sexta-feira, 15 de agosto de 2008

A Grande Mentira





Quando Robert Stevens tornou-se o primeiro americano morto pelos ataques do Anthrax, em 2001, eu estava em Miami no funeral de meu pai. Stevens trabalhava na National Enquire em Boca Raton, um pouco mais ao norte, mas minha mulher, na Itália, achava que eu estava muito próximo do local. Falando com ela, pelo telefone, eu lhe disse que não tinha o menor perigo, mas ela queria que eu voltasse pra casa o mais cedo possível.

As cartas com anthrax, que tinham sido enviadas pelo correio a dois senadores democratas, a um famoso jornalista da TV e ao National Enquirer, assustaram muita gente nos Estados Unidos. Enviadas apenas duas semanas depois dos atentados de 11 de setembro, elas pareciam confirmar a idéia de que o terrorismo tinha chegado à América para ficar. De fato, como Glenn Greenwald escreve convincentemente em seu blog Salon.com, http://www.salon.com/opinion/greenwald/2008/08/01/anthrax/index.html, talvez os ataques com o Anthrax tenham sido mais importantes do que os atentados às torres gêmeas e ao Pentágono para garantir o apoio popular à “Guerra contra o terror”, da administração Bush e sua eventual invasão do Iraque.

Logo após a morte de Steven, fontes do governo vazaram a informação à rede de TV ABC News sobre uma provável conexão entre os ataques e o governo do Iraque, dizendo que “os testes iniciais com o anthrax pelo Exército dos EUA em Fort Detrick, Maryland, detectaram vestígios de aditivos químicos de bentonite e sílica. "Betonite era o elemento que faltava para associar o anthrax ao programa de armas biológicas do Iraque, do tipo "prova irrefutável" que, de acordo com o falecido Peter Jennings, âncora da ABC, a administração Bush estava procurando, em parte, ele explicou "porque houve muita pressão sobre a administração Bush dentro e fora para ir atrás de Saddam Hussein."

Que é exatamente, como todos sabem, o que os Neocons fizeram. Eles foram atrás de Saddam, matando centenas de milhares de civis iraquianos e destruindo com eficiência o país. Procurar as "armas de destruição em massa" de Hussein foi uma das principais razões invocadas para a nossa blitzkrieg preventiva. As armas, é claro, nunca foram encontradas, mas não importa, a alegação de que o ditador iraquiano estava por trás das cartas com anthrax e que ele ainda tinha um enorme arsenal de horrores químicos e biológicos à espera de serem utilizados contra outros inocentes americanos era mais que suficiente.

O que muitas gente não sabia àquela altura, e provavelmente ainda não tenham consciência, é que nunca foi feito qualquer teste em Ft. Detrick mostrando a presença de betonite nas cartas com anthrax. A ABC News finalmente admitiu o erro em 2007, mas não indicaram quem do governo havia passado a informação falsa. Eles disseram que tinham que "proteger as suas fontes", mas, na realidade, eles continuaram a encobrir uma das muitas mentiras lançada por esta administração num period em que a opinião pública americana estava extremamente vulnerável.

Pior ainda, o recente suicídio na terça-feira de Bruce E. Ivins, um respeitado do anthrax em Ft. Detrick, confirma aquilo que muitos suspeitavam há muito tempo, que as cartas com anthrax não têm nada a ver com o terrorismo islâmico, mas que elas saíram dos próprios laboratórios de pesquisas de armas químicas do Exército. Ivins se matou logo após saber que ele seria indiciado pelo FBI como responsável pelas cinco mortes decorrentes dos ataques com anthrax. O FBI estava certo, embora depois de sete anos, que tinha encontrado o seu homem.

Greenwald em seu blog liga os pontos: as cartas foram enviadas por um pesquisador de anthrax do governo, houve uma intenção clara de ligar as cartas aos ataques ao fundamentalismo islâmico, a ABC News deu a falsa informação vazada por fontes do governo ligando as cartas a Saddam Hussein, a administração Bush repetidamente utilizou este "link" para conquistar o apoio popular para a sua invasão do Iraque nos meses que antecederam a março de 2003.

Eu diria que os fatos falam por si.

THE BIG LIE

When Robert Stevens became the first confirmed death in the American Anthrax attacks of 2001, I was still in Miami attending my father’s funeral. Stevens had worked at the National Enquirer’s offices in Boca Raton, just up the coast from where I staying, and my wife, back in Italy, thought that was a little too close for comfort. Talking to her over the phone I told her that I didn’t think that I was in any danger, but she wanted me home and the sooner the better.

The Anthrax Letters, which had been mailed to two high ranking Democratic senators, a prominent TV journalist and the National Enquirer, were spook ing a lot of people in the States. Coming just two weeks after September 11th, they seemed to confirm the idea terrorism was in America to stay. Indeed, as Glenn Greenwald convincingly writes in his blog on Salon.com, http://www.salon.com/opinion/greenwald/2008/08/01/anthrax/index.html , the Anthrax attacks were perhaps even more important in securing popular support for the Bush Administration’s “War on terror” and its eventual invasion of Iraq than the suicide attacks on the Twin Towers and the Pentagon had been.

Soon after Steven’s death, sources inside the US government were leaking information to ABC news about a probable connection between the attacks and the government of Iraq, saying that “initial tests on the anthrax by the US Army at Fort Detrick, Maryland, have detected trace amounts of the chemical additives bentonite and silica.” Bentonite was a signature element closely associated with the Iraqi bio-weapons program and the kind of “smoking gun” that according to the late ABC anchorman Peter Jennings the Bush administration was looking for, in part, he explained “because there's been a lot of pressure on the Bush administration inside and out to go after Saddam Hussein.”

Which is exactly, as everyone knows, what the Neocons did. They went after Saddam, killing hundreds of thousands of Iraqi civilians and effectively destroying the country. Searching for Hussein’s biological “weapons of mass destruction” was one of the primary reasons given for our preventive blitzkrieg. The weapons, of course, were never found, but it didn’t matter, the claim that the Iraqi dictator was behind the anthrax letters and that he still had enormous stockpiles of chemical and biological horrors that were just waiting to be used on other innocent Americans was more than enough.

What many people didn’t know at the time, and are probably still unaware of, is that there were never any tests done at Ft. Detrick showing the presence of betonite in the anthrax letters. ABC news finally admitted as much in 2007, but they won’t budge when it comes to naming those in the government who had given them the false information in the first place. They say they are “protecting their sources” but in fact are just continuing their cover-up of one of the many lies floated by this administration over an extremely gullible American public.

Worse still, the recent suicide on Tuesday of Bruce E. Ivins, a top anthrax researcher at Ft. Detrick, confirms what many have suspected for a long time, that not only did the anthrax letters have nothing to do with Islamic terrorism, but that they came from the Army’s own bio-weapons research facility. Ivins killed himself soon after he was told by the FBI that he would be indicted on five accounts of murder stemming from the anthrax attacks. The FBI was sure, albeit after seven years, that they had found their man.

Greenwald in his blog connects the dots: the letters were sent by a top government anthrax researcher, there was a clear intent in the letters to link the attacks to Islamic fundamentalism, ABC news was given false information by government sources linking the anthrax used in the letters to Saddam Hussein, the Bush administration repeatedly used this “link” to ramp up public support for its invasion of Iraq in the months prior to March, 2003.

I’d say the facts speak for themselves.

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