quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Carta de Pedro Maciel

Caro Lúcio,
obrigado pelo generoso retorno.
O seu comentário é muito oportuno e bem-vindo.
Oswaldo inaugura a modernidade brasileira. É, talvez, o primeiro a
ter 'saudades do futuro', como gostava dizer Gide.
Lancei recentemente o romance "A Hora dos Náufragos", Ed. Bertrand Brasil.
Gostaria de tê-lo como leitor. Para mim, o leitor é mais importante do que o autor.
Segundo o poeta e tradutor Ivo Barroso, "Pedro Maciel nos faz acreditar na possibilidade de que a literatura brasileira possa ainda nos apresentar alguma coisa de novo que, curiosamente, remonta à própria arte de escrever: o estilo. Seu livro "A Hora dos Náufragos" nos perturba pela força de sua linguagem. O que há de mais próximo desse livro seriam os famosos "fusées" de Baudelaire".

abraçosempre,
Pedro Maciel

PS: os sites www.cronopios.com.br www.digestivocultural , entre outros, apenas reproduzem os meus brevíssimos ensaios que os editores de jornais 'achavam' ser resenhas. Publiquei também entrevistas com personagens que admirava. Comentava só livros que gostaria de ter escrito. Mas desde o ano de 2002 que voltei-me totalmente para a literatura. Há uma fala do meu personagem em "A Hora dos Náufragos" que diz o seguinte: 'Sinto-me profundamente na superfície'. Era assim que eu me sentia quando exercia o jornalismo. O jornalismo é bom pra o escritor mas ele tem que saber a hora de parar.

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BLOG: Entrevista com Haroldo de Campos

26/8/2008 18:00:08


Oi, Pedro! Gostei da entrevista, interessei-me especialmente pela parte que trata do Oswald. Acho que o esquecimento dele é parte disso. Tem uma frase dele que entraria no Beco do Escarro que diz: "Eu não espero mais as glórias". Estou preparando um novo artigo, pois tenho em mãos alguns fragmentos de Beco do Escarro que permanecem inéditos.
No final da vida dele, o momento político e artístico era de refluxo para o neoclassicismo e de opção clara entre capitalismo conservador e ditadura do proletariado: ele nunca recuou e jamais optou. Ao continuar de vanguarda -- essa é a tese que estou fazendo, Marco Zero ainda é fortemente de vanguarda, nem sequer tem um protagonista definido e foi concebido a partir de uma reflexão sobre Joyce -- Oswald não recebeu as glórias que um escritor em fim de carreira costuma receber: reedição de seus livros, entrevistas, adaptações, tudo o que um Ariano Suassuna teve, por exemplo.
Abraços do Lúcio Jr.

Lúcio Jr | lucio@bdonline.com.br

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