quarta-feira, 8 de julho de 2009

Começou o Som e a Fúria

Achei os diálogos e as situações da minissérie criativas. Gostei da contraposição entre o diretor pobre e que faz escândalo para aparecer na mídia, mas que dirige com som e fúria A Tempestade num teatro caindo aos pedaços, enquanto um outro, totalmente bola murcha, monta um soporífero Winter´s Tale de luxo e tédio no Teatro Municipal. Bárbaro, o crítico, diz do espetáculo que ele é ótimo, " um calmante para relaxar as pessoas".

Se Meirelles fosse mais imaginativo e citasse mais, o personagem de Daniel de Oliveira iria adaptar A Tempestade em um aeroporto. A série mesmo é adaptação da série canadense Strings and Arrows. Ele verteu boa parte dessa série e isso apareceu nos créditos.

Algumas piadas fazem sentido para o pessoal de teatro: o nome do crítico é "Bárbaro". Um dos pontos que geraram a briga entre os diretores que protagonizam a série foi a relação com uma tal "Ellen". A insistência na loucura de Daniel de Oliveira é também um ponto muito curioso: ele, como se fosse um Julian Beck na peça dirigida por Gerald, num lance metateatral, enlouqueceu em Hamlet e agora está ouvindo a voz do diretor fantasma a atormentá-lo.

Achei que Daniel de Oliveira e Pedro Paulo Rangel brilharam nesse primeiro episódio e Regina Casé ficou apagadinha. O que mais gostei foram os discursos impróprios do empresário que patrocinou o Shakespeare, assim como o discurso do pastor evangélico.

O empresário citou Macbeth errado e a famosa citação ficou parecendo dizer que a vida é uma sucessão de besteiras e o teatro não significa nada. Depois, ficou falando sobre o quadro que a filha pintou com um pônei no telhado. O pônei no telhado, aproximou ele de maneira estapafúrdia, é como o Sonho de uma Noite de Verão que ele estava apoiando, acessível "para os pobres".


Já o pastor evangélico fez um discurso onde disse algo que Francis também disse sobre os gays. Algo como: eu não odeio os gays, odeio o que eles fazem. Eu me lembro de ter lido na coluna do Francis: tenho amigos gays, mas preferia que não praticassem. O desespero do público e dos atores da companhia para frear o ímpeto do idiota discursando apaixonado (que se liga com um diálogo maravilhoso do Macbeth que Daniel de Oliveira interpretou de forma emocionante) foi o ponto alto da minissérie até agora. Veremos o que vem por aí.

Uma definição de teatro, por parte do Oliveira, personagem do Pedro Paulo Rangel: "teatro é a arte de fazer as pessoas ficarem sem tossir durante um tempão".

2 comentários:

jamesp. disse...

Lúcio,Paulo Francis o brilhante reacionário,deu muitos foras como esse.A minisérie parece ter vinda de um outro planeta,dada a horrível qualidade atual da tv aberta.É uma lufada de ar puro,um biscoito fino.
Abraços,meu caro.

Henrique Hemidio disse...

Será q se eu marcar lá na porta do municipal eu tiro uma foto com o Meirelles?
hehe