- Ta sentindo culpa? - acendi um cigarro.
Culpa é uma coisa tesuda. "Do you 'ismóqui'?"
- Qual é o seu nome? - Aí mandei calar a boca.
Trinta e oito ano, dois filhos gordinhos. Um marido impotente que "lê livros técnicos". Enfado. Ódio. Tesão.
Quis assassina-la.
Mas tava beleza, a gente tava fudendo legal. Então, pedi pra ela me chamar de caubói.
- Sou um cara mau, compreende? - e apaguei o cigarro no colchão.
Ocorreu-me - por que diabos? - a figura doutrinadora de Clodovil Hernández, fazendo biquinho. Eu disse pra ela ir rebolando em direção ao parapeito.
- Olha lá pra baixo! - eu gritava "olha!, olha!" - e, no deck, enchia a cara de Gin.
Uma bundinha ok. Ela disse que tava "com medo" ou alguma coisa parecida - vestia um roupão felpudo. Quando esvaziei a garrafa de Gin e me aproximei sem que ela percebesse, trazia no bolso do meu roupão (eu e ela de roupão, ridículos) um cutelo afiado e a surpreendi, gritando:
- Um cutelo!
- Ah, amor?!
- Sabe pra que serve isso? Já ouvi falar em desossamento?
A idiota recolheu-se na própria idiotice. O que chamam por aí de "posiçãofetal". Uma puta frescura, diga-se de passagem.
- Ce já voou? - perguntei pra ela e ao mesmo tempo joguei o cutelo do décimo segundo andar.
Ela não sabia voar. E nunca ouvira falar em cutelos, machadinhas, desossamento. Mandei ela se desenrolar daquela posição idiota. E...
- então, me chama de Hemingway, porra! porra!
A mulher não sabia quem era Hemingway. Ela queria me explicar por que traía o marido. Tive vontade de assassina-la, pela segunda vez. E pedi - delicadamente, segurando minha pica em riste - pra ela mudar de assunto.
Eu não tava lá pra resolver problema de ninguém. O marido ("só leio livros técnicos"), engenheiros da Cosipa, jamais investira na direção do rabo cheio de merda da esposa. Em geral, leitores de "livros técnicos" não sabem distinguir um "enjambement" trivial de uma sofisticada foda-aranha.
- Seu marido é um apache.
Sei lá. Essa gente é devedora crônica de IPTU. Não sabe foder. E falta tesão, sobretudo. De modo que falar em tecnologia é redundância. Quanto mais avançada mais redundante. Em 1977 o Corcel II GT era um puta carrão... eu me lembro disso (levava porrada direto naquela época).
- Um cu agridoce é fundamental - sentenciei.
- O quê, amooooor?
É isso aí. O cu é assim mesmo: uma coisa meio sertaneja e cheia de merda ao mesmo tempo, agridoce. Azar dos engenheiros. Ou chifres pra eles.
Ela, a adúltera, revelou a "intimidade do cuzinho" depois de eu ter cogitado em substituir manteiga por margarina vegetal ("Cremosi", a mais barata). Aí pedi pra ela me chamar de Brando, Marlon Brando em 1972.
- O quê?! Você não viu "O Último Tango"?
Uma coisa. Não é toda mulher de engenheiro que merece ter o cu untado de margarina vegetal...
Uma lagartixa velha de 38 anos, daquele tamanho. Eu, num misto de vingança contra a turminha dos "livros técnicos", desprezo por aquela imbecil - e pau mole, evidentemente, perguntei:
- Onde é que você aprendeu a chupar assim?
- (...) - ela, embora tivesse servido prazerosamente meu esperma, guardava um pudor reticente de não saber explicar "onde, com sua mãe?" aprendeu a chupar e a engolir daquele jeito...
Em seguida, retomou a chupeta. Eu disse:
- Você devia apresentar o Jornal Nacional - ela mordiscava meus colhões. Aquilo tudo, enfim, só fez aumentar meu desejo de assassina-la. Outra coisa. Hemingway, antes de escrever livro pior do que "Paris é Uma Festa", acertadamente a meu ver, suicidou-se. Taxa broxa.
