segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Fábio Wanderley Reis na Minha Memória

Algumas postagens atrás surgiu o nome de Fábio Wanderley Reis, segundo Reinaldo Azevedo, agora um lulista. Eu estudei na mesma faculdade onde ele leciona, a Fafich-UFMG. Não sei se ele virou lulista. O fato é que antes tendia ao PSDB.

Ele deu uma entrevista há algum tempo para a TV Assembléia. Nela, curiosamente, ele explicava o Lula com o conceito de "populismo", velho conceito que em sociologia foi usado para explicar 1964, que seria o "colapso do populismo".

Na faculdade, diziam que o Bruno Wanderley Reis, filho do Fábio, é que era simpático. Li um texto dele numa revista em homenagem a um professor marxista, Luiz Bicalho. Bruno me pareceu simpático: será que ele é um petucano ou tucapeta? (conforme o lado do espectro de onde se olha)!

O Fábio queixava-se, na TV, de ser cobrado à esquerda pelos alunos e à direita pelos reitores. Os alunos diziam que ele aprendeu a se defender respondendo rispidamente (para dizer um eufemismo).

O professor escrevia ensaios áridos no jornal O Tempo. Mas na TV, embora ele estivesse nervoso, deu-se bem, esclareceu alguns episódios curiosos. Um foi esse que o Reinaldo cita. Quando o Lula foi eleito, em 2002, ele teria participado de uma reunião (não ficou claro na entrevista) onde os artigos dele teriam sido lidos junto com outros e realmente falou-se mais ou menos o seguinte: Lula precisava aplicar as elites -- como aplacou logo em seguida, em 2002 mesmo -- senão existiria risco de golpe.

Só faço duas observações a esse raciocínio e a outros dele: se nossa democracia só vai ficar madura quando um reformista hipotético governar sem cair com um programa consagrado nas urnas, então ela não está madura ainda, pois o governo Lula não é isso, poderíamos defini-lo como o neoliberalismo com cestas básicas para o povão.

E, se Fábio Wanderley acompanhou o movimento das elites de insatisfeitas para satisfeitas com o Lula já em 2002, toda a retórica de ameaça de golpe contra Lula realizada a partir de 2005 é sabidamente falsa. Creio que a imprensa queria fazer uma onda e causar um impeachment -- mas existiram, quando as denúncias chegaram a Duda Mendonça e salpicaram em Lula e Zé Dirceu -- elementos para isso.

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