terça-feira, 2 de setembro de 2008

Quando Eu Crescer Quero Ser Banqueiro

QUANDO EU CRESCER QUERO SER BANQUEIRO

Laerte Braga

O tribunal de justiça (?) de São Paulo julgou o pedido de falência do banqueiro Edemar Cid Ferreira. Até aí nada demais. Estava lá tinha que ser julgado. Só que os desembargadores, egrégios sábios da lei, decidiram o seguinte: “que por não ser tecnicamente um empresário, atividade que era exercida por sua empresa o Banco Santos e não pessoalmente por ele, Edemar não pode quebrar e seus bens pessoais não podem responder por dívidas da instituição”. Está na FOLHA DE SÃO PAULO, coluna Mônica Bérgamo.

Quero ser banqueiro e, por favor, soltem o Beira-mar correndo. Está condenado “injustamente”. Sua “empresa” vende drogas, ele não, logo não pode lhe ser imputada a condição de traficante.

Edemar, cidadão acima de qualquer suspeita, amigo dos tucanos, foi condenado em 2006 por lavagem de dinheiro e fraude e boa parte da sua coleção de artes (é um dos maiores colecionadores do Brasil) foi apreendida. Entenderam à época que muitas das obras foram compradas em operações ilegais para lavar dinheiro. Mas o dinheiro era do banco e não dele. O banco é que era dele. Prende o banco.

Quem quiser entender melhor é simples: o dinheiro era do cidadão que lá depositava para ser guardado e ainda pagava para ter o dinheiro guardado e render “obras de arte” a Edemar.

Quando o Banco Santos surgiu, o general Golbery do Couto e Silva, um dos gurus da ditadura militar, foi diretor da sagrada instituição e em algumas oportunidades acusado de favorecer “compra de obras de arte”.

Edemar Santos é outro “homem de visão”. Pode trampolinar a vontade que nada acontece.

Espera-se que gilmar mendes exerça, quando o assunto chegar ao stf, se chegar, o dever de fazer “justiça”.

O trem não está nem mais disfarçado. Os caras assumem numa boa o cinismo e a hipocrisia do mundo institucional.

Isso me lembra um advogado defendendo seu cliente na Justiça Militar Federal, que num recurso ao STM (Superior Tribunal Militar) alegou que a arma objeto do furto, o dito cujo cliente furtara e vendera arma de uso privativo das forças armadas, era propriedade do Exército, o Exército era uma instituição do Estado, o Estado era do povo, o cidadão em tela, o que furtou e vendeu era povo, logo, co-proprietário da arma, não furtara nada.

A bem da verdade diga-se que o STM considerou o réu indefeso. Vai ver ele queria estabelecer a quota de propriedade do autor do furto em relação a arma. Falo do causídico. Não confundir com contador de “causos”. Nem pensou na hipótese do cara sair devendo, dívida externa, dívida interna, comissão de deputado, senador, etc, etc.

Quero ser banqueiro. De qualquer troço, de qualquer trem. Mas quero banqueiro quando crescer.

Brittney Mcglone, de 18 anos, ganhou a competição. (Foto: Will Burgess/Reuters)

A moça em questão ganhou uma corrida só para mulheres todas calçando sapatos de saltos altos. O prêmio de cinco mil dólares. Coisa pequena diante das “obras de arte” do banqueiro Edemar. Foi em Sidney, na Austrália. Negócio assim que Pastinha busca sem esforço na propina nossa de cada dia e no embuste “desde que trabalhe direito pode ser o quiser”.

É lá em cima é cá embaixo.

O único cuidado que a moça em questão deve ter é se vier ao Brasil não tropeçar com o banqueiro Edemar, do contrário ele compra o troféu via banco e expõe em sua galeria para o gáudio da elite paulista, aquele negócio de conde, duque, princesa, etc, encastelados na FIESP/DASLU.

E se bobear a revista VEJA, paladina da moral, dos bons costumes, desde que muito bem paga, sai com matéria de capa dando conta que todos devemos nos ajoelhar diante de Edemar e pedir desculpas, logo, por extensão ao Daniel Dantas, ao Cacciola, ao Fernando Henrique, ao Serra, ao Alckimin, ao Aécio, ao gilmar mendes, ao marco aurélio melo, agradecer ao Pastinha a “ajuda” e nos estendermos em mesas de sinuca para sermos encaçapados por nossos “pecados”. Com direito a foto e tudo.

E a certeza que qualquer troféu, seja de ouro, platina, de aço, de lata, de bronze, por aqui é superfaturado. No caso do troféu humano só na venda. Na compra não. Aí é subfaturado.

Senhoras e senhores, em cartaz o circo ROÇA DE CANA, onde bagaços pagam inteira e bagacinhos pagam meia. Censura livre. E não se esqueçam, ainda dá tempo de se inscrever para o BBB-9 e ter a chance de ganhar um milhão. Na pior das hipóteses aparecer durante bom tempo na telinha e virar herói do Pedro Bial. Na nova versão com direito a quarto espelhado.

Que tal ter como décor as obras de arte do banqueiro?


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