fúria terminou esculhambando com Oswald/Gerald Thomas. Mas por que? Por que? Minha hipótese: parte da classe artística carioca tem uma rivalidade com ele e gostaria de vê-lo se estrepar. E o motivo? Ele "odeia o teatro"? Não! Porque ele não faz propaganda do teatro carioca internacionalmente. Essa parcela da classe teatral carioca (a quem a minissérie quis conquistar com essa caricatura) guarda ressentimento de Gerald, considerando-o um filho ingrato.
2 comentários:
opa
a serie clonada pela globo é boa . o original é bom . bem melhor que o clone de '' donas de casa desesperadas '' meio brasileiras meio argentinas clonadas pela rede tv em 2007 .
mas acho que ocorre tipo a sindrome de '' maysa '' , que para mim detonou com o mito . enquanto '' seres humanos '' a classe teatral , pela minissérie , é bem escrotinha .
Lúcio,não encontrei su perfil no twitter de jeito nenhum.Me diz com qual nome usted está lá direitinho.Não entendi nada esse negócio de Eduardo Contreras(rs).Um abração.
Postar um comentário