Estranha Tribo: Uma Memória Familiar (sem tradução em português) (Strange Tribe, John Hemingwway, Lyon Press, 2007)
Neto de Ernest Hemingway, o autor trata dos efeitos perturbantes que a imagem de macho ideal de Hemingway tiveram sobre a imagem de seu pai e inevitavelmente sobre si mesmo. Ernest Hemingway cometeu suicídio. O pai do autor de Estranha Tribo, o filho mais novo de Ernest, Gregory, teve dificuldades com a identificação de gênero durante toda sua vida, tendo morrido no Centro Correcional Feminino de Miami em 2001. O autor foi atingido pelos traumas do avô e do pai. Por muito tempo, ele viveu sem raízes, livre como um vagabundo, numa vida exacerbada pelo irresponsável e instável pai, tentando preencher os vazios que seu pai suprimiu ou ignorou em sua própria vida. John Hemingway não conseguia finalizar e dar um tratamento adequado a esse passado deixado nas sombras pelo pai e avô, até que ele mesmo virou pai na Itália, tendo tido um filho com sua esposa Ornella em 2006. O leitor não foi avisado, no entanto, que todo aquele tumulto anterior estava ali para o bem.
A história dos Hemingway é mostrada em vinhetas ilustrativas, não numa narrativa intrincada onde se vai atrás de anormalidades de gênero dos personagens. O estilo é honesto, genuíno e envolvente. Hemingway não cai no sensacionalismo muito comum em memórias contemporâneas. O ato de escrever essas memórias tem indubitavelmente um efeito catártico para ele. Não se pode esquecer que ele a escreveu como uma contribuição singular para a lenda Hemingway e suas reverberações em diversas gerações da família.
O que não quer dizer que o pai de Gregory Hemingway não amasse o filho. Para John, quando menino, seu pai era um herói. Greg amava os filhos, sem dúvida. É difícil para qualquer um manter contato com um pai que pode estar bêbado, estar preso, divorciando-se ou andando pela cidade travestido. John e Greg ficaram anos sem ver um ao outro, assim como Greg, filho caçula de Ernest, passou anos sem ver o pai.
Crescer é duro o bastante quando você tem pais amáveis (que amam um ao outro), dinheiro suficiente para todos os confortos e nenhum vício ou doença na família. Então, imagine alguém crescendo na seguinte situação: sua mãe é esquizofrênica; seu pai é bipolar, um alcoólatra, um travesti que parcialmente mudou de sexo? A partir disso, John teve três novas madrastas depois do pai ter se divorciado de sua mãe. John Hemingway, nascido em 1960, irmão de Lorian, passou por tudo isso, tendo superado tudo para escrever suas memórias, Strange Tribe, uma saga da influência e dano que Ernest Hemingway, um dos maiores escritores americanos, teve em toda sua família e descendentes.
Nascer em família de famosos é ao mesmo tempo uma graça e uma maldição. Viver com a lenda de um dos mais famosos americanos do último século não é uma tarefa fácil, mas pode abrir portas. Muitos dos Hemingway se tornaram escritores, o que não é surpreendente. E alguns, como “Papa” e seu pai antes dele, cometeram suicídio.
Numa memória escrita por Gregory, Papa, a Personal Memoir (1976), ele escreveu sobre a morte de seu pai: “eu confesso que senti profundo alívio quando enterraram meu pai, e eu percebi que não mais iria desapontá-lo nem machucá-lo mais. A influência tanto de Greg quanto Ernest, avô que John jamais viu, ainda pesaram muito sobre a mente e o coração do jovem neto escritor.
Nessa fascinante memória, John com freqüência refere-se a seu pai e seu avô como dois lados da mesma moeda. Os dois eram bipolares, fascinados com sexo e androginia, casaram muitas vezes, tiveram filhos, eram escritores, claro que Greg escreveu muito menos. Assim, o pai de Ernest também era médico, Ernest era entendido em assuntos de medicina, e Greg virou um doutor (eventualmente perdeu sua licença para clinicar).
Para os estudiosos de Hemingway, esse livro traz novos segredos. Para o leitor comum de Hemingway, especialmente para quem estuda seu trabalho após um hiato e reapreciando o gênio do homem, esse livro é um choque, fascina e envolve.
Um comentário:
Prezado Lúcio Jr.: Como seu blog é variegado!Estas novas incursões na Literatura NORTE-AMERICANA pela mídia são coisa de pioneiros.
Lembro-me de ler contos do E. Hemingway na Universidade e adorar porque ele explorava o modo de vida DOS VIAJANTES OU pessoas-homens perambulando por aí, pelas ILHAS DA AMÉRICA CENTRAL E CARIBE.sÓ ele deu conta de CONTAR suas estórias provavelmente VIAGENS pela aquela região TODA DO EQUADOR.tEM UM conto que li e reli estudou mil vezes e me deu vontade de revê-lo, pelo reflexo do modo de ser de um HOMEM-FORASTEIRO.Como este tema- NÃO SEI PORQUÊ - sempre me meio infeitiçou de mistérios... então , imagina se não gostei de saber deste lIVRO.Mas meu encontro com o ERnest , PAI, foi muito feliz porque foi o prmeiro livro em inglês que ganhe de um namorado quando comecei um curso de inglês perto do Aeroporto de Congonhas. A minha história de aprender um glossário inteiro TERMOS DESCRIÇÕES DA PELE DO ROSTO DO HOMEM-PESCADOR-MARINHEIRO todo queimado de TANTO CALOR DO SOL ... e os efeitos do SOL , das temperaturas dos trópicos sobre ele ea relação do tempo de exposição ao sol e seu trabalho com os peixes, o pescar...acho que ele me fez tomarmar tanto sol quente a pico que tive que seguir aquela técnica de leitura com muitas palavras NOVAS, E FUI PASSANDO E DEIXANDO pra ver o significado depois.Mas, aprendi bem as MARCAS NO ROSTO DELE em inglês : frekles, wreckless, pimples, mouth, cheek to cheek, pomes.Foi bem FULL CONTACT pra mim uma adolescente do Brooklin. Tão grossso o livro-pocket!!! tive que vendê-lo um dia e me arrependi!Depois comecei a fazer uma pequena coleção de livrinhos lierários , mas acabei não o adquirindo. capa AZULLZONA LINDA!!!aH, ESSE VELHO E O MAR! tHE OLD MAM AND THE SEA!!!prefiro ESTAS MEMÓRIAS DELE como escritor.Me choquei quando vi numa enciclopédia que eles se atirou.TãoCHARMOSO E GALANTE!LIDAR COM OS VÍCIOS E DOMÁ-LOS DENTRO DE NÓS É UMA TRAVESSIA DE HUMILDADE, ANTES DE TUDO, E RENDIMENTO A VIDA! abraços da Ezir
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