quinta-feira, 4 de setembro de 2008

VIVA Guilherme Habacuc Vargas: DUCHAMP DO SÉCULO XXI !

Recebi uma carta irada de uma menina punk espanhola chamada Ana Choque. Ela me pergunta como posso apoiar Guilherme Habacuc Vargas, "el assesino de perros!" Ora, Ana. Vejamos, não se matam touros em seu país, ritualmente, por prazer? Tente impedi-los, Ana, tente! Agora, acho a arte de Habacuc válida. Se não fosse pela morte de Natividad, eu não ficaria conhecendo esse que, aposto, será o DUCHAMP do século XXI. O artista latino-americano e do terceiro mundo precisa mobilizar todas suas forças para dar seu grito e ser reconhecido.

Inicialmente, eu me choquei com o ódio das pessoas ao Habacuc. Elas diziam, irracionalmente: quero fazer um abajur de pele com você, seu Mengele. Eu vi isso escrito na internet. Não vi nenhuma reflexão sobre arte, apenas moralismo. Ora, a mesma Bíblia que diz que não devemos matar nos faculta o domínio da natureza e diz que devemos crescer e nos multiplicar. Como nos multiplicar sem comer os animais, sem matá-los, enfim? Como vocês vão poder ver no blog, Habacuc não teve a intenção de matar Natividad, ele já chegou doente à instalação e sua morte foi uma fatalidade. Habacuc já pediu desculpas numa mensagem gandhiana, que ninguém levou a sério. Na verdade, as pessoas estão dando mostras de desumanidade, atacando o que julgam ser uma desumanidade, mas tendo pouco conhecimento sobre a arte contemporânea. Partem do pressuposto que já vi escrito num texto lá no Digestivo Cultural: a arte contemporânea não é só feia e nociva, mas perigosa. Ah, é degeneração, é contagiosa? Essa idéia de arte é a mesma que fazia Hitler da arte moderna: arte judia, degenerada.

E existe a pergunta: isso o que fez Habacuc é arte? Sim, eu digo, é arte, mas se outros teóricos irão aceitá-la, isso depende do conceito de arte. O importante é que ele tem a intenção de reunir os materiais num lugar específico da arte e confere-lhes sentido, existe um gesto, uma intenção, não é algo gratuito, não é agressão gratuita e obrigatória.

Para quem acredita que a arte morreu, não é preciso defender os cânones clássicos e a obra de Habacuc é um protesto ainda mais válido contra a indústria cultural e o capitalismo financeiro que dominam o mundo. E quem quer que só se permitam formas clássicas? Deseja um retorno, um retrocesso da arte a limites que a própria história e sua marcha grotesca apagaram desde o mictório e a roda de bicicleta de Duchamp em 1917. São reacionários em arte. Você já experimentou enfiar a medula da espada no aquecedor da amada, dizia ele numa experiência ótica. Bom, no mais, creio que não se deve teorizar muito. Que a moça artista punk, de dezenove aninhos, signo de virgem, faça sua arte, do it yourself e não se deixe levar pela manada. Confiram o blog do Habacuc e depois conversamos:



http://artehabacuc.blogspot.com/

Um comentário:

Rodrigo Contrera disse...

ela tem razão.