segunda-feira, 29 de setembro de 2008

O DEBATE ENTRE OS CANDIDATOS A PREFEITO DE JUIZ DE FORA (TVE)

Laerte Braga

O mérito de qualquer debate é que não existe o teleprompter. Ou seja, aquele aparelho que se usa para ler o texto que se quer dizer e que se diz segundo as conveniências ditadas por pesquisas e maquiadas por marqueteiros. Vai daí que a candidata Margarida Salomão gagueja, muda de assunto, tem plano para tudo, mas não explica, se enrola como se enrolou na questão do aterro sanitário, já que falou apenas o que o eleitor quer ouvir, mas não diz como vai fazer, enfim, o candidato, todos, ao vivo e sem maquiagem. Muito pior, não fala o que de fato vai fazer. Esse é o problema.

Custódio Matos é um primor de cinismo e mentira. Primeiro exigiu direito de resposta a uma afirmação de Tarcísio Delgado sobre não ter pago décimo terceiro salário e salário de dezembro aos servidores públicos municipais no mês de dezembro de 1996. Disse que nos seus 48 meses de governo pagou sempre no último dia útil de cada mês. No direito de resposta disse que a lei dá o direito de pagar até o quinto dia útil de cada mês e que dezembro foi pago antes do quinto dia útil de janeiro de 1997, mas não explicou que o prefeito era outro e dinheiro não existia, teve que ser arranjado às pressas.

É típico de tucano, são amorais, não têm compromisso com nada. Quando fala em Aécio Neves e chama o governador de estadista (ô Maradona, por que parou, parou por que, o Aecinho cheira mais que você – coro no Mineirão no jogo Brasil versus Argentina). Que diabo de estadista é esse que não consegue fazer, em seis anos de governo uma obra sequer em Juiz de Fora, o Palácio da Saúde está lá andando que nem tartaruga?

Ou ele mesmo, quando fala em educação sem ter feito uma única sala de aula nos seus quatro anos de governo?

Seria interessante que nesses debates a cada afirmação de cada candidato sobre determinado tema fosse mostrado o que fez quando no exercício de qualquer atividade pública. Custódio e Margarida iam ter que esconder embaixo da mesa. Falam A mas a verdade é B.

A ex-reitora falou em licitações para isso e aquilo, só que na Universidade ignorou leis sobre licitações, contratou indevidamente serviços, pagou a mais, teve as contas ressalvadas em várias irregularidades pelo Tribunal de Contas da União, enfim, se as licitações dela forem as que fez na Universidade a cidade está lascada.

Sai tudo pelo dobro do preço.

Impressiona a cara de pau do candidato tucano falando sobre Aécio. Putz! Mudaram o conceito de estadista e eu não sabia. Ainda em educação, os servidores do governo estadual, do qual ele foi secretário, terminaram agora uma greve em que mostraram ao povo de toda Minas que recebem salário de fome, não têm aumento, as escolas não recebem materiais adequados, enfim, o caos no setor, na saúde e ele lá chamando Aécio de estadista. Leva o troféu. Com certeza que leva. Pior, falou em valorização dos profissionais da educação. Isso é deboche e desrespeito aos trabalhadores da educação.

Ele deve achar que valorização é privatização, terceirização, é sociedade com Josemar, é contratação de firmas de tucanos para a saúde, deve ser, só pode.

O cara é um malabarista. E tudo com cara de inocente, de pobre coitado, de sofredor disposto ao “sacrifício” pelo povo. A cidade merece respeito.

A ex-reitora nem tem como explicar. Como escrevi, sem o teleprompter não sabe direito o que vai falar, aí gagueja, o marqueteiro não está perto, ou se está não pode interferir, retocar as palavras, moldar o produto e o resultado é que resolve tudo sem dizer como, mas resolve. Tem programa para tudo, agora o como fazer não explica. Deve ser milagrosa ou mágica.

Juiz de Fora tem que tomar cuidado, do contrário termina dia 5 de outubro com um novo Bejani, só que dessa vez com PhD, pois tanto um como a outra são doutores e pelo visto em tudo.

Mas sem teleprompter ficam sem cachorro no mato. Uma gagueja e outro faz cara de vítima.

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