quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Blognovela Penetrália, Capítulo 5

Blognovela Penetrália, capítulo 5: O PONTO G, DE GERALD

(Lúcio recolhe todos os bonecos e recolhe-os dentro de sacos pretos de plástico, com destino ao lixo. Recolhe também os restos da Talk-box de Marcos Xavier. Ele está com um rosto sério, concentrado. Ele recolhe do lixo folhas soltas, com anotações de falas de um amigo como a que fechou o capítulo acima).

Francinny Chequer: Oi, eu queria dar um conto de Poe para o Corvo, você tem? Aliás, quem dirige essa blognovela, Gerald Thomas?

Lúcio (deixando os sacos plásticos a um canto e voltando-se para ela): Não, não tem diretor não. É um processo sem sujeito. Ela seria bem melhor se fosse dirigida pelo Gerald! Mas aqui cada um chega e se dirige. O blog é self-service. Aliás, soube que o grupo teatral dele abandonou-o em Trinidad e Tobago. Depois disso, ele despediu-se à la Humprey Bogart em Casablanca e nunca mais o vi. Ouvi dizer que São Paulo o está consumindo.

(De dentro de lixo, o boneco do Érico continua falando): Sampa de privada, bad trip...fumaça, poluição saindo da cuca do Lobo Prosa Sem Prozac...Seres humanos transformados em bonecos grotescos, estufados, quase informes, maquiados exageradamente, como que na antecipação de um solene funeral...Até mesmo seus olhos haviam sido substituídos por olhos de vidro, como se as vítimas fossem ursos pardos empalhados em um museu de história natural... O apelido medonho do assassino taxidermista invisível, “Assassino do Cofrinho de Porco”, surgiu com a vítima seguinte, um mês depois do segundo crime, quando o padrão das atrocidades se cristalizara; uma piada perversa que, de certa forma...Até te exclur do meu Orkut, Lúcio...

Lúcio (apertando o saco de lixo, voltando a sapatear): agora chega! Temos visita em casa!

Francinny: O que aconteceu?

Lúcio (sapateando, nervoso): Nada, nada, é só lixo, lixo. Velhos bonecos.

(O boneco de Érico): Gostaria de ensaiar, nessa pequena preleção, uma resposta às críticas que mentes obtusas e preconceituosas têm endereçado espalhafatosamente à minha pessoa. Notem bem: esses falastrões microcéfalos têm atacado antes a mim do que a minha obra, o que, de fato, comprova sua total incompetência argumentativa. Criticam-me por eu ser um cão. De fato, eu o sou...

Lúcio (dando uma vassourada no saco de lixo): Então, se é, pare de latir para a moça aqui!

(Francinny, no entanto, foi procurar um livro de Poe. Enquanto isso, entram em cena os personagens da propaganda do governo federal, mais Laerte Braga, Rio Maynart, Sandra, Guzik e Contrera, todos se limpando da lama que entrou no escritório):

Mário (personagem que tem uma abelha no ouvido): Me arruma um cigarro, porra!