- deixa eu examinar uma coisa aí nos seus peitinhos...
Uhumm... firmes, hein? Uns pêlos duros e compridos em volta dos mamilos. Elogiei o descuido:
- Seios bonitos, baby.
Ela não sabia chorar. Mas chupava legal. Quando fui pego no contrapé:
- Nunca ninguém foi tão carinhoso comigo.
Um grude. Tive que usar de austeridade:
- Tá mal, hein? Sabia que eu toco punheta pruma cachorra?
Expliquei-lhe que Bela era um Labrador. Au au. Falei alguma coisa do "sumo" do qual Hemingway vivia reclamando, que tinha acabado tudo pra ele.
O efeito foi diabólico. Ela resignada (porque não era tesão) e, suponho, imaginando-se no programa da Silvia Poppovic, caiu de boca. Eu fiquei constrangido, tamanha a volúpia em querer chupar todas as picas, desde o pai ausente, passando pelo marido broxa e pelos filhos gordinhos, até descambar no Manolo Otero, todas as picas chupadas na minha pica. Até pensei em cobrar pelo serviço. O sonho da classe média sempre teve preço. A materialização da pica invisível ou um ataúde de mogno pra impressionar as amigas, custa, com direito a coroa de flores importada da Holanda, anúncio no jornal, socialites pra desfilar no velório, por baixo, incluídos aí óculos escuros pra viúva chupadeira e um uniforme limpinho pro coveiro, uns quinze mil reais. Eu interrompi:
- Pera aí.
E disse que ela tava ficando velha. Ou um livro de auto-ajuda. Qualquer merda... pra ela sumir. De modo que enchi a boca para falar em "Espasmos & Surtos Psicóticos". Também falei da minha vocação ("meu dom") natural de chupar cus.
- Uma cachorra! Bela é uma cachorra puta!
Ela não sabia o que isso "uma cachorra puta" queria dizer. Eu não tive saco para explicar-lhe o caso público de Cony e Mila. Ela enfiou a língua na minha orelha. Eu lhe enfiei um tabefe nas fuças, pra ela me respeitar.
- Toco punhetas pra Bela.
O marido engenheiro. Quando tive um daqueles espasmos. Usei - pela primeira vez, aliás - o cinzeiro para apagar o cigarro. Fiz o tipo "dois varrido apagando o cigarro", a imbecil nem se deu conta da importância cinematográfica do meu gesto.
- Bogart, me chama de Bogart.
Ela não sabia quem era Bogart. Joguei o secador de cabelos pela janela.
- Eu toco punhetas pruma cachorra!!!
A mulher de trinta e oito. O marido broxa. Um filho gordinho. Outro filho gordinho. Também tem a porra da "carência" e os malditos orgasmos do programa da Silvia Poppovic.
Ela não ia embora. Usei minha arma secreta:
- O irmão da Sandy é viadinho.
Ela sabia que o irmão da Sandy era o Junior!
- Acho que é. - entre deslumbrada e perplexa.
Era minha vez:
- Você "acha que é"? É isso o que você tem pra falar? Puta que pariu, eu estou falando de ética, entende?
Também falei do canino no céu da minha boca. Também falei da minha nostalgia por mandiopans. Eu levava porrada direto em 1972...
- Afinal, quem é que comia a bunda do Mario de Andrade?
Bela, a cachorra, não era só sexo para mim.
- Tem o "lance da troca" - ("alcança o alicate de unhas, amooor").
O "lance da troca" foi minha vingança contra a conversa de "carência, um outro alguém", etc. Então arrematei:
- Chupa.
A festa do meu casamento foi no Buffet Érica. Sou viúvo, minha senhora morreu degolada num acidente de trânsito.
- Você é a cara dela chupando minha pica.
Foi uma só pancada. Ela tombou com meu pau na boca. Usei o cutelo, um outro ainda mais afiado, desossei-a e joguei um negócio que parecia ser o útero da infeliz (ou seria a alma em forma de bife?) pela janela, lá do décimo segundo andar.
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