Capítulo 6: “Círculos” & “Sapateado”
(Entra
Lúcio: Alguém perguntou pela peça, pelo diretor, não foi? Eu sou um autor implícito aqui, mas essa é obra de acaso total. Não é a obra de arte total do Wagner. Eu arranquei peças e frases de textos esquecidos de um grupo de amigos meus, os sarapatetas. Eles nem ligaram e eu os transformei em bonecos inanimados. Schweitzer me escreveu perguntando de onde é que eu tirei aquela frase que postei aqui no começo da blognovela. Ele ficou um pouco assustado, perguntando se tinha dito aquela asneira. Claro que não falou, eu achei ele simpático e bem informado na entrevista que ele fez com vc no Táxi em Movimento e que está no Youtube. Só acho que o humor não pode estar imposto na pergunta, tem que rolar naturalmente na entrevista, pois assim é melhor.
A frase era algo como “Nietzsche é amigo do Otávio de Carvalho, é viado ou garanhão”? Pedi desculpas ao Schweitzer por ter inventado essa frase e “psicografado” ele aqui no blog. O fato é que do Olavo de Carvalho eu não gosto. Quanto à blognovela: vale Lenin sim, desde que seja uma referência à peça dele (Stoppard) que tinha o Lenin com o Tzara na Suíça, não sei se era Jumpers.Eu quero morrer na blognovela gritando: meu nome é o mesmo do Nero: Lúcio Domício Enobardo. Mate-me Gerald. Onde você estava quando caiu o Muro de Berlim?
Clown de Oswald: bati uma punheta.
Eu: e quando ocorreu a crise argentina e russa nos anos 90?
Clown: cat´s craddle.
Eu: e quando soube que Sontag montou Esperando Godot em Sarajevo?
Clown: mas-tur-ba-ción
Eu (gritando): e no 11 eleven, 2001?
Clown: quis montar a peça de Roberto Schwarz, A Lata de Lixo da História…Ou senão….bronha!
Lúcio: Talvez o Jango tenha sido assassinado. Allende. Ambos, se lutassem, seria para fazerem do Brasil e do Chile um, dois, três Vietnãs, nada menos. Essa barra não aguentaram segurar. Não acho que seja questão de cojones. Era questão de ir contra a própria natureza, a própria índole mesmo. Mesmo assim, prefiro a atitude final de Allende, afundando com o barco. Dizem que Jango se arrependeu de ter deixado o barco sem luta. Desapareceu na memória popular. Como a peça de Glauber: Jango, o Presidente que o Povo Comeu. Glauber se comparava com Jango: "todo mundo me traiu!" Realmente, Jango foi traído por Deus e mundo. Mas uma frase me chamou a atenção ontem: duas gêmeas estão atuando
O Jô achou essa frase “Nelson Rodrigues puro”. Eu prefiro on the rocks. Por que não a mais clean: “ontem quase me deflorei com o desentupidor de pia!” Ou, quem sabe, uma versão gastronômica: “Amanhã de manhã você vai acordar outro pepino na feira…” Quem sabe eu dirija/transcrie uma peça teatral de Machado de Assis, que tal? Qualquer coisa que você colocar vai deixar a crítica perdidinha, pois ninguém conhece o teatro do Machadão, rá-rá-rá!
Francinny: Vc pergunta quem e o diretor,não temos diretor nossas historias são dirigidas por nós, nada de diretores, somos livres mesmo não que não vivemos em um país livre, mas temos a alma livre de tudo e todos,não quero ser um boneco grotesco que toma Prozac, quero ser livre não quero sapatear, ou falar o que todo mundo quer, eu queria vomitar na hipocresia do mundo mas não posso. Na verdade não fui procurar um livro fui procurar ser livre, Lucio tudo e uma loucura a vida e uma loucura, mas eu queria viver em um conto como os de Poe, vamos escrever um conto louco, para os loucos da vida moderna que tenha eu , vc Rodrigo Contrera, Corvo e mais outros loucos Ola para Corvo eu mandaria o retrato Oval eu achei, e a historia de um pintor que com o seu perfeccionismo, para com o retrato da esposa aos poucos em que ele coloria a tela, tirava a cor de sua esposa, e ao fim o retrato ficou perfeita, mas ele nem notou que ela morreu diante dos seus olhos, e isso está acontecendo diante de nós, estou vendo o diretor G.T. morrer diante de nós pois está impondo seu modo de vida, está trepudiando e sapateando diante das nossas criticas mediocres, achando que a razão e só dele como o Pintor diante da sua obra
Lúcio: Parte da minha família mora em Goldensbridge, são três tios que trabalham com um milionário, Mr. Max. Inclusive mamãe já foi lá: avisei-a para procurar algo off-broadway. Vou dar o toque do
Fantasma de Maura Lopes Cançado: Eu nao frequentava obrigatoriamente o pátio. Á tarde, quando eu ia lá, pedia-lhe para cantar a ária da Bohéme, Valsa da Museta. Dona Georgiana recortada no meio do pátio, cantava — e era de doer o coração. As dementes, descalças e rasgadas, paravam em surpresa, rindo bonito em silêncio, os rostos transformados. Outras, sentadas no chão úmido, avançavam as faces inundadas de presença –elas que eram tão distantes. Os rostos fulgiam, por instantes, irisados e indestrutíveis. Me deixava imóvel, as lágrimas cegando-me. Dona Georgiana cantava: chia de graça, os olhos azuis sorrindo, aquele passado tão presente, ela que fora, ela que era, se elevando na limpidez das notas, minhas lágrimas descendo caladas, o pátio de mulheres existindo em dor e beleza. A beleza terríffica que Puccini não alcançou: uma mulher descalça, suja, gasta, louca, e as notas saindo-lhe em tragicidade difícil e bela demais — para existir fora de um hospício.
Rússia (tem a cara da Flora, Cláudia Raia): eu fingi de mortinha, de boazinha. A Ossétia é MINHA!
Ossétia (Lara, Mariana Ximenes, dividida): MAAAAE!
Geórgia (tem a cara da Patrícia Pillar, digo, da Flora): Você não é filha dela, Ossétia! Vocé é minha, filha! MINHA FILHA!
(Cai o pano. Trevas).
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