uesday, August 05, 2008
Ensaio: Salinger, vida e obra
autoria: Denny Yang
Jerome Delano Salinger, escritor, Nova Iorquino de uma familia mais ou menos abastada de Manhattan, ao que me lembro descendente de irlandeses. Muitas historias contam a seu erspeito - ou mito - principalmente por ter se isolado, depois do sucesso da publicacao de O apanhador no campo de centeio, em torno dos 30 anos, para uma cidadezinha no interior do Estados Unidos, com poucos habitantes, habitando uma casa escondida.
Escreveu contos para a revista New Yorker, no inicio de sua carreira, e desde cedo, antes da publicacao de seu primeiro romance - que dizia ja' estar sendo formulado mentalmente quando estava na Europa, lutando na Segunda Guerra Mundial - achava que seria o sucessor de Hemingway, na tradicao dos classicos literarios americanos. Na Guerra, participou de famosa batalha, onde, segundo dizem, perdeu todos os seus colegas nessa batalha.
So' no sue regresso para os Estados Unidos que publicou O apanhador no campo de centeio, cujo titulo e' baseado numa cancao-cantiga, de alguem que esta' no campo e "apanha" criancas caindo do campo de centeio. Muitas teorias se fundaram a esse respeito, como se o proprio Salinger, por exemplo, quisesse ser esse "apanhador" ou "salvador" de criancas com seu livro, um livro que mostra um adolescente excepcionalmente inteligente e ao mesmo tempo que rebelde, que num dia de surto, perambula pelas ruas de Manhattan.
Ficou celebre o caso em que esse livro foi encontrado junto com o assassino de John Lennon, que o segurava em suas maos - ou foi encontrado esse livro em sua casa, algo do genero.
Sua segunda obra, Franny and Zooey, ja' esboca o comeco de seu envolvimento com a familia Glass, e a sua saga conseguinte. Comeca ja' a aparecer muitos toques de orientalismo, coisa que, segundo os biografos - todos nao-autorizados - ele pratica com frequencia, entre outras, zen-budismo, meditacao etc., o que para os anos 60 era algo de extrema vanguarda, numa epoca hippie - ou no comeco dela -, de revolucao sexual, de feminismo e de busca de novidades nos Estados Unidos. Dois irmaos sao retratados com detalhes, um, Zooey, o irmao mais novo da familia Glass, um jovem igualmente inteligente como Holden Caufield, o personagem de O apanhador, que e' ator teatral, com a irma Franny, que aparentemente teve um surto ou um colapso nervoso, logo no comeco do livro, e o livro inteiro esta' as voltas com um livo... oriental que ela estava lendo e carregando consigo, em sua bolsa. A senhora Glass, mae dos garotos, tambem e' impecavel no livro, uma familia literalmente de excentricos, e e' irlandesa, talvez igualmente como o autor de Franny and Zooey. Apresenta, tambem, os ourtos personagens da familia Glass, como Seymour, o irmao mais velho, e Buddy, o irmao gemeo do meio.
Seymour, por sinal, sera' mais bem retratado por Salinger no livro "Seymour, an Introduction", e o seu tema principal ligado a esse intelectual ( o personagem) que da' muito valor aos classicos e ao orientalismo e' justamente o suicidio. Este ato sera' bem retratado no unico livro de contos de Salinger publicado, chamado Nove Historias, no conto "Um dia perfeito para os banana-fish", um livro cujo conto mais emocionante e' "Para Esme', com amor e ternura" - conto cujo tema e' um jovem rapaz que encontra uma menina num cafe', em meio a Guerra, e voltando para casa, anos depois, escreve uma carta, cujo conto pode ate' ser interpretado como sendo a propria carta.
Ainda, no final dos anos 90, no site da Amazon dizia que estava para "to be released" um novo livro de Salinger, publicado ha' muito numa revista americana, uma novela curta chamada "Hapsworth, 1924", que nunca foi publicada. E, dos publicados, ainad tem "Carpinteiros, levantem bem alto a cumeeira", editado depois dos anos 200, apenas, em portugues, pela Companhia das Letras.
Mas se atendo nao ao literario, e sim ao mito que foi criado em torno do escritor... Talvez foi Ian Hamilton quem melhor descobriu algumas coisas, ou definiu a lenda de Salinger, em seu livro nao-autorizado ( Salinger ganhou na Corte americana a nao-publicacao do livro), mas que nos anos 90 a Folha, na Ilustrada, publicava alguns excertos do livro, se chamava In search for Salinger, uma alusao talvez a In search of lost time. Dizia, entre outras, na Folha, e a banda de Lisa Loeb se chamava Nine Stories justamente como homenagem ao livro dele - ela que havia estudado literatura na Brown University - e que Franny and Zooey e' citado no filme Annie Hall, quando o personagem interpretado por Woody Allen vai separar de Annie Hall.
Dizia, entre outras, que tinha um cofre do tamanho de uma sala, com seus manuscritos, que escrevia sempre, mas nao publicava, que anualmente uma legiao de fas procuravam-no, sem sucesso, ou quando descobriam onde era sua casa, deixavam flores la', ou descrevia as historias de como Salinger evitava qualquer entrevista, e chegava a atirar pedras em jornalistas, do alto de sua casa... mas a biografia mais fiel talvez tenha sido feita por Joyec Maynard, ex-amante de Salinger e escritora uqe, no final de sua adolescencia, publicou um artigo no New York Times, chamando a atencao do escritor.
Confirma, no livro que publicou e que no Brasil se chama "Abandonada no campo de centeio", as historias de meditacao, zen-budismo, macrobiotica, que escrevia todos os dias, da legiao de fas etc.... tudo, porem, nao deixa de responder a pergunta mais intrigante de sua "persona": porque desapareceu do mapa? Porque nunca deixou ser fotografado, deu entrevistas, e sumiu para uma cidade no meio do nada? E porque, afinald e contas, mesmo evitando a fama e o suceso, ele se tornou ainda mais famoso e bem sucedido?
Tenho apenas teorias, hipoteses... uma e' que foi o trauma da Segunda Guerra... outro, o sucesso muito rapido, com apenas 30 e poucos anos... outra, uma critica da fama e da cultura de celebridade, usando o seu silencio... outra, o desprendimento quanto as questoes materiais, ja' que virara quase um semi-mestre-zen... nao importa. Continua fascinando muita gente, os seus livros, e outra hipotese, para falar a verdade, e' justamente o seu amor pela literatura e sua fidelidade a ela... acreditava Salinger que um livro deve ser lido separadamente da biografia do autor, ninguem deveria associar a obra com a vida, e assim ele, o leitor, conseguiria apreciar um livor quanto a sua pureza, simplesmente, literariamente, somente. Talvez fosse isso que esse escritor propunha. Ou, apenas e' uma itnerpretacao baseada na aura da figura "pura" que ele criou como sua imagem. Uma imagem que 'e, no minimo, intrigante e misteriosa, e que nao deixa de valer uma mencao honrosa nesse blog, cujo nome e' justamenet uma homenagem a seu desprendimento e amor pela literatura A casa da colina...
Um comentário:
oi Lucio, gostou do ensaio, gosta de salinger?
um abraco,
Denny
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