Blognovela Penetrália, capítulo 7 e fim: FOGO NOS TEATROS!
(Lúcio e o elenco restante da blognovela deslocam-se para um teatro mofado, no centro do Rio de Janeiro. Enquanto eles atuam, no fundo do palco passam ratos e baratas, MILHARES. Lúcio já sapateando, encontra-se com Mário, João Paulo e Mariana, personagens das propagandas do governo federal).
Lúcio: pessoal, reli algumas coisas e não encontrei o capítulo 1 dessa blognovela. Queria acabar tudo agora, mas como? Como acabar algo que não começou?
Mariana (andando em círculos e desviando das baratas e ratos): ora, você achou que isso aqui era os monólogos da vagina? Tende paciência! E esses bichos horrorosos aí?
Lúcio: todo teatro brasileiro tem.
Mariana: mas o que vejo no Brasil é de dar medo.
Lúcio: pode ir queixar-se ao Lula. Foi ele que inventou vocês, junto com a agência W/Brasil. Vocês vivem no mundo possível, enquanto eu vivo no mundo real, vocês são replicantes que inventei para implicar e praticar minhas implicâncias. Misery. Back to misery. Feliz o país que tem sua independência no sete de setembro. Lula tá contando com o pré-sal no cu da galinha.
Mariana: grosso! A Marisa tem tailleurs bonitos como os da Marta e...
João Paulo (chorando ao celular): buá, essa blognovela tem mesmo que acabar? Mas nem começou!
Lúcio: ela começou inspirada na blognovela do Gerald e nos monólogos que estão aqui nesse blog. Metablog.
Mário (entra empunhando uma guitarra, faz um solo, com uma banda de acompanhamento): agora eu não ouço mais a minha abelha amiga! Eu faço rock e não a escuto mais! Eu estou tocando na banda HORTA!
João Paulo (pára o choro subitamente): vamos comer queijo camembert?
Mariana: Onde você encontrou camembert?
João Paulo: ali nas cadeiras, estão todas de queijo camembert francês. E esse teatro nem é do circuito SESC, senão seria mais chique. Comeríamos sapo barbudo com pernas de rã com vinho de uvas PT light. Lula era um sapo barbudo que a elite devorou goela abaixo com a gula de quem come pernas de rã num restaurante chique. Aliás, esse papo me deu água na boca. Onde tem churrasco de rã em Sampa?
Mariana (eufórica): tão vendo, bem que o Lula disse que tá pintando uma nova classe média!
Mário: Ah, Mariana. Lula tá comemorando o pré-sal no sete de setembro para esconder nossa nudez transatlântica e a falta de projetos. Projeto de nação. Obras. PAC, saci, César Benjamin, PSOL.
Mariana (tá um tapa na orelha de Mário): pirou?
Mário: preciso tocar sempre a guitarra, senão escuto a abelha, ai (dá um tapa na própria orelha). Lula estava é fazendo politicagem eleitoreira.
João Paulo: Mariana, você deixou um refletor ligado. Pois é, não vamos ofender o nosso PAI indireto. Ele gosta tanto de metáforas familiares. Falava que tava construindo a casa no tempo do Fome Zero. Agora a casa é zero. Ruínas.
Lúcio: Não tenho nada com isso. Não tem. Não. Já leram Wayne Booth falando de Company, do Samuel Beckett. Imagine.
Mariana (nervosa e com pressa): gente, preciso desligar aquele refletor. Meu Deus. Não é para lá. Não é para lá. Meu Deus. Meus pés não me obedecem. Não gosto disso do Beckett, começa na terceira pessoa, depois entra o eu, parece confuso, parece meus pés.
Lúcio (sapateando intensamente): Hoje vou me curar de meu sapateado vivendo uma grande emoção. Vou trancar vocês, personagens de propaganda do governo federal, e vou matá-los nesse teatro. TRATA-SE DE UM PROTESTO CONTRA A SITUAÇÃO DOS TEATROS BRASILEIROS! AGORA FORAM VOCÊS, MAS NO FUTURO PODERÃO SER PESSOAS DO MUNDO REAL! PODEM OCORRER MORTES! MORTES! MORTES! FOGO NOS TEATROS BRASILEIROS!
(Lúcio corre, mesmo sapateando, e fecha os demais colegas dentro do teatro
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