segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Metafísica do Amor e do Ódio

Marcelo Castilho Avelar escreveu um texto muito bom sobre Romeu e Julieta no Pensar de 13 de setembro de 2008. Romeu e Julieta, defende ele, não é uma narrativa realista nos termos em que conhecemos. “Bombardeados pela opção realista do cinema americano e o naturalismo da televisão brasileira, os aprendizes de teatro costumam pensar o realismo como possibilidade supostamente natural da narrativa. E, se natural, então não-histórica, já que teria existido desde sempre.”

Como explica Marcelo, em Romeu e Julieta, Teobaldo odeia Romeu sem que a narrativa se preocupe em explicar o porquê. Já pensou se as personagens da novela, Donatela e Flora, se odiassem sem motivo explicado? Será que o colapso de audiência seria maior do que o anunciado? Quando Teobaldo e Romeu se encontram na festa dos Capuleto, Teobaldo já odeia Romeu: logo em seguida é humilhado por causa dele pelo tio, um velho Capuleto que não aceita que Teobaldo moleste o Romeu que acaba de entrar de penetra na festa.

Mais adiante, continua Marcelo: “Hoje, como os paradigmas que norteiam nossa visão de mundo fazem com que sejamos incapazes de construir personagens metafísicas, temos dificuldade, também, em reconstruir metafisicamente tais criações de outros tempos. O ator contemporâneo buscará, desesperado, as motivações de Teobaldo (observação minha: principalmente se seguir o método de Stanislavski), mesmo sem perceber que todas as respostas que dá estão fora do texto. Já se falou dos traumas de Teobaldo como príncipe menor (possivelmente órfão de pais que não puderam criá-lo, de uma família que tem como herdeira uma mulher, já se falou de possíveis desvios sexuais, já se falou da intenção metafórica do autor). São caminhos que possibilitam o trabalho do intérprete ou do encenador contemporâneo, mas não alteram em nada o conteúdo de um texto, o que ele não nos diz: a possibilidade do mal em forma pura, independentemente de motivações, um mal quase divino ou demoníaco, emocionante exatamente por estar além de nossa frágil compreensão”.

Um comentário:

biografia disse...

Caro Lucio,

obrigadopela visita, e te linkei ao meu blog, que estou visitando com frequencia...

sobre Coreia, o que posso dizer e´que tem aquela historia da divisao e um reaproximamento, ou abertura de dialogos, e que a Coreia do Sul e´bastante desenvolivda e equilibrada... tem um amigo meu, argentino, que passou um tempo la´, e ficou fascinado com a beleza das coreanas..

abraco,
Denny