João Paulo (chorando ao ouvir o celular): Estou irado com o governo do PT. Arrependi-me de ter votado em Lula, deveria ter votado no PSTU e não dado carta branca para o Lula fazer a política herdada de FHC. Rompi totalmente, rompi com tudo. Lula para mim é um ex-operário, atual burguês com mentalidade de novo rico mesmo, emergente. Não é à toa que Vera Loyola deu o colar de sua cachorra para o fome zero. Sua ascensão não quer dizer que o sistema de castas implodiu. Não. O sistema de classes continua, mas Lula o ignora, imerso em sua incompetência histórica e intelectual. Lula ignora que existem as perdas internacionais, está cego para o imperialismo no momento em que ele se faz mais claro. O que se pode esperar de alguém que autografa cartazes de protesto contra si mesmo e frangos de borracha? É o Mr. Magoo da esquerda. Quem dera essa falsa esquerda pelega ficasse cinqüenta anos fora do poder e em seu lugar nascesse uma esquerda trabalhista, nacionalista, intelectualizada, literária, varguista! (Chuif!) A invasão do Iraque foi um lance colonialista estilo século XIX. O motor foi o desejo do capital financeiro de se expandir, tendo como molas principais as empresas petrolíferas interessadas no butim. Com Saddam, nacionalista panarabista e nasserista, defensor da causa palestina, autoritário e guerreiro que fosse, as riquezas do Iraque permaneciam no país. Agora serão exportadas via remessa de lucro das multinacionais. Mas não tem grilo. Teremos mais quatro anos de paz e amor, dando vivas ao presidente da Volkswagen, não é bicho? Só que se depender de mim, vou lutar, protestar, criticar. Não vou deixar barato. E não me furto nem de criticar o PSTU, que lançou como candidato o repetitivo Zé Maria, um candidato com o perfil do Lula antigamente, no começo dos anos 80. Sabiam que Lênin detestava sindicalismo? O PT, já disse antes, é leninista sem Lênin. Eles fazem centralismo democrático, impedindo que militantes discordem da linha do comitê central, mas já não têm nada da capacidade teórica e prática do Lênin. O PT ficou com os defeitos do leninismo e sem as qualidades (chuif!). E outra. Zé Dirceu é um autoritário, equivocado desde sempre. No movimento estudantil de onde ele saiu acusavam Prestes e o PC de terem sido dos culpados pelo golpe de 64, atacavam Jango e rejeitavam a Frente Ampla, única possibilidade real de restaurar o poder civil no pós-64. Eles foram radicais e bem mais porraloucas que a Heloísa Helena, que é uma figura que só tenta manter uma coerência mínima para não se perder na geléia geral. Além do mais, Dirceu já está escolado nisso de ter duas caras, e isso seu auto-exílio já mostrou. Ele é uma das figuras de proa de um governo que também veio para acabar com a Era Vargas (chuif, chuif!).

Laerte Braga: Vargas, Vargas não. Ele foi o pai dos pobres e a mãe dos ricos. Concordo com quase tudo o que você disse, tá certo? Mas aqui em Juiz de Fora o PSOL está próximo do PTB. Existe um golpe em marcha contra Lula. Você precisa ser menos radical, olhar a correlação de forças. Precisamos criar as condições para fazer essas reivindicações.

O HEAUTONTIMOROUMENOS (um estranho fantasma que entra em cena, aparentemente saído dos bonecos dos sapatetas): Sou fantasma de mim sentado

No semblante sangüíneo que mostro,

Assusta-me passos postos

Ecoando horas de si.

Sinto-me assombrado de calma

De ser tantos e nenhum agora,

Empresto às almas que imploram

Longas asas de moscas mortas.

Decomponho a música posta

Em ossos que ao fim da festa

Sentirei talhados profundos, elefantes.

Mau Fonseca: Cá vim, em crises alérrgicas e renites e o diabo. Fui ler outros capitulos…Imaginei essa blognovela num palco, em dado momento juro que imaginei que Gerald faria uma releitura de Da Vinci - em a Ultima ceia - e colocaria todo elenco como os Apostolos e Gerald como o Cristo - judeu - sem pátria (essa renite me afoga) nao consigo dormir com a cabeça cheia

Fantasma de Oswald de Andrade: vomite a própria cabeça! pense em raul! coma-a e vomite-a! seja realmente antropofágico! coma a si mesmo! e vomite-se!

3 comentários:

Penetralia disse...

Fechado para o grupo?

Franciny Chequer disse...

Ola para Corvo eu mandaria o retrato Oval eu achei, e a historia de um pintor que com o seu perfeccionismo, para com o retrato da esposa aos poucos em que ele coloria a tela, tirava a cor de sua esposa, e ao fim o retrato ficou perfeita, mas ele nem notou que ela morreu diante dos seus olhos, e isso está acontecendo diante de nós, estou vendo o diretor G.T. morrer diante de nós pois está impondo seu modo de vida, está trepudiando e sapateando diante das nossas criticas mediocres, achando que a razão e só dele como o Pintor diante da sua obra

Franciny Chequer disse...

Vc pergunta quem e o diretor,não temos diretor nossas historias são dirigidas por nós, nada de diretores, somos livres mesmo não que não vivemos em um país livre, mas temos a alma livre de tudo e todos,não quero ser um boneco grotesco que toma Prozac, quero ser livre não quero sapatear, ou falar o que todo mundo quer,
eu queria vomitar na hipocresia do mundo mas não posso. Na verdade não fui procurar um livro fui procurar ser livre, Lucio tudo e uma loucura a vida e uma loucura, mas eu queria viver em um conto como os de Poe,
vamos escrever um conto louco, para os loucos da vida moderna que tenha eu , vc Rodrigo Contrera, Corvo e mais outros loucos