quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Cassandra´s Dream: Woody Allen X Bergman

Eu notei pelo menos uma curiosidade na nota abaixo: o diagnóstico é justamente o oposto ao que foi feito pelo Gerald Thomas em entrevista disponível no YouTube: esse Cassandra´s Dream seria somente um Murder Mystery fraco e Bergman seria muito melhor, mesmo quando passou do cinema para o teatro e parou de fazer filmes. Vou fazer o linque para a entrevista aqui e revê-la depois.


Cinema >>> O Sonho de Cassandra, de Woody Allen
A crítica ficou em cima do muro, ao avaliar O Sonho de Cassandra, último lançamento de Woody Allen (agora em DVD). De fato, o filme explora um pouco da estrutura já utilizada em Crimes e Pecados (1989) e em Match Point (2005), mas o desfecho, para os protagonistas, é mais trágico. Ewan McGregor (Guerra nas Estrelas) e Colin Farrell (Alexandre) são dois "perdedores" — como eles mesmos se definem — com dívidas ou sonhos de investimentos além de suas posses, mas com um tio bem-sucedido, Tom Wilkinson, que promete remediá-los socialmente. Em troca, porém, o tio exige, dos sobrinhos, que cometam um crime. Depois de se chocar, e relutar um pouco, aceitam, e terminam por realizar um serviço bem feito (sem deixar pistas). Um deles, contudo, jamais supera a culpa, deixando-se consumir por ela até o desfecho fatal. Admirador confesso de Dostoievski, Woody Allen já havia emulado Crime e Castigo (1866) em Crimes e Pecados; agora, no entanto, preferiu dividir Raskolnikov em dois e, na luta para entregar-se ou não à polícia, condená-lo(s), mais do que à prisão na Sibéria, à pena capital. E, se em Match Point uma história de amor precisa ser ocultada, por ser socialmente inconveniente, em O Sonho de Cassandra o pecado está em negócios ilícitos, um tema menos glamoroso e sem apelo para assalariados em forma de platéia. O longa, apesar da incompreensão da audiência, tem o seu charme, numa Londres igualmente contemporânea; vale pela trilha sonora eficientíssima de Philip Glass e pela reabilitação de McGregor; poderia, ainda, consolidar uma linha de "fitas de máfia", na prolífica carreira de Allen, mais convincente até — nas suas tentativas de ser sério — do que os pastiches de Bergman. Septuagenário, contudo, o realizador não tem mais tempo para descobrir, finalmente, se a tragédia pode ser mais profunda — e mais "obra-de-arte" — que a comédia. O Sonho de Cassandra, portanto, merece ser visto; pois, mais uma vez, esboçou esse enunciado; menos inocentemente que da última vez, em Melinda e Melinda (2004). [Comente esta Nota]
>>> O Sonho de Cassandra

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